Soja despenca 20 pts em Chicago nesta 5ª, mas dólar perto dos R$ 4 equilibra preços no Brasil

Publicado em 07/06/2018 19:03

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Os preços da soja despencaram quase 20 pontos no pregão desta quinta-feira (7) na Bolsa de Chicago e os futuros da commodity fechara o dia bem abaixo do patamar dos US$ 10,00 por bushel. Assim, o contrato julho/18 foi a US$ 9,74 e o setembro/18 a US$ 9,85 por bushel. 

As cotações ficaram abaixo dos US$ 10,00 pela primeira vez em dois meses ainda diante de uma falta de acordo entre China e Estados Unidos ao redor de suas disputas comerciais e de um cenário climático que segue bastante favorável para a nova safra norte-americana. 

"Essa queda forte em Chicago está sendo provocada por uma baixa demanda pela soja norte-americana. Esse é o o ponto", explica o consultor de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica. "Enquanto houver todo esse imbróglio entre ambas as partes, há um enfraquecimento da demanda pela soja americana e as vendas dos EUA recuaram, na semana, cerca de 40% em relação à semana anterior", completa.

Os números trazidos nesta quinta-feira pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) mostraram números fracos para a soja mais uma vez. 

Na semana encerrada no dia 31 de maio, as vendas da safra velha ficaram em 164,8 mil toneladas. As apostas dos traders estavam entre 200 a 500 mil toneladas. Da safra nova, as vendas somaram 34,7 mil toneladas do grão.

A falta de um acordo, embora já em partes precificado pelo mercado, ainda poderia pesar um pouco mais sobre as cotações em Chicago, como explica o consultor. Na outra ponta, um acordo pode exercer uma pressão altista significativa para os preços não só da soja em grão, mas de todo o complexo no mercado internacional. 

Além das questões comerciais, o bom quadro climático no Meio-Oeste americano também pesam sobre as cotações. O começo da nova temporada dos EUA é um dos melhores dos últimos anos, com índices recordes de avanço de plantio e lavouras em boas ou excelentes condições. Ademais, nenhuma severa ameaça é esperada, segundo as últimas previsões, para os próximos 15 dias no Corn Belt. 

EUA 1

"Gestores de fundos especuladores revertem parte de suas posições compradas na aversão ao risco, uma vez que os mapas climáticos para os Estados Unidos são favoráveis", diz a ARC.

Nesse momento, porém, o que traz alguma preocupação para os traders é o aumento de temperaturas previsto para boa parte do cinturão, com os níveis podendo ficar acima da média em importantes regiões produtoras. Apesar disso, no estágio em que estão as plantações neste momento, esse calor um pouco mais intenso não deverá trazer grandes prejuízos, já que as chuvas esperadas também são boas e adequadas para manter a saúde das lavouras. 

EUA 2

"Apesar da concentração ao norte dos totais pluviométricos mais pesados, ainda sim as demais áreas
sojicultoras serão regadas num raio de 25-50mm acumulados para os próximos 10 dias. O fator temperatura acelera o processo de evapotrans- piração do sistema solo e planta, no entanto, desde que a umidade do solo se mantenha em níveis adequados, o calor não será um problema", informa a AgResource.

Mercado Brasileiro

No Brasil, a falta de negócios por conta do tabelamento dos fretes - ainda sendo discutido pelo governo, líderes de diversos setores da economia e pela ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres) tirou a referência dos preços da soja em todo o interior do país. Entre as praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, apenas algumas delas apontaram variações nas cotações. 

No Rio Grande do Sul, os indicativos perderam pouco mais de 1%, ainda superando os R$ 70,00 por saca. Já no Paraná, os preços subiram mais de 0,6% e também seguem acima dos R$ 74,00. Em São Gabriel do Oeste/MS, o preço cedeu 2,86% para chegar aos R$ 68,00 por saca, enquanto subiu 3,52% em Brasília para R$ 75,10. 

Nos portos, os preços se movimentaram. O dólar, afinal, disparou nesta quinta-feira, se aproximando dos R$ 4,00 diante da turbulenta cena política e econômica do Brasil. 

Em Paranaguá, a soja disponível foi a R$ 89,00 com ganho de 1,14%, enquanto a referência março/19 se manteve estável nos R$ 88,00. Em Rio Grande, queda de 0,35% no disponível e de 0,57% para julho, com cotações em, respectivamente, R$ 86,50 e R$ 87,00 por saca. 

A moeda americana fechou o dia com alta de 2,28% e valendo R$ 3,9258, após bater na máxima do dia de R$ 3,9684. "Estamos vendo um pequeno ataque especulativo ao Brasil via câmbio, mas acredito que é perfeitamente contornável", afirmou o sócio-gestor da gestora Leme Investimentos, Paulo Petrassi à agência de notícias Reuters, acrescentando que o BC tem condições de atuar.

Plantio de soja do Brasil aumentará cerca de 3% em 18/19, prevê Agroconsult

Por José Roberto Gomes

SÃO PAULO (Reuters) - O plantio de soja na safra 2018/19 do Brasil, cujo início é entre setembro e outubro, deverá crescer cerca de 3 por cento ante 2017/18, para um novo recorde de 36 milhões de hectares, projetou nesta quinta-feira a Agroconsult, que vê o produtor mais remunerado e expandindo suas lavouras sobre áreas de pastagens.

O aumento na semeadura poderia levar o Brasil, já o maior exportador global da oleaginosa, a se firmar de vez como líder também na produção após superar os Estados Unidos neste ano.

"O crescimento (na área) será liderado pela expansão sobre pastagens degradas. Haverá também algo sobre as áreas de milho, mas não tanto como neste ano", disse o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, após evento da consultoria em São Paulo.

Ele avalia que o crescimento poderá ser de 1 milhão de hectares.

Em 2017/18, o plantio de soja ocupou grande parte da área anteriormente destinada ao milho, uma vez que os preços do cereal não estavam atrativos.

Para 2018/19, Pessôa destacou que os sojicultores também tendem a estar mais capitalizados para as atividades de semeadura, dada a recente alta do dólar ante o real, que favorece as receitas.

O diretor da Agroconsult não fez previsões para a produção de soja na nova safra, cuja colheita só se iniciará no começo de 2019 e dependerá também das condições climáticas.

MILHO

Pessôa destacou que o plantio da primeira safra de milho 2018/19 deverá diminuir 3 por cento ante o observado em 2017/18, quando somou 5 milhões de hectares.

Em contrapartida, a semeadura da segunda safra, a “safrinha”, pode saltar 10 por cento frente os 11,6 milhões de hectares deste ano, segundo dados oficiais.

"Devemos ter um crescimento robusto para a próxima safrinha. Haverá redução nos estoques após a safrinha deste ano, as condições para exportação estão favoráveis e a próxima safra de verão será menor”, afirmou o sócio diretor da Agroconsult.

A segunda safra 2017/18, em fase inicial de colheita, foi severamente castigada por uma forte seca entre abril e maio, bem no momento de desenvolvimento das lavouras, que já haviam sido plantadas fora da janela ideal por causa do atraso na colheita da soja.

Nesta semana, a consultoria reduziu a estimativa de produção de milho segunda safra do Brasil para 55 milhões de toneladas, de 57 milhões anteriormente.

Segundo Pessôa, a "maior perda" já foi computada, mas a safrinha 2017/18 pode ser ainda menor.

"Há sempre potencial para cair mais por causa de áreas suscetíveis a geadas", disse.

O fenômeno é um risco em especial para o Paraná, segundo maior produtor de milho do Brasil e que já enfrentou episódios de forte frio neste ano.

Por lá, o Departamento de Economia Rural (Deral) já alertou que a segunda safra de milho pode ficar abaixo das 10 milhões de toneladas previstas.

Leia mais:

>> BC reforça atuação, mas dólar dispara e vai ao patamar de R$ 3,92 nesta 5ª feira

Já no link abaixo, confira a íntegra da entrevista de Carlos Cogo ao Notícias Agrícolas nesta quinta-feira:

>> Soja perde mais de 20 pts em Chicago e prêmios no Brasil já não compensam as baixas em sua totalidade; equilíbrio vem do dólar

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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