Prêmios negativos e preços melhores no Brasil atraem importadores de soja dos EUA

Publicado em 29/04/2021 13:12 e atualizado em 29/04/2021 18:45

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As indústrias norte-americanas estão de olho na soja do Brasil e o mercado já investiga os rumores de vendas de seis barcos de produto brasileiro com embarque junho, segundo informações apuradas pela Agrinvest Consultoria. Na semana passada, mais notícias como esta já circulavam pleo mercado, inclusive com um embarque já tendo sido feito. 

"Atualmente, a conta está muito viável, uma vez que os basis (prêmios) no interior dos EUA estão subindo rápido", explica Marcos Araújo, analista de mercado da consultoria. Ao mesmo tempo, no Brasil, os prêmios voltam a registrar posições negativas, marcando suas mínimas em mais de sete anos. 

E com estes prêmios negativos no mercado brasileiro, a oleaginosa nacional acaba se mostrando mais barata, dando melhores margens de esmagamento às processadoras norte-americanos.  Considerando o basis sobre o contrato  julho negociado na Bolsa de Chicago - que é agora o mais negociado -, o valor está 25 centavos de dólar negativo.

"Os prêmios aqui estão fazendo o papel de incentivar a demanda por aqui. As contas mostram que comprando a soja no Brasil com esse prêmio, as margens ficariam, em média, nos US$ 30,00 por tonelada", explica Eduardo Vanin, também analista de mercado da  Agrinvest. E ele lembra ainda que em 2014 - quando os prêmios marcaram valores semelhantes aos atuais  - o Brasil embarcou 1 milhão de toneladas de soja para os Estados Unidos. "Será que vamos repetir isso?", completa. 

EUA: OFERTA ESCASSA X PRÊMIOS ALTOS 

Os prêmios da soja norte-americana não estão altos somente nos portos, sobre o produto para exportação, mas também internamente. Os estoques americanos são escassos e a demanda interna é crescente, principalmente pelo óleo, que também vem registrando seus preços mais altos dos últimos anos. 

Como explica o analista líder de grãos Todd Hultman, do portal americano DTN The Progressive Farmer. "Tudo começou quando a China começou a comprar mais soja dos EUA no final de julho e manteve um ritmo aquecido até setembro. E então tivemos, ao mesmo tempo, aquele período de seca tardia e mais o derecho, o que resultou em safras menores, e a situação de oferta vem ficando mais restrita desde então", diz. 

Hultman complementa dizendo que neste momento, com a soja brasileira mais barata, a demanda por aqui segue forte, principalmente por parte da China. E na nação asiática, os valores da oleaginosa também estão elevados. 

PRESSÃO SOBRE CHICAGO

Ainda como explica Marcos Araújo, as especulações sobre as importações americanas de soja do Brasil ajudam a pressionar as cotações em Chicago.  Nesta quinta-feira (29), as correções depois das últimas altas continuaram e o mercado fechou o dia com perdas de 9,25 a 15,25 pontos, desta vez com as perdas mais expressivas sendo registradas nos vencimentos mais curtos. Assim, o julho terminar o pregão com US$ 15,02 e o setembro com US$ 13,56 por bushel. 

No entanto, o analista complementa dizendo que ainda é difícil precisar se o movimento pode se intensificar e até quando pode durar. "Acredito que as baixas são limitadas", diz. 

E o analista norte-americano também compartilha dessa visão. Com a projeção de um crescimento de área dedicada à soja na nova safra dos EUA é sabido que a oferta 2021/22 dos EUA será insuficiente para equilibrar o mercado e atender à demanda. Assim, o foco permanece sobre o mercado climático e a safra americana com pouco espaço para perdas. 

"Não acredito que o preço da nova safra na casa dos US$ 13,00 reflita como o cenário está realmente apertado. Acho que eles deverão ficar muito mais próximos dos US$ 15,00 para refletir a situação e dar a atenção necessária que um quadro como este merece", diz Todd Hultman. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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