Interior de São Paulo registra aumento na pressão de mosca-branca na soja e liga alerta para 2ª safra de feijão
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A safra de soja 2023/24 já havia sido marcada por um aumento da pressão da mosca-branca em muitas regiões produtoras brasileiras, agora o ciclo 2024/25 volta a registrar o problema, especialmente no interior de São Paulo, onde a presença dos insetos nas lavouras estão até acima do registrado na temporada passada.
“A mosca-branca se tornou um problema de uns três ou quatro anos para cá, antes não se falava em mosca-branca. Hoje a cidade está infestada, atacando plantas, flores e jardins. Nós tivemos um ataque muito grande no milho inicial e depois ela fica em mato, áreas que não tiveram cobertura com herbicida, e acaba passando de um ciclo para o outro e aumentando de um ano para o outro. Até na cidade está infestado, nas flores e jardins das casas”, conta Antônio José Tondato, produtor rural em Cândido Mota/SP, que fica mais próximo ao Paraná.
A situação se repete em outro lado do estado, no município de Guaíra, que fica ao norte mais próximo de Minas Gerais.
“As lavouras de soja estão boas, mas a preocupação é a mosca-branca que começou a atacar as lavouras não só em Guaíra, mas em toda a região. Começaram as baterias de aplicação de defensivos para controlar os adultos e as ninfas”, relata Renato Silva, produtor rural em Guaíra/SP.
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Até mesmo regiões em que a pressão do inseto ainda não é grande já estão entrando em alerta. “Até aqui ainda não percebemos infestação de mosca-branca, não tivemos relato de produtores, mas estamos monitorando. Com dias sem chuva pode ser que a população aumente”, comenta o Presidente do Sindicato Rural de Nuporanga/SP, Vinícius Bocalon.
Essa relação entre o aumento da presença de moscas e o clima é corroborada por especialistas ouvidos pelo Notícias Agrícolas. “Com o calor e menos chuva, as pragas se tornam mais presentes, além de encurtar o ciclo dos insetos e aumentar a capacidade reprodutiva deles. Então, houve um avanço muito expressivo da praga na cultura da soja”, pontua o Fitotecnista, Paulo Garollo.
Tondato destaca ainda que existe uma grande dificuldade para realizar o controle da praga e poucos produtos disponíveis no mercado para este combate.
“Ha três anos eu tive um prejuízo muito grande, ela mela a soja, escurece a folha e prejudica a granação. Já cheguei a perder 25 sacas por hectare. Fomos aprendendo a combater a mosca-branca porque é muito difícil, você passa, ela voa e reinfesta muito rápido. Agora estão surgindo produtos, mas ainda muito caros. A gente entra controlando muito cedo, antes de ter um alto nível de infestação. O grande problema é se algum vizinho não fizer o controle, acaba reinfestando outras lavouras”, diz o produtor de Cândido Mota/SP.
Esse difícil controle da praga é reforçado pela Entomologista da Fundação MT, Lúcia Vivan, que destaca que não pode haver demora para entrar com aplicações de defensivos, já que a colonização ocorre rápido, aumentando a população da praga na lavoura.
“É importante acompanhar a população de adultos e realizar a aplicação quando observar de 5 a 10 ninfas, esse é o momento de iniciar a aplicação”, aponta Vivan.
A importância deste olhar para as ninfas também é destacada por Eliane Quintela, Pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão. “O principal problema do controle pelos produtores é que eles pensam somente nos adultos, mas se existem ninfas no campo elas viram novos adultos. Então o correto é utilizar inseticidas que atinjam tanto os adultos quanto nas ninfas”.
A pesquisadora explica que é importante iniciar o controle desde a safra de soja e no começo do ciclo da praga, que se reproduz rápido e consegue “se esconder” embaixo das folhas.
“De 15 a 18 dias já se tem uma nova geração de moscas, então é importante realizar a aplicação com as ninfas ainda no 1º ou 2º instar, quando as ninfas ainda estão nas folhas do ponteiro. A fêmea faz a postura na folha do ponteiro, com 6 dias já tem ninfas de 1º instar, mais 9 dias tem ninfas de 2º instar ainda no ponteiro. Se deixar para o 3º ou 4º instar as ninfas já estão no meio e baixeiro das plantas e a maior parte dos inseticidas atingem mais a parte superior das folhas”, detalha Quintela.
Além de causar preocupações e prejuízos na soja, a mosca-branca também já liga o sinal de alerta nessas regiões para a segunda-safra de feijão, que vem na sequência e teria trabalhos de plantio previstos para o mês de maio.
“Há uma grande preocupação para o planejamento da cultura do feijão que se inicia em março. Diante dessa infestação alta da soja, estamos sugerindo prolongar o plantio para maio ou junho dna segunda safra. O ano passado já tivemos problema na soja e no feijão também. De uma produção de 20 mil hecatres em um raio de 150 km na região, tivemos 2 mil hectares que tiveram que ser gradeados e outras áreas com produção de 10 ou 20 sacas, muito prejuízo no feijão”, lamenta Silva.
“A planta de soja é hospedeira dos dois vírus transmitidos pela mosca-branca para o feijão, o Cowpea mild motle virus (carlavirus), que causa a Necrose da haste da soja, e o Bean Golden mosaic virus (geminivirus), o vírus do mosaico dourado do feijoeiro. Quando se planta feijão logo após a soja a produção é muito afetada. No ano passado, como a soja se estendeu até abril, quem semeou o feijão logo depois teve perdas de até 100%”, explica Quintela.
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