Rotulagem: A porcentagem de Arábica e Robusta e tolerância de toxinas, por Armando Matielli

Publicado em 25/09/2013 11:06
Armando Matielli é engenheiro agrônomo. Fez MBA na FGV, é cafeicultor e membro da ABCA, estágio no Instituto de Toxicologia na Alemanha e no Centro de toxicologia da Bayer em Wuppertall.

O P.V.A (preto, verde e ardido), é o resíduo de café que não tem mercado externo.Em sua totalidade, esse P.V.A é utilizado na torrefação nacional e consumido pelo povo brasileiro. No comércio, o preço do café torrado e moído está próximo do custo da matéria prima de um café verde normal, demonstrando que a maioria do café que bebemos não passa de resíduo de café, que deveria ser descartado ou transformado em biodiesel ou óleo para finalidades diversas.

O P.V.A em questão provoca uma inadequação, descaracterizando o verdadeiro sabor e prejudicando a qualidade. Misturam, ainda, nele o Conilon / Robusta na faixa de 12.000.000 de sacas que são consumidas internamente, as quais, somadas ao P.V.A quase  equivale ao nosso consumo interno, de um café de qualidade muito inferior.

Com exceção de fazendas e algumas firmas que se preocupam em fornecer cafés gourmet e de qualidade, a grande maioria dos cafés vendidos principalmente nos supermercados está longe da qualidade desejada, inibindo o aumento do consumo. 

Assim estamos reorganizando, a ABCA (Associação Brasileira de Café Arábica), visando à defesa do Arábica e Rotulagem.

Nenhum país importa o P.V.A e estamos fornecendo ao povo brasileiro uma quantidade de cafés torrados e moídos sem o mínimo critério de TOLERÂNCIA DE RESÍDUO DE TOXINAS. Esse nível de contaminação provocado pela quantidade anormal de toxinas está ultrapassando níveis toleráveis, muito superiores ao de um  país desenvolvido.

No Brasil, não existe legislação alguma impondo níveis de TOLERÂNCIA DE TOXINAS em café e estamos tomando cafés sem critérios técnicos, visando unicamente à guerra de preços e deixando a nossa população à mercê dos interesses econômicos, acima da SEGURANÇA ALIMENTAR.  O Brasil consome um dos piores cafés do mundo em qualidade  e, ainda sem especificação na rotulagem. Temos a obrigação de estabelecer níveis de TOLERÂNCIA DE TOXINAS. O Engenheiro Agrônomo Armando Matielli, que esteve presente no Seminário Internacional de Café, realizado em Belo Horizonte, de 09 a 12 de setembro, do corrente ano, contatou com diversas autoridades mostrando a necessidade da ROTULAGEM e o Marketing a favor do Arábica. Aproveitou a oportunidade e conversou com o Governador Antônio Anastasia e lhe entregou um documento expondo o relatado nesse artigo (vide foto).

Armando Matielli

É preemente a ROTULAGEM do café no Brasil. O consumidor tem pleno direito de optar pelo produto que quer consumir. Não estamos lhe dando essa oportunidade de escolha do produto desejado, pois, os interesses econômicos estão acima da SEGURANÇA ALIMENTAR.
A exigência da ROTULAGEM e, as devidas composições em PORCENTAGENS DE ARÁBICAS E ROBUSTAS e, citar o nível de TOLERÂNCIA DE TOXINAS, como fazem os países sérios e responsáveis em relação a sua população será a tônica do trabalho  da ABCA.

Bibliografia: Micotoxinas – Importância na Alimentação e na Saúde humana e animal

 

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Armando Matielli

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2 comentários

  • amarildo josé sartóri vargem alta - ES

    Me desculpem, venho corrigir o comentário anterior sobre "Rotulagem: A porcentagem de Arábica e Robusta e tolerância de toxinas, por Armando Matielli". Onde digo cinco milhões de sacas, na verdade são dois milhões e meio de sacas de café.A falha foi por que tenho quase certeza de que esses resíduos podem representar até 10% da produção, pois vários fatores podem influenciar na quantidade (região, estágio de colheita, desuniformidade dos grãos e outros)

    Um Abraço

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  • amarildo josé sartóri vargem alta - ES

    Muito oportuna essa matéria. Já postei neste mesmo site, no espaço "Fala Produtor", que isso acontece e o quanto é preocupante. Por outro lado, os produtores de café deveriam reconhecer que essa pratica de aproveitamento, além de lesar e prejudicar a saúde da população consumidora de café, desqualifica nosso produto e ainda demonstra uma produção maior do que a contabilizada, uma vez que esses resíduos são considerados como café bom e vendidos por um valor irrisório não ajudando em nada o produtor, . Isso é desonesto para com o consumidor, tanto por parte do produtor quanto por parte da indústria. Em uma análise simples e, supondo que esses resíduos representam 5% do que é produzido no país, se temos no Brasil uma produção média de cinquenta milhões de sacas, cinco milhões de sacas são compostas por esse lixo.

    Parabéns Dr. Matiello

    Um Abraço

    Amarildo Sartóri

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