China revive estrada milenar para exportar excedente de capacidade

Publicado em 20/10/2015 06:23

"Os paióis grãos de todas as cidades estão repletos de reservas, e os cofres cheios de tesouros e ouro em valor de trilhões", escreveu Sima Qian, historiador chinês do século 1 a.C. "Há tanto dinheiro que os cordões usados para manter moedas unidas apodrecem e se quebram, uma quantia inimaginável. Os paióis de grãos da capital estão tão cheios que os grãos se espalham pelas ruas, apodrecem e não podem ser comidos". 

Ele estava descrevendo os lendários superavits da dinastia Han, uma era caracterizada pela primeira expansão chinesa rumo ao oeste e sul, e pelo estabelecimento de rotas comerciais que mais tarde se tornariam conhecidas como "Rota da Seda", que se estendiam de Xi'an, a capital chinesa do período, a Roma.

Passado um milênio ou dois, a conversa sobre expansão volta a surgir, em um período de alta dos superavits chineses. Não há cordões para organizar os US$ 4 trilhões em reservas do país —as mais altas do planeta— e além de silos repletos de alimentos a China também tem superavits de imóveis, cimento e aço. 

Depois de duas décadas de rápido crescimento, Pequim uma vez mais volta a buscar oportunidades de investimento e comércio longe de suas fronteiras, e para fazê­lo está recuando à sua antiga grandeza imperial e à familiar metáfora da "Rota da Seda". Criar uma versão moderna dessa antiga rota comercial se tornou a principal iniciativa da política externa da China na presidência de Xi Jinping.

"É um dos poucos termos que as pessoas recordam de suas aulas de História e que não envolve poder bélico... são exatamente essas associações positivas que os chineses desejam enfatizar", diz Valerie Hanson, professora de História da China na Universidade de Yale.

A GRANDE IDEIA DE XI

Se todos os compromissos assumidos por Xi forem computados pelo valor de face, a nova Rota da Seda deve se tornar o maior programa de diplomacia econômica desde o Plano Marshall, que os Estados Unidos conduziram para promover a reconstrução da Europa no pós­guerra, cobrindo dezenas de países com população total de mais de três bilhões de pessoas.

A escala demonstra as imensas ambições em jogo. Mas diante de um pano de fundo de crescimento hesitante e do crescente poderio de suas forças armadas, o projeto assume importância imensa como forma de definir o lugar da China no planeta e suas relações —ocasionalmente tensas— com os países vizinhos.

Em termos econômicos, diplomáticos e militares, Pequim usará o projeto para afirmar sua liderança regional na Ásia, dizem os especialistas. Para alguns, isso expõe o desejo de estabelecer uma nova esfera de influência, uma versão moderna do Grande Jogo do século 19, quando Grã­Bretanha e Rússia disputavam o controle da Ásia Central.

"A Rota da Seda foi parte da história chinesa, datando das dinastias Han e Tang, dois dos maiores impérios da China", diz Friedrich Wu, professor da Escola S Rajaratnam de Relações Internacionais, em Cingapura. "A iniciativa é um lembrete oportuno de que, sob o Partido Comunista, a China está construindo um novo império". 

Leia a notícia na íntegra no site Folha de S.Paulo.

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Folha de S.Paulo

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