Nova fase da Lava Jato mira pessoas ligadas ao Banco Paulista e à Petrobras

Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - A Polícia Federal e o Ministério Público Federal no Paraná deflagraram nesta quinta-feira a 74ª fase da operação Lava Jato tendo como alvos principais pessoas ligadas à Petrobras e ao Banco Paulista, informou o MPF.
De acordo com o MPF, foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em São Paulo, além de três intimações judiciais. Responsável pela Lava Jato no Paraná, o juiz Luiz Antonio Bonat determinou ainda o bloqueio de até 97,965 milhões de reais de 22 pessoas físicas e jurídicas envolvidas no caso.
São alvos da operação três executivos do Banco Paulista, e outras cinco pessoas ligadas a empresas usadas em um suposto esquema no Rio de Janeiro, além de três funcionários da gerência de câmbio da Petrobras.
A operação investiga o que seria um esquema de operações de câmbio comercial contratadas pela Petrobras com o banco, em transações de compra e venda de moeda estrangeira que passariam de 7 bilhões de reais no período entre 2008 e 2011, além de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e associação ou organização criminosa.
"As investigações revelaram que, entre agosto de 2008 e março de 2011, o Banco Paulista intermediou o equivalente a 7,7 bilhões de reais em operações de compra e venda de dólares com a Petrobras, volume transacionado por apenas três funcionários da gerência de câmbio. Foram encontradas diversas evidências de direcionamento indevido de contratos e de majoração artificial das taxas de câmbio, que apontam para um dano aos cofres da Petrobras estimado preliminarmente em 18 milhões de dólares – o equivalente a quase 100 milhões de reais, no câmbio corrente", disse o MP em nota.
A operação tem como base informações prestadas por um ex-executivo do Banco Paulista que atuava na mesa de câmbio e fez um acordo de delação premiada com o MPF.
Em nota, a Petrobras informou que conduz apurações internas e neste caso especificamente "colaborou ativamente com as autoridades nos trabalhos de investigação e forneceu subsídios que resultaram nessa operação".
"A Petrobras reafirma e reforça sua tolerância zero em relação à fraude e à corrupção. A companhia é vítima dos crimes desvendados pela operação Lava-Jato, sendo reconhecida como tal pelo Ministério Público Federal e pelo Supremo Tribunal Federal", diz o texto, em que a empresa acrescenta que colabora com as investigações desde 2014 e é coautora em 18 ações de improbidade administrativa em andamento.
Também em nota, o banco Paulista afirma que o objeto da investigação seriam operações realizadas pela área de câmbio da instituição, já extinta, que "foram averiguadas anteriormente".
"A atual gestão do Banco Paulista desconhece as operações investigadas e informa que a instituição sempre se pautou pela legalidade e segue todas as normas e diretrizes do Banco Central do Brasil", informou.
GESTÃO ATUAL
Ao menos um gerente investigado pela operação deflagrada nesta quinta-feira ainda está na Petrobras, segundo documentos judiciais vistos pela Reuters.
Entre os alvos estava Larry Carris Cardoso, que ocupava posição "gerencial relevante" no departamento financeiro a partir deste ano, segundo cópia do pedido de mandado visto pela Reuters. Um registro interno da empresa o listou como um funcionário ativo.
Os promotores afirmam que Cardoso foi responsável por 228 transações de câmbio no valor de aproximadamente 2,8 bilhões de reais.
A Petrobras não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre a situação de empregados ativos citada em autos.
Cardoso não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários enviados por e-mail e LinkedIn. Em documento de maio encaminhado à U.S. Securities and Exchange Commission pela Petrobras, ele é citado como Gerente Geral de Administração de Empréstimos e Financiamentos.
(Por Lisandra Paraguassu, com reportagem adicional de Sabrina Valle, Rodrigo Viga e Gram Slattery)
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