Milho: Com perspectiva de importação de 1 mi de t do grão dos EUA, preços despencam mais de 4% na BM&F

Publicado em 02/08/2016 17:45

As cotações futuras do milho negociadas na BM&F Bovespa despencaram no pregão desta terça-feira (2). Ao longo do dia, as principais posições da commodity ampliaram as perdas e encerraram a sessão com desvalorizações de mais de 4%. O vencimento setembro/16, referência para a safrinha brasileira, voltou ao patamar de R$ 45,80 a saca, já o novembro/16 era cotado a R$ 46,80 a saca. Já o janeiro/17 encerrou o dia a R$ 46,59 a saca.

De acordo com o consultor de mercado da França Junior Consultoria, Flávio França, as cotações do cereal foram pressionadas pelas informações de que o Ministério da Agricultura está preparando medidas para a importação de milho geneticamente modificado dos Estados Unidos. E, segundo nota da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), o Governo liberará a importação de 1 milhão de toneladas de milho norte-americano.

"O ministro da agricultura está empenhado em atender ao pedido dos industriais e quer garantir o abastecimento do grão no país, exclusivamente para ração animal usadas pelos criadores de aves e suínos e produtores de leite, até dezembro de 2017", informou o Ministério da Agricultura em seu site.

Além disso, o órgão reportou que irá encaminhar o pedido de avaliação e aprovação para a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança). O intuito é garantir a segurança e fiscalização necessária para que a compra do produto atenda às necessidade do setor.

"Caso essas compras sejam confirmadas, irão se juntar às aquisições já feitas dos países vizinhos, como Argentina e Paraguai. E isso acaba inibindo o potencial de explosão dos preços no mercado doméstico", explica o consultor de mercado da França Junior Consultoria.

Apesar da forte queda na bolsa brasileira, as cotações do cereal praticadas no mercado interno se mantiveram estáveis nas principais praças pesquisadas pela equipe do Notícias Agrícolas. A terça-feira (2) foi de queda, de 6,97% em Avaré (SP), com a saca do cereal a R$ 39,08, já em São Gabriel do Oeste (MS), o valor caiu 2,56%, com a saca a R$ 38,00. Em Cascavel (PR), o preço recuou 1,33%, com a saca a R$ 37,00.

Na contramão desse cenário, a cotação subiu 2,08%, com a saca a R$ 49,00 no Oeste da Bahia. Enquanto isso, no Porto de Paranaguá, o preço subiu 3,13%, com a saca para entrega em setembro/16 a R$ 33,00.

"É a postura de retração nas vendas, por parte dos produtores que tem dado suporte aos preços do cereal. E tivemos perdas expressivas na safrinha de milho e não há como fazer novas vendas para exportação, uma vez que os valores internos permanecem bem acima da paridade para exportação", pondera França.

Consequentemente, a perspectiva é que o produto fique no mercado doméstico. "Com isso, os produtores devem ter cuidado. Tem muita gente apostando, mas não é caso, temos um cenário diferente do que tínhamos no ano passado, com forte demanda e exportações aquecidas. Os agricultores devem tomar cuidado com apostas incisivas", diz o consultor de mercado.

Exportações brasileiras

Ainda hoje, a Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) estimou as exportações brasileiras de milho em 20 milhões de toneladas em 2016. Uma queda de 3 milhões de toneladas em relação ao relatório do mês de julho.

"Devido aos problemas climáticos, a safrinha de milho colheu 21 por cento a menos do que na safra anterior, o que diminui drasticamente os estoques do grão disponíveis no início do segundo semestre. Com as dificuldades de abastecimento, inclusive do mercado interno, nossa estimativa de exportação de milho para o ano de 2016 foi revisada", disse a entidade, em nota divulgada pela agência Reuters.

Leilões de milho

Nesta terça-feira (2), a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) reportou que irá realizar mais dois leilões de vendas dos estoques públicos de milho na próxima terça-feira (9). Ao todo, serão negociadas 50 mil toneladas do cereal em grãos.

Conforme o edital publicado no site da entidade, a primeira operação, de número 116, irá ofertar 5.433,564 mil toneladas. Já a operação de número 117, irá disponibilizar 44.566,436 mil toneladas do grão. As operações são destinadas aos criadores de aves e suínos.

Bolsa de Chicago

Na Bolsa de Chicago (CBOT), os preços do milho encerraram o pregão desta terça-feira (2) em campo misto e ligeiras movimentações. As primeiras posições recuaram entre 0,25 e 1,50 pontos e, os mais distantes, subiram entre 0,50 e 1,50 pontos. O vencimento setembro/16 era cotado a US$ 3,24 por bushel e o dezembro/16 a US$ 3,34 por bushel.

Os investidores ainda seguem atentos ao desenvolvimento da safra norte-americana de milho. Ainda no final da tarde de ontem, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) manteve em 76% o percentual de lavouras em boas ou excelentes condições. O índice ficou acima das apostas dos investidores, que esperavam um recuo entre 1% a 2%. Em igual período de 2015, o número estava em 70%.

O percentual de plantações na fase de formação de espigas está em 91% frente aos 79% da semana anterior e contra 87% do mesmo período de 2015. Consequentemente, a perspectiva é favorável à temporada e a projeção é que os produtores americanos colham uma safra acima de 369 milhões de toneladas.

Para os próximos dias, o NOAA Serviço Oficial de Meteorologia do país - no intervalo de 9 a 15 de agosto, o Meio-Oeste ainda deverá registrar temperaturas elevadas, porém, também há previsões de chuvas no mesmo período.

"Temos uma safra praticamente definida nos EUA, em termos de produtividade. Acredito que os preços estão buscando o fundo do poço e deveremos ver o intervalo de US$ 3,00 a US$ 3,50 por bushel. Temos um viés mais baixista às cotações do cereal no mercado internacional, está mais difícil uma recuperação", finaliza França.

Veja como fecharam os preços do milho nesta terça-feira:

>> MILHO

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Tags:
Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • elcio sakai vianópolis - GO

    Sou produtor, e garanto que a minha estratégia de vendas é vender na alta..., com o milho neste preço venderei tudo que será colhido imediatamente após a colheita..., tenho certeza que não está havendo retração dos produtores, pode até haver algumas minorias, mas é certo que produtor especula quando o preço está em baixa e não na alta, como vem acontecendo.... Assim, não entendo porque tantos analistas falam em retração por parte dos produtores, a realidade é que a quebra é tão grande que analistas de mercado acham mais fácil culpar os produtores do que assumir que não temos milho suficiente no Brasil.

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