Redução na mistura do biodiesel para 10% pode levar esmagamento de soja do BR a níveis de 2019

Publicado em 12/04/2021 15:26 e atualizado em 12/04/2021 18:03
Eduardo Vanin - Analista de Mercado da Agrinvest
Movimento poderia resultar em uma redução no esmagamento na casa de 3,25 milhões de t, aumentar as exportações, porém, mantendo pressão sobre os prêmios da soja nacional.

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Entrevita com Eduardo Vanin - Analista de Mercado da Agrinvest sobre o mercado de Derivados

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A redução da mistura de 13% para 10% do óleo de soja no biodiesel no Brasil, anunciada na última sexta-feira (9) pelos ministérios de Minas e Energia e da Agricultura, deverá acarretar alguns impactos sobre o mercado brasileiro e foram esses efeitos que o analista de mercado da Agrinvest Commodities, Eduardo Vanin, trouxe em sua última entrevista ao Notícias Agrícolas. "

A mudança, segundo o especialista, se dá essencialmente ao momento de preços historicamente para os óleos vegetais - entre eles o óleo de soja -, os quais têm testado suas máximas entre oito e dez anos, a depender do produto e da região, puxados por uma oferta menor e uma demanda que cresce em ritmo bastante acentuado. 

"E com isso não se contava, que o biodiesel ficasse tão caro que fosse encarecer o diesel", diz. "Se o óleo de soja no mercado internacional não recuar durante o ano, no Brasil também não recua, e essa redução de B13 para B10 (hoje tida como temporária) pode ser estendida para o ano todo". 

Relembre:

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Cálculos trazidos em um posicionamento conjunto da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), Aprobio (Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil) e Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene) já apontam para um menor consumo de óleo de soja em 650 mil toneladas; redução de 3,25 milhões de toneladas no esmagamento; redução de 2,6 milhões de toneladas na produção de farelo e um aumento de 84,5 para 88 milhões de toneladas as exportações. 

Tabela Abiove

"O Brasil, tendo uma soja mais competitiva do que a americana, poderia roubar um pedacinho do início do programa de exportação dos Estados Unidos, setembro ou até mesmo outubro, e isso impacta nas cotações em Chicago, que já tem uma tendência sazonal de queda pela entrada da safra norte-americana", explica o analista. 

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No entanto, Vanin lembra ainda que com esse maior volume de soja brasileira chegando ao mercado, caso toda essa dinâmica se confirme, os prêmios tendem a ficar pressionados por mais tempo no mercado nacional. E assim, nessa conjuntura, já sabendo que o Brasil terá um esmagamento menor, vai depender da China mudar a história desse mercado. "Esse é o ponto principal daqui pra frente, observar se a demanda da China está voltando ou se está estável, porém, em um ritmo menor do que começou o ano", diz. 

Para o mercado do farelo de soja, os impactos ainda poderiam ser limitados, também como explica o analista. A Argentina já registra um aumento de seu esmagamento e de suas exportações, e ajuda a equilibrar o mercado. Para o Brasil, porém, a atenção deverá se dar nos próximos meses. 

"Nesse momento há uma boa oferta de farelo, mas durante o ano, principalmente no segundo semestre, se exportar bastante soja e isso comprometer o esmagamento, teremos uma falta de farelo. Mas, temos que olhar a demanda interna brasileira, que vai poder ser menor po conta do milho muito caro, o que pode acarretar em uma queda nas estimativas do consumo de rações, e aí o farelo seria atingido também", diz Vanin. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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