CNA afirma que o agro é parte da solução para a escassez de alimentos
“O agro é parte da solução porque gera divisa, emprego e segurança alimentar,” afirmou o diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi, em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, na quarta (25).
Lucchi debateu o tema “Modelo Agrário, Desabastecimento Alimentar e Fome”, com representantes do governo, de entidades do setor produtivo e da academia.
“O Brasil foi um dos poucos países que conseguiu garantir segurança alimentar e gerar excedentes exportáveis durante a pandemia da Covid-19 em função de ter uma agropecuária competitiva desde o pequeno ao grande produtor”, disse.
Ele apresentou dados da inflação de alimentos no Brasil e no mundo, além dos impactos do clima e a valorização nos preços dos insumos que contribuíram para a alta dos custos de produção.
“É importante reforçar que estamos em uma pandemia e isso é um fator que está impactando a produção de alimentos. Tivemos o pior resultado dos últimos anos na inflação mundial. Então, não é um caso só do Brasil. Ano passado tivemos uma série de problemas que já estamos arrefecendo ao equilibrar oferta e demanda”, disse.
Bruno Lucchi mostrou a balança comercial do agronegócio dos principais produtos exportados de janeiro a julho de 2021, cujo incremento foi muito maior em valores do que volume.
“O principal mercado do Agro brasileiro é o Brasil, são poucos produtos que exportamos mais do que consumimos internamente. As exportações ajudam a equilibrar a margem de algumas cadeias produtivas em momentos de baixa demanda interna ou custos elevados”.
Lucchi explicou que, no caso das exportações de arroz, houve uma redução de 50% com queda no preço devido à acomodação na demanda mundial. As exportações do feijão continuam, “mas representam apenas 3% da produção, ou seja, é muito pouco para influenciar em uma escassez doméstica”.
O diretor técnico da CNA falou ainda sobre o aumento do desemprego durante a pandemia e mostrou que o auxílio emergencial do governo contribuiu para garantir à população acesso ao alimento, reduzindo, segundo ele, os índices de pobreza extrema do Brasil a valores menores que em 2018 e 2019.
“Temos hoje quase 14% de desempregados, que não têm condição de comprar alimento independente do preço. O maior problema hoje da miséria e da fome é a distribuição de renda. É um problema da economia e não de abastecimento”.
Lucchi destacou também o movimento do setor agropecuário para arrecadação de alimentos, o Agro Fraterno, por meio da doação voluntária de produtores e empresas ligadas ao setor. Até o momento, 193.413 kg de alimentos e 62.034 cestas básicas foram arrecadados pela iniciativa.
“Políticas públicas de incremento de renda da população é um caminho ao invés de fazermos estoques públicos em um país que se produz muito. Os problemas de preço são conjunturais e iremos resolver com crescimento econômico e com programas sociais para a população.”
Nas considerações finais, o diretor frisou que temos dois problemas, um de ordem econômica e outro de algumas cadeias produtivas e perfis de produtores que merecem políticas públicas diferenciais, a exemplo da agricultura familiar, “onde é legítimo buscar melhoria no crédito rural, assistência técnica ou na agregação de valor ao produto artesanal e/ou tradicional.”
“O agro tem cadeias produtivas com problemas e produtores com perfis diferentes que precisam de atendimento diferenciado. O agronegócio é tudo: produtor pequeno, médio, grande e da agricultura familiar. Então, não é tributando as exportações que iremos resolver o problema da fome no Brasil”, concluiu.
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