Mercado de café: NOVA IORQUE CORRIGE E PODE CAIR MAIS
A maioria das principais bolsas de ações no mundo recuperou nos últimos cinco dias, depois de terem perdido US$ 1.4 trilhões de dólares entre os dias 10 e 14 de março.
O índice russo MICEX teve uma forte recuperação mesmo com a confirmação de sanções impostas à Rússia, que oficializou a anexação da Criméia ao seu território, mas tenta fazer todos acreditarem que o fato é isolado.
O Banco Central Americano reduziu, como previsto, em US$ 10 bilhões o volume de compras de títulos, e mudou um pouco o discurso dando mais flexibilidade para manter os juros inalterados mesmo se a taxa de desemprego cair abaixo de 6.5%.
As commodities em grande parte cederam na semana, com o destaque da queda do café em Nova Iorque que tomou um tombo de US$ 36.05 a saca, estando agora há US$ 51.06 a saca da alta vista no dia 12 de março.
A queda brusca parece ter surpreendido alguns agentes, muito embora deveria ser esperada dada a magnitude e velocidade que os preços apreciaram em apenas seis semanas – como venho comentando neste espaço.
O robusta em Londres caiu menos, ou “apenas” US$ 8.22 a saca, mantendo uma correlação mais baixa com o primo rico do outro lado do Atlântico. A arbitragem como consequência saiu dos larguíssimos US$ 99.74 centavos por libra-peso, para os ainda estirados US$ 78.71 centavos por libra – dá-lhe robusta nos blends.
A movimentação dos terminais foi influenciada por prognósticos de chuvas no Brasil, e claro por fazer com que os fundos diminuam parte de suas posições compradas, que é grande e deve causar a continuação da baixa.
No mercado físico era de se esperar um menor volume de negociação mesmo que o mercado futuro não caísse, dado que muito café trocou de mão de fevereiro para cá. A queda do contrato “C” trouxe uma calmaria ainda maior, e o pico da entressafra trará menos vendedores caso os futuros voltem a subir.
Escrevo este relatório no avião voltando da conferência da Associação Nacional de Café Americana (NCA), que reuniu representantes de países produtores, torrefadoras e as tradings mundiais. Como não poderia ser diferente a discussão no evento girou em torno das perspectivas de produção das próximas safras brasileiras, com números variando entre 46 milhões e 56 milhões de sacas – ou nada menos do que 10 milhões de sacas de diferença.
Embora muitos possam se chatear com números tão distintos, é mais importante considerarmos a base de onde saíram as estimativas anteriores (ou o potencial de produção antes da seca), e principalmente qual será o déficit ou superávit mundial. No segundo quesito também estamos longe de um consenso, pois estranhamente varia de 7 milhões de déficit (o que acho exagerado) a uma sobra de 2 milhões de sacas.
Assumindo que seja o meio do caminho (eu tenho falado entre 1 e 2 milhões de saca), o problema não é tão grande frente aos estoques mundiais de café. Sem mencionar que muito deste estoque migrará para os países consumidores em função de exportações que devem crescer muito neste ano – tanto do arábica como do robusta.
Muitos dirão que o problema maior é a safra brasileira do ciclo 15/16, entretanto na prática isso não diz muito à bolsa, pois é improvável que alguém tome posição tão cedo, ainda mais com os terminais em patamares vantajosos para que haja aumento e recuperação de produção em tantas outras origens.
Nova Iorque está vulnerável e deve testar os US$ 150 centavos por libra, nível que acredito encontrar suporte – muito embora pode rapidamente escorregar um pouco mais.
A resistência maior deve ficar a partir de US$ 180 centavos, salvo, é claro, novos eventos climáticos que prejudiquem a produção em algum país produtor.
Uma boa semana e muito bons negócios a todos.
Rodrigo Costa*
0 comentário
Importação de óleo de palma pela Índia cresce em novembro em meio a preços mais baixos
China sairá da lista de 5 principais destinos de exportação da Alemanha pela 1ª vez desde 2010
COOPERATIVISMO EM NOTÍCIA - edição 13/12/2025
Minerva Foods avança em duas frentes estratégicas e alcança categoria de liderança do Carbon Disclosure Project (CDP)
Pesquisador do Instituto Biológico participa da descoberta de novo gênero de nematoide no Brasil
Secretaria de Agricultura de SP atua junto do produtor para garantir proteção e segurança jurídica no manejo do fogo