"Safra 24 de café no Cerrado Mineiro é uma fumaça grande e densa, ninguém consegue enxergar", afirma liderança
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As principais regiões produtoras de café no Brasil vêm registrando temperaturas acima da média. As altas temperaturas, aliadas ao veranico dos últimos dias, continuam trazendo muita preocupação.
No Cerrado Mineiro, região que já tem por característica própria altas temperaturas, o cenário não é diferente e o desenvolvimento de mais uma safra começa com muita insegurança para o produtor.
"A safra de 2024 no Cerrado Mineiro é uma grande fumaça densa, ninguém consegue enxergar o que vai acontecer", disse Francisco Sérgio de Assis Diniz, ao Notícias Agrícolas durante o 29º Encafé.
Há alguns dias a temperatura atinge máxima de 40 graus na sombra, de acordo com Sérgio que é uma das referências do mercado de café no Cerrado. Mas, além da falta de chuva, as condições climáticas atuais têm favorecido a incidência do bicho mineiro.
"Choveu sim, mas choveu pouco. O bicho mineiro hoje está em todo o Cerrado, a planta desfolhada e não segura carga. O cenário hoje é de uma apreensão muito grande", disse.
Com relação aos números, Sérgio afirma que ainda é muito cedo para estimativas, mas no entanto diz que os números devem ficar abaixo do produção este ano na região. A safra 23 surpreendeu no Cerrado e os números devem alcançar a marca de 7 milhões.
"O produtor adubou um pouco menos após a safra e isso também deixou a planta debilitada", complementa. Entre os desafios para o produtor, Sérgio destaca os custos de produção, já que os preços continuam sem acompanhar os altos investimentos que o setor tem feito.
"Nos últimos anos tivemos seca, geada, produtor entregando agora o café das vendas futuras. O produtor perdeu "na ida e na volta". Pouca gente aproveitou a fase de alta nos preços", diz. Destaca ainda que os pequenos e médios produtores são os que continuam sentido a incerteza da lavoura até as negociações.
Chama atenção para o custo ambiental, que agora já faz parte da realidade do produtor e precisa estar no planto de gestão. "O mundo tem que acordar porque nós entregamos um café sustentável, rastreável, de qualidade", afirma.
Na outra ponta, o especialista afirma que o exportador também está retraído, apesar da demanda continuar aquecida. "A demanda de café é alta, o gargalo é a produção e preço. Os custos só aumentaram, não podemos falar só do custo agronômico", afirma.
Com a volatilidade acentuada, Sérgio acredita que o mercado continuará nesses moldes até pelo menos o mês de janeiro - quando será possível fazer estimativas de safra no Brasil. Com os custos atuais, na região do Cerrado Mineiro, para pagar as contas seria necessário que a saca do tipo bebida dura voltasse a ser negociada a partir de R$ 1.000,00 para o produtor começar a ter uma margem de lucro. Já em relação ao café especial, é esperado que se tenha pelo menos 20% de acréscimo acima deste valor.
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