ASSASSINOS DA INTELIGÊNCIA, por Olavo de Carvalho
"Pensar, até um burro pensa. O que distingue a espécie humana é sua capacidade de confrontar o pensado com o conjunto dos conhecimentos disponíveis e regular o curso do pensamento pela escala de credibilidade que vai do possível ao verossímil, ao provável ou razoável e, em certos casos, à certeza.
Aristóteles já ensinava isso.
Infelizmente, no Brasil, raros opinadores têm o senso dessas distinções. A maioria imagina que para pensar com proveito basta um pouco de lógica formal e algum domínio dos chavões mais caros ao coraçãozinho da plateia.
Em debate recente, o professor Igor Fuser, uma estrela do "cast" universitário esquerdista, assegurou que "não se pode julgar um regime pelo número das suas vítimas". Dez minutos depois, desmentia-se fragorosamente ao alegar que a ditadura brasileira "perseguiu milhares de pessoas" e que o número de cristãos assassinados no mundo está muito abaixo dos 100 mil por ano --subentendendo, portanto, que a ditadura foi um horror e que os matadores de cristãos nos países islâmicos e comunistas não são tão maus quanto se diz.
Mas o pior não é isso. Mesmo sem esses autodesmentidos grotescos, a afirmativa geral que os antecedeu --a mais comumente alegada por devotos comunistas empenhados em salvar a honra dos governos mais assassinos que o mundo já conheceu-- é perfeitamente desprovida de sentido. Para perceber isso basta medi-la com a escala de credibilidade.
Em política, admite-se universalmente, as certezas absolutas são raras ou inexistentes. O meramente possível reflete a liberdade da fantasia, o verossímil é apenas questão de opinião, gosto ou preferência. Não servem como argumentos. Resta a probabilidade razoável. Quem quer que argumente seriamente em política procura nos convencer de que a razão, com altíssima probabilidade, está do seu lado.
Acontece, para a tristeza dos tagarelas, que todo argumento de probabilidade depende eminentemente do elemento quantitativo que o fundamenta explícita ou implicitamente. Se digo que o candidato X vai vencer as próximas eleições com uma probabilidade de zero a cem por cento, não disse absolutamente nada. Tanto vale dizer que um governo é igualmente malvado se não matou ninguém ou se matou milhões de pessoas.
Quando um comunista esperneia contra o que chama de "contabilidade macabra", tem, é claro, uma boa razão para fazê-lo. Contados os cadáveres, é impossível negar que o comunismo foi o flagelo mais mortífero que já se abateu sobre a humanidade. Diante disso, só resta apegar-se ao subterfúgio insano de que o macabro não reside em fazer cadáveres e sim em contá-los.
Somando à insanidade o fingimento, a proibição de contar tem de ser suspensa quando se fala de regimes "de direita", donde se conclui que os 400 terroristas mortos no regime militar --a maioria deles de armas na mão-- são um placar muito mais hediondo e revoltante do que os 100 milhões de civis desarmados que os heróis do comunismo assassinaram na URSS, na China, na Hungria, em Cuba etc.
O senso das quantidades e proporções é a exigência mais básica e incontornável não só da conduta honesta, mas da racionalidade em geral. Dissolvendo-o pouco a pouco na plateia, os fúseres da vida destroem não só a moralidade pública, mas as próprias condições elementares do funcionamento normal da inteligência humana.
Se nas universidades brasileiras há uma quota de 40 a 50% de alunos analfabetos funcionais, isso não se deve só a uma genérica "má qualidade do ensino", mas ao fato de que há décadas o discurso comunista e pró-comunista onipresente espalha, nas mentes dos estudantes, doses maciças de estimulação contraditória e obstáculos cognitivos estupefacientes.
OLAVO DE CARVALHO, 67, filósofo e escritor, é autor do livro "O Mínimo que Você Precisa Saber para Não Ser um Idiota" (editora Record)
A Cartilha de Antonio Gramsci (1891-1937 |
Por Manoel Soriano Neto*
Antonio Gramsci, intelectual italiano e um dos fundadores do Partido Comunista Italiano (PCI) em 1921, percebeu que a implantação do comunismo nos países do Ocidente não deveria seguir o modelo russo (LENIN) do uso da violência para conquistar ou tomar o Estado, mas, sim, ao contrário, primeiro conquistar o Estado e depois, então, a aplicação da violência para finalizar o processo.
Nessa concepção, destaca-se o valor atribuído ao seu entendimento de Sociedade Civil como sendo o espaço social onde deve ocorrer a luta pela hegemonia, para que a classe subalterna passe a ser a Classe Dirigente.
Um grupo social da classe dirigente, assumindo o controle da Sociedade Política (Estado), permite que o partido da Classe Dirigente seja posicionado acima do Estado.
A manobra simples, lenta e gradual utiliza-se dos instrumentos legais e políticos da democracia para, de forma pacífica e sorrateira, minar e enfraquecer as principais trincheiras democráticas: Executivo, Legislativo, Judiciário, Forças Armadas, Religião e Família. Usando a propaganda subliminar, o populismo e a demagogia, as consciências são entorpecidas e é criada a sociedade massificada para a luta pela hegemonia.
O envolvimento estratégico também é simples e eficaz, conduzindo o processo em três fases: - na primeira, organiza o Partido das Classes Subalternas e luta pela ampliação das franquias democráticas para facilitar a ação política, explorando as deficiências e vulnerabilidades do governo; - na segunda, luta pela hegemonia das classes subalternas, criando as condições para a tomada do poder; - na terceira fase, toma o poder, impondo novos valores e princípios através de uma nova ordem.
O «socialismo pacífico» é a etapa intermediária para o «socialismo marxista», o marxismo-leninismo, o comunismo...
Preso em 1926,Gramsci escreveu na prisão «Cadernos do Cárcere» contendo o seu pensamento sobre a tomada do poder de forma pacífica. Foi libertado pouco antes de morrer em 1937. O gramscismo contagiou países da Europa e, hoje, está transbordando na América do Sul.
FINALIDADE Criar as melhores condições para transformar o Brasil em uma República Socialista sob a inspiração de Antônio Gramsci.
OBJETIVOS 1. Obter a hegemonia na sociedade civil. 2. Obter a hegemonia na sociedade política ( Estado) 3. Estabelecer o domínio do intelectual coletivo (partido classe). 4. Silenciar os intelectuais independentes.
Realizar a transformação intelectual e moral da sociedade pelo abandono de suas tradições, usos e costumes, mudando valores culturais de forma progressiva e contínua, introduzindo novos conceitos que, absorvidos pelas pessoas, criam o «senso comum modificado», gerando uma consciência homogênea construída com sutileza e sem aparente conteúdo ideológico, buscando a identificação com os anseios e necessidades não atendidas pelo poder público. Assim é estabelecido o desejo de mudança em direção a um mundo novo, com a sociedade controlada através dos mecanismos de uma «democracia popular», onde os pensadores livres, temendo o rótulo de retrógrados ou alienados, se submetem a uma prisão sem grades calando a voz de divergência existente dentro de si e se deixam, assim, vencer pelo «senso comum modificado». Este prossegue intoxicando a sociedade, sob a égide do Estado, usado para reduzir e suprimir a capacidade de reação individual e coletiva. Nesse momento, está construída a base para a «tomada do poder» e consequente implantação do Estado Socialista.
AÇÕES QUE ENFRAQUECEM TRINCHEIRAS DA DEMOCRACIA I. PARTIDOS POLÍTICOS • Estimular o número elevado de partidos para enfraquecer a oposição e facilitar a tática de «aliança», favorecendo o «partido classe». • Manter a regionalização dos partidos; o controle por caciques ou oligarquias regionais afeta a unidade nacional, favorecendo o enfraquecimento dos partidos políticos de oposição e favorecendo o «partido classe», que possui «unidade de comando». • Admitir a pluralidade de esquerda para ser bem explorada pelo «partido classe» por tempo determinado. • Esvaziar as poucas lideranças da oposição através de patrulhamento e ataque (dossiê) direto ou indireto (parentes). • Criar fatos novos para o esquecimento das mazelas de militantes do «partido classe» e aliados. • Afastar ou mudar de cargo o militante com erro focado pela mídia de oposição, para a sua proteção e do «partido classe». • Usar a «mídia da situação» para silenciar as mazelas dos militantes do «partido classe». • Infiltrar militantes nos outros partidos para obter o seu controle e esvaziar os líderes de oposição, os neutros e os que não são adeptos do «partido classe». II. EXECUTIVO • Criar aparelhos governamentais de coerção. • Distribuir cargos em órgãos e empresas públicas para militantes do partido-classe e seus aliados, em todos os níveis da administração (federal, estadual e municipal), (aparelhar o Estado). • Criar uma estrutura policial que possa ser transformada em Guarda Nacional ou Guarda Pessoal ou em Polícia Política (Polícia Federal, Força Nacional) para emprego imediato, quando chegar o momento oportuno. • Ampliar o «curral eleitoral» usando o assistencialismo como fim e não como meio, mantendo o benefício por tempo indeterminado. • Manter o «curral eleitoral» através de um sistema de ensino, controlando o baixo nível de aprendizagem e desenvolvimento da inteligência. • Silenciar a imprensa através de emprego da verba pública destinada à propaganda, mantendo a população sem informação correta. • Neutralizar políticos de oposição e aliados através de distribuição de dinheiro, cargo público ou qualquer outro tipo de benefício pessoal ou familiar. • Criar ou fortalecer um organismo sul americano para diminuir a importância da OEA (EUA). • Participar de um bloco sul americano de repúblicas socialistas democráticas. • Facilitar a penetração cultural e a projeção dos intelectuais orgânicos. • Denegrir heróis nacionais. • Enaltecer militantes da ideologia marxista. • Desmerecer fatos e vultos marcantes da História Nacional. • Impedir a tomada da Consciência Nacional. • Entorpecer a Vontade Nacional. • Eliminar valores do processo histórico-cultural nacional. • Mudar usos e costumes. • Enfraquecer o moral nacional. • Mudar traços da identidade nacional. • Mudar valores e princípios ético-morais. • Enfraquecer a família. • Enfraquecer a coesão-nacional. • Lançar a discórdia no seio da população. • Desviar o foco dos debates em torno de questões relevantes em áreas estratégicas (saúde, educação, segurança, defesa, etc), isentando o Governo de responsabilidade pelas deficiências e vulnerabilidades. • Estabelecer um poder paralelo ao do Estado (Conselho de Política Externa, Comissão de Direitos Humanos, etc). • Alimentar as ONGs com o dinheiro público e estimular outras para atuarem na sociedade civil, apoiando direta ou indiretamente a luta pela sua hegemonia.
• Eleger militantes do Partido-Classe. • Unir temporariamente os partidos de mesma ideologia. • Fazer alianças com partidos de ideologia oposta. • Desmoralizar o Legislativo, mantendo privilégios, barganhas e a falta de espírito público. • Criar leis para dar o respaldo às mudanças de usos, costumes e valores da nacionalidade brasileira. • Obter o controle do Legislativo para conquistar o domínio da sociedade política (Estado), através do Partido-Classe. • Enfraquecer o Legislativo como fiscal do Executivo. • Submeter o Estado ao controle do Partido-Classe.
• Retardar ou impedir o aperfeiçoamento do funcionamento do judiciário. • Estimular o corporativismo extremado na magistratura. • Manter o magistrado afastado do povo e das suas necessidades. • Difundir na sociedade civil as ideias de parcialidade, ineficiência e improbidade do judiciário. • Desacreditar o judiciário perante as classes subalternas, explorando a lentidão funcional e a corrupção e privilégios dos magistrados como funcionários públicos. • Aparelhar o judiciário.
• Usar as universidades como refúgio ideológico. • Buscar a hegemonia nos meios intelectuais. • Construir nova massa de manobra, usando as universidades, a mídia e as editoras. • Criar a geração revolucionária nas escolas do ensino médio. • Usar professores da nova massa de manobra no ensino básico (fundamental e médio). • Fortalecer o controle do sistema de ensino que não ensina a pensar, através do MEC. • Apagar a memória do povo reescrevendo a história do Brasil para fatos e vultos nacionais relevantes. • Mudar valores e princípios ético-morais (professores homossexuais no ensino médio e fundamental, alterando a estrutura familiar). • Enfraquecer a vontade nacional. • Transformar a consciência nacional em consciência do partido político. • Controlar escolas e universidades particulares através de sindicatos e com uma reforma universitária.
• Enfraquecer o «espírito de corpo», separando os oficiais generais da tropa. • Introduzir, a curto prazo, o uso de drogas entre os militares. • Disseminar, a médio prazo, o homossexualismo entre os militares. • Preparar, a longo prazo, as gerações de chefes militares que servirão ao governo, e não à pátria, modificando a grade curricular das escolas de formação. • Enfraquecer a credibilidade e a confiança da população nas forças armadas. • Desestimular profissionalmente os militares que servem à pátria e não ao governo. • Criar o ambiente em que os oficiais terão apenas a visão da expressão militar e não de todo o poder nacional. • Enfraquecer o «espírito combativo», de fundamental importância no confronto bélico.
O pensamento de Gramsci está sendo aplicado de forma dissimulada e protegida pelas franquias da democracia, tornando difícil a sua identificação. Conhecendo o pensamento de Gramsci, as técnicas para a sua aplicação e com uma análise paciente e detalhada da conjuntura nacional, chega a ser surpreendente a infiltração do marxismo–gramscismo na sociedade brasileira. Encontrando Gramsci, a decisão sobre o que e como fazer é do descobridor. Já é hora de deixarem de lutar por ideologias importadas, inadequadas às características do brasileiro, que atendem a interesses estrangeiros ao dificultarem o progresso do nosso país.
*Historiador Militar Membro da AHIMTB - [email protected] |