Alta dos preços do petróleo pode impulsionar cotações do milho
O Iraque, sexto maior produtor de petróleo do mundo, está em guerra civil e a possibilidade de redução de oferta da matéria-prima começa a ser monitorada no mercado. Analistas observam que se os preços do petróleo de fato subirem haverá aumento da demanda pelo cereal para produção de etanol nos Estados Unidos. Caso isso se confirme haverá redução das exportações norte-americanas de milho, o que abriria mercado para o grão brasileiro.
A correlação de preços entre petróleo e milho no período de 2004 a 2011 se manteve forte, mas desde 2012 essa paridade está praticamente invertida, devido à alta dos preços do cereal, provocada pela forte quebra da safra norte-americana. Por isso, os analistas acham que é cedo para assegurar que o preço do milho irá acompanhar a alta das cotações do petróleo.
No período de dezembro de 2012 até junho deste ano a variação de preços do barril de petróleo esteve no intervalo de US$ 110 a US$ 106. O analista de mercado Pedro Dejneka, da corretora PH Derivativos, calcula que o preço do petróleo precisa superar a barreira dos US$ 120 para que ocorram chances de mais demanda para o milho.
“Os atuais fundamentos do mercado de milho são fortíssimos, o que está colocando contínua pressão sobre os preços. A alta recente no preço do petróleo não é nada fora do comum e teria de ser bem acima dos US$ 120 para começar a chamar atenção dos especuladores, que possivelmente tentariam fazer a correlação entre as duas commodities e comprar milho como hedge”, afirma.
Na opinião do analista da consultoria Safras e Mercado, Paulo Molinari, os preços do petróleo devem ser monitorados, pois se a alta for persistente poderá alterar os preços do milho.
“A alta da cotação do petróleo é um ponto fundamental para a produção do etanol. Se essa alta for consistente e perdurar por mais uma duas ou três semanas vai influenciar a produção de etanol e, conseqüentemente, os preços na bolsa de Chicago. A influência será indireta ao produtor brasileiro. Se os preços em Chicago se mantiverem mais firmes há condição de melhorar o preço no porto no Brasil”, conclui Molinari.
Vale lembrar que neste ano há menor demanda pelo milho brasileiro no mercado exterior, já que os Estados Unidos voltaram com força ao mercado. Prova disso é que as exportações de milho do Brasil tiveram intenso recuo nos primeiros cinco meses do ano. O volume exportado recuou 35% e a receita teve redução de 54%, pressionada pela queda de 29% nos preços médios do cereal.
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