Soja: Preços na entressafra do Brasil vão depender, além dos fundamentos, do comportamento do produtor

Publicado em 28/09/2021 16:51 e atualizado em 28/09/2021 17:27
Camilo Motter - Granoeste Corretora de Cereais
Ritmo de comercialização do restante da safra velha irá acompanhar desenvolvimento da safra 2021/22 no campo. Trajetória do mercado vai depender ainda do comportamento da demanda, do plantio brasileiro e das vendas americanas.

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Entrevista com Camilo Motter - Granoeste Corretora de Cereais sobre o Fechamento de Mercado da Soja

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Os preços da soja terminaram o dia com perdas de mais de 10 pontos entre as posições mais negociadas na Bolsa de Chicago nesta terça-feira (28). Assim, o novembro encerrou os negócios com US$ 12,77 e o maio/22 voltou a perder os US$ 13,00 por bushel, fechando com US$ 12,98. 

Em contrapartida, o dólar subiu quase 1% frente ao real, termina o dia acima dos R$ 5,40 e ajudou na manutenção de preços ainda elevados e sustentados para o produtor brasileiro. São referências nos portos ainda acima dos R$ 170,00 por saca para a safra velha e dos R$ 160,00 para a temporada 2021/22. 

Como explicou o economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, o dólar hoje foi determinante para a garantia de preços melhores no mercado nacional, uma vez que os prêmios também cederam ligeiramente no Brasil. 

"O comportamento do produtor nos últimos dias,  observando a questão climática, tem sido de retração", relata Motter sobre o ritmo atual dos negócios no mercado nacional. "Se observarmos a formação do preço em agosto e início de setembro, as altas foram lideradas pelos prêmios. Mas, nos últimos dias, se deu pelo avanço do câmbio, ao lado da retração de Chicago e dos prêmios". 

Em algumas regiões, mesmo que momentaneamente, os preços locais se mostram melhores e mais elevados do que as referências das exportações, o que acaba motivando negócios pontuais e mais locais onde essa realidade se desenha e se confirma. 

Ainda segundo o analista, é difícil a definição de uma tendência para os mercados da soja tanto em Chicago, quanto no Brasil. E para que essa trajetória se defina será necessário monitorar alguns fatores como o comportamento da demanda chinesa nos próximos meses, o andamento do plantio no Brasil e o ritmo de comercialização. 

"Se o produtor reter muito os estoques remanescentes de safra velha, é possível que tenhamos uma tendência de alta expressiva para o produto disponível no período de entressafra. Então, vai depender muito do comportamento que o produtor adotar, o qual estará muito relacionado à evolução da nova safra no campo. Se ela evoluir bem, é claro que ele vai se desfazer dos lotes mais cedo. Se a safra começar a emperrar por questões climáticas é possível que ele segure um pouco mais diante da perspectiva de novas altas pela frente. E esse comportamento vai ser importante para definir quão mais alto esse preço interno será na entressafra em relação à paridade de exportação", explica. 

BOLSA DE CHICAGO

Ao lado do dólar, pesam sobre os preços praticados em Chicago o clima melhor sendo esperado para o plantio no Brasil, com chuvas melhores e mais bem distribuídas previstas para outubro. 

Do mesmo modo, o avanço da colheita americana, que, de acordo com o último boletim semanal de acompanhamento de safras, chega a 16%, também é fator de pressão. O número ficou ligeiramente acima do esperado, que era de 15%. O índice de lavouras em boas ou excelentes condições permaneceu inalterado em 58%.

Paralelo ao cenário de oferta, o de demanda também continua sendo acompanhado, com a China em foco. O ritmo de vendas e embarques norte-americanos segue baixo, mas tende a se recuperar com a chegada da nova safra e com uma melhora das questões logísticas nos EUA, tornando sua soja, inclusive, mais competitiva. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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