BC aponta alta do custo de captação de bancos e riscos no crédito, mas vê sistema financeiro resiliente

BRASÍLIA (Reuters) - A retirada das medidas emergenciais adotadas para o enfrentamento da pandemia da Covid-19 e as incertezas relacionadas ao impacto econômico da crise de saúde podem afetar negativamente a qualidade do crédito no país, avaliou o Comitê de Estabilidade do Banco Central em documento divulgado nesta terça-feira, destacando que as mudanças já verificadas no perfil de captação do sistema financeiro são um ponto de atenção.
Segundo o Comef, a taxa média de captação dos bancos tem se elevado e está, pela primeira vez desde que o BC passou a fazer o levantamento, acima da taxa básica de juros. Como resultado da crise, os prazos das captações também ficaram menores, exigindo volumes maiores de liquidez das instituições.
Ao avaliar os mercados financeiros globais, o colegiado do BC destacou também que "movimentos intensos e abruptos de reprecificação de ativos podem ter efeitos negativos para os fluxos de investimentos para economias emergentes".
Ainda assim, na ata da mais recente reunião do Comef, que passa agora a ser divulgada regularmente pelo BC, a avaliação do colegiado foi de que o sistema financeiro nacional segue resiliente e está bem preparado para lidar com o cenário adverso.
"O Comef avalia que o SFN mantém reservas robustas para fazer frente a essas incertezas graças ao aumento das provisões realizado pelas IFs (instituições financeiras), à melhora na capitalização e à restrição à distribuição de resultados em 2020", diz a ata da reunião, realizada em 2 de março.
Sobre a piora das condições de captação, o BC destacou que os bancos poderão se adaptar às mudanças redefinindo estratégias de captação e de gestão de liquidez.
Segundo o Comef, a cobertura dos créditos classificados como problemáticos atingiu o maior nível histórico, e os créditos repactuados em meio à crise da pandemia têm apresentado qualidade superior à esperada.
Os testes de estresse feitos para medir o impacto da pandemia sobre as instituições financeiras também mostram que elas estão melhor capacitadas para absorver perdas do que o apontado por testes feitos no segundo semestre do ano passado. "Isso decorre principalmente da recomposição dos níveis de capital do SFN e da recuperação parcial da atividade econômica", diz o documento.
O Comef é responsável por estabelecer diretrizes para resguardar a estabilidade financeira e prevenir riscos sistêmicos. O colegiado se reúne quatro vezes ao ano.
(Por Isabel Versiani)
0 comentário
Dólar oscila perto da estabilidade após abertura no Brasil
Mercado vê Selic a 12,25% em 2026, mostra Focus
Minério de ferro amplia ganhos com oferta restrita da BHP e produção mais firme de ferro-gusa
Confiança do consumidor do Brasil atinge em dezembro nível mais alto em um ano, mostra FGV
China mantém taxas de juros de referência para empréstimos pelo sétimo mês consecutivo
Consumidores do Reino Unido sentem impacto dos aumentos de impostos com desaceleração da economia