Pagar parte da dívida já está difícil

Publicado em 08/10/2008 15:21

Agricultores dividem-se entre destinar o dinheiro disponível para quitar 40% da parcela de 2008 ou para o plantio da safra. Niza Souza e Fernanda Yoneya

Para o produtor Jorge Machado Rodrigues, de Santo Augusto (RS), renegociar a dívida é a única opção. Embora a renegociação limite o acesso ao crédito, não renegociá-la e usar o dinheiro na safra é ainda mais arriscado, diz. Machado conta que já mudou a intenção de plantio de safra. Ele, que costuma plantar mais de <?XML:NAMESPACE PREFIX = ST1 />200 hectares de soja, reduziu a área com a leguminosa para 150 hectares. O custo de produção da soja, que praticamente dobrou, é de R$ 1.400/hectare. A expectativa, agora, é com que preço vou vender a safra.

Outro produtor, Altemar Kroling, de Diamantino (MT), conta que aderiu à renegociação, mas solicitou aos bancos a prorrogação de 100% da parcela que vence dia 15 de outubro para o ano que vem. Estamos em um dilema. Ou pagamos os 40% da dívida ou plantamos a próxima safra. Se eu pagar os 40% no dia 15, não terei dinheiro para comprar diesel e começar o plantio, diz o produtor, que planta grãos, em 2 mil hectares, com os irmãos e o pai.

MENOS ADUBO

Kroling já está com 30% dos insumos comprados e outros 20% estão a caminho. Não terei como comprar os 50% restantes; vou reduzir a adubação, diz, já contabilizando a redução de produtividade de 30% em algumas áreas.

Ele conta que seu pai renegociou a dívida no Banco do Brasil no ano passado, o que travou, agora, o crédito de Kroling e de seus irmãos, pois somos uma empresa familiar. Negociei o pouco que consegui via Cédula de Produto Rural, com as tradings.

Redução da área plantada e baixa tecnologia na lavoura. Estas são as alternativas do produtor Mário Guardado Rodrigues, de Diamantino (MT). Em vez de 1.500 hectares, vai plantar 1.200, com menos adubo. O produtor está descapitalizado e tem que optar entre renegociar a dívida ou plantar, diz. Estou com 5 mil sacos de milho estocados, mas não tem comprador e o preço está baixo. Não consegui vender nem a R$ 12/saca, conta. Em relação à soja, o produtor diz que o preço não está tão baixo - R$ 33/saca -, mas não alivia a situação, porque o do fertilizante dobrou desde 2007.

Para o produtor Silvério Gehardt, a renegociação é a única saída. Não renegociar é pior; o agricultor fica inadimplente e aí é que o crédito é bloqueado. Este ano, ele vai plantar 750 hectares de soja. Quem está usando os 40% da dívida para pagar o plantio tem a esperança de conseguir crédito para depois liquidar a dívida. É arriscado.

Exceção entre produtores, Alberto Schoupinski Neto, de Nova Mutum (MT), já está com os insumos comprados e aguarda o início das chuvas para dar início ao plantio de 250 hectares de soja. Ele planta soja, milho e sorgo e aderiu à renegociação. Vai pagar os 40% no dia 15. Renegociei, mas sei que o crédito sumiu e que as tradings estão restringindo as negociações. Os bancos consideram esses produtores como clientes de risco.

 

 

Fonte: O Estado de SP

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Fonte:
O Estado de SP

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