Futuros do minério de ferro na China têm máxima em 16 meses após desastre da Vale

Publicado em 28/01/2019 07:30

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Por Enrico Dela Cruz

MANILA (Reuters) - Os futuros do minério de ferro subiram para máxima em 16 meses nesta segunda-feira após a Agência Nacional de Mineração ordenar que a Vale, maior produtora global da commodity, suspenda as operações de sua mina Córrego do Feijão após o rompimento fatal de uma barragem.

A barragem rompeu na sexta-feira, liberando uma corrente de lama que invadiu instalações de mineração da Vale e arrasou uma comunidade local, deixando 58 mortos segundo a contagem até o momento, além de centenas de desaparecidos.

O contrato do minério de ferro mais negociado na bolsa de Dalian chegou a subir 6 por cento, para 567,5 iuanes (84,23 dólares) por tonelada, maior nível desde setembro de 2017, antes de devolver parte dos ganhos e fechar com alta de 2,8 por cento, a 550,5 iuanes.

"O acidente envolve minério de ferro brasileiro de alto teor. No entanto, acho que os preços físicos podem não se alterar tanto quanto os futuros, uma vez que o mercado tem estado muito, muito quieto (antes do Ano Novo Lunar)", disse o analista Richard Lu, da consultoria CRU em Pequim.

A China, maior consumidor global de minério de ferro, utilizado na fabricação de aço, demanda minério de alta qualidade, que é menos poluente, devido à sua campanha contra a poluição.

O fechamento da mina Córrego do Feijão resultará em uma redução de 1,5 por cento na produção da Vale, o que terá um impacto "insignificante" sobre a oferta, afirmou Helen Lau, analista da Argonaut Securities.

"Em geral, nós não esperamos ver uma grande alta nos preços do minério de ferro em função desse acidente fatal, uma vez que a demanda da China por minério de ferro no curto prazo deve ser leve devido à fraca sazonalidade", escreveu ela em nota.

O contrato mais ativo do vergalhão de aço na bolsa de Xangai fechou em queda de 0,8 por cento, a 3.681 iuanes por tonelada.

Operadores chineses de minério de ferro enfrentam incertezas após desastre da Vale

PEQUIM (Reuters) - O desastre fatal envolvendo uma mina da Vale em Minas Gerais criou incertezas para o mercado de minério de ferro da China em um momento em que a demanda pela oferta brasileira da commodity está aumentando, disseram vários operadores chineses nesta segunda-feira.

Uma barragem de rejeitos da mina Córrego do Feijão, da Vale, rompeu na sexta-feira, destruindo instalações de mineração e casas na cidade de Brumadinho (MG), matando dezenas e deixando a comunidade em estado de choque, enquanto centenas de pessoas continuam desaparecidas.

O desastre em Córrego do Feijão é o segundo incidente em uma mina da Vale desde 2015, quando uma barragem com resíduos da extração de minério rompeu em uma mina da Samarco, uma joint venture da BHP e da Vale.

A mina de Córrego corresponde por 1,5 por cento da produção da Vale, a maior mineradora de minério de ferro do mundo, disse Helen Lau, analista da Argonaut Securities. No entanto, quatro operadores chineses do setor disseram que há preocupação de que o fornecimento de minério brasileiro de alta qualidade possa ser reduzido se o governo decidir fechar outras minas da Vale para investigações adicionais de segurança.

"Estamos preocupados que o desastre possa levar a prêmios maiores sobre o minério de ferro com baixo teor de alumínio", disse um operador de minério de ferro da Zheshang Development. Ele pediu para não ser identificado devido à política da empresa.

A Vale é a maior produtora mundial de minério de ferro com baixo teor de alumínio, preferido pelas usinas chinesas devido ao seu baixo nível de impureza.

A mina da Samarco onde ocorreu o incidente de 2015 segue fechada, embora o presidente-executivo da Vale, Fabio Schvartsman, tenha dito na sexta-feira que o local poderia retomar um terço de sua produção em 2020.

A Vale realizou testes de segurança em todas suas outras minas no Brasil após o desastre da Samarco e seu principal porto de exportação na região, Tubarão, foi fechado por quatro dias em 2016 para solucionar problemas ambientais.

"(O caso Samarco) levou a uma longa parada nas operações e nós não sabemos se esse (novo rompimento de barragem) vai causar uma interrupção ainda maior e mais ampla para as atividades de mineração da Vale", disse um operador de minério de ferro em Qingdao.

A demanda da China por minério de ferro de alta qualidade tem retornado conforme usinas de aço aumentaram suas margens de lucro nas últimas semanas devido a uma maior demanda por aço.

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Fonte:
Reuters

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