Dois terços de deputados ouvidos pela XP querem alterações em PEC da reforma da Previdência

Publicado em 09/04/2019 15:32

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SÃO PAULO (Reuters) - A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência precisa sofrer pelo menos algumas alterações, de acordo com dois terços dos deputados ouvidos em pesquisa realizada pela XP Investimentos e divulgada nesta terça-feira.

Segundo o levantamento, que ouviu 201 dos 513 deputados entre os dias 26 de março e 4 de abril, 42 por cento dos parlamentares consultados avaliam que são necessárias algumas alterações no texto da PEC e 23 por cento disseram que a proposta precisa de muitas alterações.

A pesquisa também apontou que 25 por cento discordam totalmente da proposta apresentada, enquanto apenas 7 por cento dos deputados ouvidos concordam integralmente com o texto entregue pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro ao Congresso. Dois por cento não souberam ou não responderam.

Para ser aprovada pela Câmara, a PEC da Previdência precisa obter apoio de três quintos da Câmara, o equivalente a 308 votos, em dois turnos de votação no plenário da Casa.

Quando indagados sobre pontos específicos do texto proposto pela equipe econômica encabeçada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, as mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural foram os mais apontados entre os que precisam de mudança. Ao mesmo tempo, nenhum dos pontos levantados tinha concordância da maioria dos entrevistados.

Sobre o BPC, 76 por cento dos deputados ouvidos apontaram necessidade de mudança, ao passo que 19 por cento concordaram com o texto apresentado e 5 por cento não souberam ou não responderam.

Quando o assunto foi as mudanças nas regras da aposentadoria rural, 74 por cento defenderam alterações, enquanto 20 por cento concordaram e 6 por cento não souberam ou não responderam.

A regra de transição incluída no texto também não teve maioria entre os parlamentares ouvidos --63 por cento defenderam mudança, 28 por cento concordaram e 9 por cento não souberam--, assim como a idade mínima para aposentadoria --58 por cento defenderam alteração, 35 por cento concordaram e 7 por cento não souberam-- e o regime de capitalização --54 por cento avaliam que mudanças são necessárias, 29 por cento concordam e 16 por cento não sabem.

As mudanças nas aposentadorias dos militares, apresentadas fora da PEC da Previdência e por meio de um projeto de lei, tampouco conta com o apoio da maioria dos deputados ouvidos pela XP. Segundo a sondagem, 69 por cento acham que o projeto tem de sofrer alterações, 19 por cento concordam integralmente com ele e 12 por cento não souberam responder.

Apesar de divergirem dos principais pontos do texto apresentado pelo governo, 76 por cento dos deputados consultados concordaram que uma reforma da Previdência é necessária, ante 77 por cento em fevereiro e 79 por cento em dezembro do ano passado.

Ao mesmo tempo, 20 por cento afirmaram que uma reforma no sistema de aposentadorias não é necessária, contra 18 por cento em fevereiro e 16 por cento em dezembro.

Além disso, 68 por cento dos deputados consultados concordaram com a avaliação de que a aprovação da reforma melhorará a perspectiva para a economia, ao passo que 27 por cento discordaram.

Ainda de acordo com o levantamento, 52 por cento dos deputados ouvidos acreditam que uma reforma da Previdência será aprovada neste ano, enquanto 37 por cento acreditam que isso não vai ocorrer e 11 por cento não responderam.

RELAÇÃO RUIM COM O GOVERNO

A XP também indagou os parlamentares sobre como veem o relacionamento com o Palácio do Planalto e a pesquisa apontou que a relação entre a Câmara dos Deputados e o Palácio do Planalto é ruim ou péssima na avaliação de 55 por cento dos deputados consultados, um salto em relação aos 12 por cento dos que tinham essa percepção em fevereiro.

A pesquisa ocorre na esteira das farpas públicas trocadas entre Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A avaliação de que a relação entre a Casa e a Presidência é boa ou ótima está em 16 por cento, ante 57 por cento no início dos trabalhos no Legislativo.

Segundo a pesquisa, entre os deputados que não podem ser considerados de oposição, 44 por cento têm a avaliação de que o relacionamento é ruim ou péssimo, contra 23 por cento que têm uma avaliação positiva.

Na opinião de 37 por cento dos deputados em geral, as demandas encaminhadas ao governo são mal ou muito mal atendidas.

Após os entreveros políticos, incluindo uma audiência muito tumultuada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara com o ministro da Economia, Paulo Guedes, Bolsonaro passou a receber, na semana passada, lideranças partidárias. Os encontros continuam a partir desta terça-feira.

(Por Eduardo Simões e Laís Martins)

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Fonte:
Reuters

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