Farm Futures estima área maior com grãos nos EUA, mas talvez insuficiente para equilibrar estoques

Publicado em 08/02/2021 13:40

LOGO nalogo

Ao lado dos fundamentos já conhecidos pelo mercado de grãos, as expectativas sobre a nova safra de grãos dos Estados Unidos também ganham cada vez mais espaço entre os traders. O plantio está prestes a ser iniciado em meio a preços altos tanto da soja, quanto do milho, a disputa pode ser acirrada entre as duas culturas e intensificar a volatilidade no andamento dos mercados. 

A mais recente pesquisa de intenção de plantio para a temporada 2021/22 norte-americana chega do portal Farm Futures e indica, contabilizando soja, milho e trigo total (inverno e primavera) uma área de 91,3 milhões de hectares. Confirmada, será 3% maior do que a da safra passada e a maior desde 2018. 

Todavia, os especialistas da Farm Futures afirmam que há uma série de fatores que deverão ser ponderados na tomada de decisão dos produtores norte-americanos. Entre eles estão: "a possibilidade de a demanda da China irá ser revertida totalmente para o Brasil nos próximos meses (como aconteceu há um ano) e se a demanda por combustíveis vai, finalmente, se recuperarar, o que faria com que o milho fosse mais lucrativo na safra 2021; as perdas de safra na América do Sul; as oportunidade de lucros com as culturas, lembrando que o mercado não costuma ficar no mesmo 'lugar' por muito tempo; a continuidade ou não das influências e impactos da pandemia de Covid-19 sobre os preços e decisões dos produtores". 

Dessa forma, como as demais consultorias, a Farm Futures - que entrevistou 806 produtores -  também chega a conclusão de que a área norte-americana será, de fato, maior na temporada 2021/22, principalmente em razão do déficit de oferta de grãos que é conhecido pelos demandadores, e de preços que se encontram em patamares muito melhores para os agricultores americanos do que se observava nos últimos anos. 

Talvez um dos principais questionamentos feitos por analistas e consultores é sobre a preferência que os produtores poderiam dar à soja em detrimento do milho este ano, diante do atual quadro do mercado. No entanto, "um bom número dos entrevistados afirmou que tendem a permanecer com sua usual divisão de culturas em suas propriedades", mostrou o levantamento. 

Além das decisões tomadas em função dos preços, lucratividade, demanda e liquidez dos produtos, as condições climáticas para as regiões produtoras dos Estados Unidos também estão em xeque e sendo monitoradas. 

"O mês de fevereiro sempre oferece um grande debate sobre as estimativas de plantio das áreas de soja e de milho. O déficit de reservas hídricas em cerca de 30% das áreas agrícolas pode estar influenciando os produtores norte-americanos na decisão", explica Liones Severo, consultor de mercado e diretor do SIMConsult.

No último dia 21, o Notícias Agrícolas trouxe uma matéria com detalhes sobre as preocupações iniciais com o clima nos EUA para o início da nova safra. Relembre:

Leia Mais:

+ Soja x Milho: Demanda chinesa pelo cereal vai acirrar disputa pela área 2021/22 nos EUA

E Severo pondera ainda a importância da pesquisa da Farm Futures para o mercado. "No próximo dia 19, o USDA irá  divulgar as primeiras estimativas oficiais. Historicamente, as áreas finais de plantio sempre ficaram muito próximas das estimativas do Farm Futures", diz.

SOJA

Para a soja, a estimativa indica uma área de 34,2 milhões de hectares, com uma produtividade média de 58,5 sacas por hectare - conservadora, na ótica da Farm Futures - e que poderia levar a uma produção de 119,75 milhões de toneladas. Essa, ao ser alcançada, seria a segunda maior dos EUA. 

"Há um ano, a relação preço soja-milho favorecia ligeiramente o milho, já que as exportações de soja para a China diminuíram. No momento em que a atividade da safra de outono aumentou em setembro, os fortes ritmos de exportação impulsionaram a proporção além do valor de referência central da relação entre os preços das duas culturas de 2,5, indicando uma preferência de mercado apontada para a soja", epxlicam os analistas do portal.

Assim, "quando 2020 terminou e os preços da soja ultrapassaram os US$ 13 por bushel, as demandas do mercado eram claras: a área plantada com soja seria mais provavelmente recompensada com lucros do que com milho", completam. Ainda assim, se espera um aumento na soja mais tímido do que no milho, já que o mercado dá sinais de que, mais a diante, poderia não precisar de tanta soja quanto agora, com  maior disponibilidade do produto sul-americano. Este fato, porém, também terá que ser verificado mais a frente. 

Ainda segundo Liones Severo, é importante considerar que da área plantada de de soja desconta-se 1,5% para a área colhida, o que levaria a colheita a 33,7 milhões de hectares. "Isso resultaria em uma produção de 117,680 milhões de toneladas, o que não seria suficiente para suprir o consumo. Aqui, novamente se fará necessário preços elevados para conter o consumo".

As decisões também ponderam o atual nível dos estoques norte-americanos, que podem chegar ao final da safra 2020/21 registram seu segundo menor volume desde 2013. Não só as exportações estão muito aceleradas, mas o processamento de soja no país também vem batendo recorde atrás de recorde.

E além dos estoques norte-americanos, os estoques globais de soja também vêm caindo rapidamente diante do consumo intenso e um déficit de ao menos 10 milhões de toneladas já pode ser registrado. 

MILHO

Para o milho, a estimativa de área da Farm Futures é de 38,32 milhões de hectares, 4,1% a mais do que no ano passado. Ao ser confirmada, essa seria a terceira maior área dos EUA cultivada com o cereal em 75 anos. Com um rendimento médio de 185,57 sacas por hectare, a produção se daria em 388,64 milhões de toneladas, maior safra desde 2016.

"Os preços do milho podem subir assim como os da soja têm subido. Caso aconteça, no entanto, de o rally da soja ser ainda mais intenso pode ser que tenhamos que migrar alguns hectares do milho para a soja", diz Mark Wachtman, produtor de Ohio, à Farm Futures. 

Ainda de acordo com a pesquisa, muitos dos produtores que podem aumentar seus hectares de milho estão focados em uma recomposição da demanda por etanol no pós pico mais severo da pandemia. Nos EUA, porém, os números ainda são elevados de óbitos e novas infecções. Em contrapartida, a vacinação avança em ritmo considerável. 

Mais do que isso, diferente da soja, da área plantada de miho desconta-se 8,5%, o que poderia levar a produção a 388,5 milhões de toneladas, "o que colocaria os estoques a níveis críticos. A perspectiva de aperto nos estoques para o milho, poderá se igualar ao que acontece com a soja", explica Severo.

"A demanda externa está disparando à medida em que os ritmos de embarques de milho saltaram 14% acima da média de cinco anos no primeiro trimestre do ano comercial 2020/21, meses antes do pico dos volumes de exportação de milho tipicamente aumentar", complementa a Farm Futures.

TRIGO

A área de trigo estimada é de 18,78 milhões de hectares, contabilizando trigo de inverno e primavera, com um crescimento de 4,5% em relação a 2020. Com os números confirmados, este será o primeiro aumento de área para o grão desde 2018. 

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário