Genética dos teores de fibras insolúvel e solúvel em grãos de feijão
O consumo de alimentos ricos em fibra alimentar é essencial para manter a saúde e prevenir diversas doen- ças crônico-degenerativas não transmissíveis, como câncer, problemas cardiovasculares e de constipação intestinal, diabetes e obesidade (Hughes, 1991; Geil & Anderson, 1994; Moore et al., 1998; Costa, 2003). Isso ocorre porque as frações que compõem a fibra alimentar exercem efeitos fisiológicos distintos no organismo. A fibra insolúvel possui capacidade de reter mais água, o que provoca aumento do volume fecal e da pressão osmótica, aumentando a frequência da evacuação, diminuindo o tempo de trânsito no cólon e o risco de ocorrência de hemorróidas e diverticulite, prevenindo assim a constipação e o câncer de cólon (Olson et al., 1987; Moore et al., 1998; Vanderhoof, 1998; Maffei, 2004).
A fibra solúvel possui alto grau de fermentação no intestino, produzindo ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), como acetato, butirato e propionato (Olson, 1987; Moore et al., 1998). De acordo com esses autores, os AGCC, exercem funções importantes na fisiologia do intestino, como melhora do fluxo sanguíneo, aumento da absorção de água e de sódio, diminuição do pH e atuação no metabolismo da glicose e do colesterol, desempenhando efeitos hipoglicemiante e hipocolesterolemiante. O Instituto Nacional do Câncer recomenda a ingestão diária de 20 a 30 gramas de fibra como estratégia para a prevenção do câncer de cólon e do coração (Butrum et al., 1988). Sendo assim, os alimentos de origem vegetal devem ser consumidos regularmente, pois são fontes de fibra.
O feijão (Phaseolus vulgaris L.) apresenta maior teor de fibra alimentar quando comparado aos cereais (trigo, arroz e milho) a várias hortaliças (Acevedo & Bressani, 1990). Além disso, os grãos de feijão são constituídos de três partes de fibra insolúvel para uma de fibra solúvel (Londero et al., 2006a), que é uma proporção adequada para ser administrada na dieta dos seres humanos (Kathleen, 1998). Os teores de fibra alimentar e das frações insolúvel e solúvel variam com o grupo comercial, com os cultivares de feijão e com o ambiente de cultivo.
Em grãos crus de cultivares e de linhagens segregantes de feijão desenvolvido pelo melhoramento genético, o teor de fibra alimentar total (FA) variou de 33,39 a 39,39%, sendo a fibra insolúvel (FI) de 24,82 a 31,35% e a solúvel (FS) de 8,04 a 11,11% (Londero et al., 2005; Londero et al., 2006a). Além disso, herdabilidade, em sentido amplo, de 97,03% foi obtida no cruzamento entre BRS Valente x Varre-Sai (Londero et al., 2006a), indicando facilidades para a seleção da fibra alimentar total em feijão. Entretanto, não há informações sobre a herdabilidade, em sentido restrito, para as frações insolúvel e solúvel da fibra em feijão.
A presença de efeito materno também não foi avaliada, e caso ocorra, o fenótipo do descendente será dependente do genótipo feminino, como observado para o teor de proteína (Leleji et al., 1972), o tempo de cozimento dos grãos (Ribeiro et al., 2006) e os teores de cálcio e de ferro em grãos de feijão (Jost, 2008). Nesses casos, a sele- ção de grãos na geração F2 será totalmente ineficaz, pelo fato de os fenótipos dessas sementes serem semelhantes e representarem a expressão do genótipo da geração F1 (Ramalho et al.,2004).
O conhecimento do controle genético das frações da fibra possibilitará que o programa de melhoramento desenvolva linhagens e cultivares com maiores teores de fibra insolúvel e solúvel, possibilitando que o feijão seja utilizado como um alimento funcional. Sendo assim, foram objetivos desse trabalho: (1) investigar a ocorrência do efeito materno na expressão dos teores de fibras insolúvel e solúvel em grãos de feijão; (2) estimar a herdabilidade e o ganho por seleção para as frações de fibra em feijão.
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