FAO alerta que guerra pode provocar aumento de até 20% nos preços de alimentos
![]()
ROMA (Reuters) - Os preços de alimentos e matérias-primas para rações podem subir entre 8% e 20% como resultado da conflito na Ucrânia, provocando um salto no número de pessoas desnutridas em todo o mundo, disse a FAO, a agência de alimentos e agricultura das Nações Unidas, nesta sexta-feira.
Em uma avaliação preliminar sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia, a FAO disse que não estava claro se a Ucrânia seria capaz de realizar colheitas durante um conflito prolongado, e que há também incertezas em torno das exportações de alimentos russos.
A FAO disse que a Rússia é o maior exportador mundial de trigo, enquanto a Ucrânia foi o quinto maior. Juntos, eles fornecem 19% da oferta mundial de cevada, 14% do trigo e 4% do milho, representando mais de um terço das exportações globais de cereais.
A Rússia também é líder mundial nas exportações de fertilizantes.
"As prováveis interrupções nas atividades agrícolas desses dois principais exportadores de commodities básicas podem aumentar seriamente a insegurança alimentar globalmente", disse o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, em comunicado.
O índice de preços de alimentos da FAO atingiu um recorde em fevereiro, e parece caminhar para uma subida ainda maior nos próximos meses, à medida que as consequências do conflito repercutem em todo o mundo.
A FAO disse que apenas parte do déficit esperado nas exportações da Rússia e da Ucrânia pode ser atendido por outros países.
"Preocupantemente, a lacuna de oferta global resultante pode aumentar os preços internacionais de alimentos e rações em 8% a 22% acima de seus níveis já elevados", afirmou.
Entre 20% e 30% dos campos usados para cultivar cereais de inverno, milho e girassol na Ucrânia não serão plantados ou permanecerão sem colheita durante a temporada 2022/23, previu a FAO.
A FAO disse que 50 países, incluindo muitas das nações menos desenvolvidas, dependem da Rússia e da Ucrânia para 30% ou mais de seus suprimentos de trigo, deixando-os especialmente vulneráveis.
"O número global de pessoas subnutridas pode aumentar de 8 a 13 milhões de pessoas em 2022/23", disse a FAO.
Os aumentos mais pronunciados seriam observados na região da Ásia-Pacífico, seguida pela África Subsaariana, Oriente e Norte da África.
A FAO pediu a outros países que não imponham restrições à exportação de seus próprios produtos.
"Elas exacerbam a volatilidade dos preços, limitam a capacidade de amortecimento do mercado global e têm impactos negativos no médio prazo", disse a agência.
Vários países em todo o mundo anunciaram restrições à exportação de alimentos ou estão considerando proibições para proteger seus suprimentos domésticos após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
De outro lado, a ministra da Agricultura do Brasil, Tereza Cristina, conseguiu nesta quinta-feira apoio de seus colegas ministros de países da América do Sul para levar à FAO proposta de que fertilizantes fiquem fora das sanções econômicas por guerra e questões geopolíticas, conforme informou a Reuters.
O principal argumento da ministra, de que fertilizantes, assim como alimentos, não podem ser sofrer sanções, teve respaldo nesta quinta-feira dos ministros do Conselho Agropecuário do Sul (CAS), que reúne Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.
(Reportagem de Crispian Balmer)
0 comentário
Trump ameaça processar Powell, do Fed, e anunciará seu substituto em janeiro
Índices de Wall Street fecham em baixa com queda de ações de tecnologia antes do Ano Novo
Ibovespa fecha em queda com ajustes em pregão de liquidez reduzida
Bolsonaro ficará internado até 1º de janeiro se não houver novas intercorrências, diz médico
Trump diz que EUA atacarão novamente se Irã estiver reconstruindo programa nuclear
Dólar à vista fecha em alta com exterior em sessão de menor liquidez nos mercados