Taxas dos DIs caem com serviços e núcleos do IPCA melhores que o esperado em janeiro
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Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a terça-feira em queda no Brasil após o IPCA ficar dentro do esperado em janeiro, mas revelar núcleos de inflação e números de serviços melhores que o projetado, em um dia marcado ainda por nova baixa do dólar ante o real.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para julho de 2025 -- um dos mais líquidos no curtíssimo prazo -- estava em 14,17%, ante o ajuste de 14,174% da sessão anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava 15,045%, em baixa de 14 pontos-base ante o ajuste de 15,182%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,77%, em queda de 12 pontos-base ante 14,889% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,72%, ante 14,824%.
No início do dia o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,16% em janeiro, após alta de 0,52% em dezembro. Essa é a menor taxa para um mês de janeiro desde o início do Plano Real, em 1994, levando a taxa em 12 meses a acumular avanço de 4,56% até janeiro.
Os resultados de janeiro ficaram em linha com as expectativas de economistas ouvidos em pesquisa da Reuters, de taxa de 0,16% no mês e de 4,57% em 12 meses.
Os índices cheios foram os esperados, mas a abertura do IPCA trouxe surpresas positivas. Os serviços subjacentes subiram 0,86% em janeiro, conforme cálculo do banco Bmg, acima do 0,93% projetado pela instituição, enquanto os serviços intensivos em mão-de-obra avançaram 0,79%, ante expectativa de 0,79%. A média de núcleos de inflação ficou em 0,60%, de acordo com o Bmg, ante projeção de 0,63%.
“Pela abertura, subjacentes e núcleos vieram melhor que o esperado, então isso ajudou a aliviar”, disse o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano, ao justificar o recuo das taxas dos DIs. “Mas em termos absolutos, o número (do IPCA) ainda é ruim”, alertou.
Neste cenário, a taxa do DI para janeiro de 2027 atingiu a mínima de 14,99% às 13h47, em baixa de 19 pontos-base ante o ajuste da véspera.
“Não dá para falar que o número (do IPCA) foi benigno, mas dada a surpresa do IPCA-15 de duas semanas atrás, a expectativa era de um dado ainda pior”, disse Getulio Ost, superintendente de Renda Fixa da SulAmérica Investimentos. “E o IPCA veio melhor no qualitativo, o que ancora um pouco melhor a Selic terminal para algo próximo de 15,5%”, acrescentou.
Ost chamou atenção ainda para o fato de o leilão de títulos do Tesouro desta terça-feira ter sido menor, retirando um pouco da pressão sobre a curva de juros. O Tesouro vendeu 900 mil LFTs e 1,4 milhão de NTN-Bs nesta terça, contra 521,7 mil LFTs e 3,3 milhões de NTN-Bs na semana passada.
Em dias de leilões, é comum que a curva enfrente uma pressão de alta porque agentes que adquiriram títulos costumam fazer o hedge (proteção) da operação no mercado de DIs.
Além destes fatores, o dia foi de nova baixa do dólar ante o real, a despeito das tensões no comércio global, após o presidente norte-americano Donald Trump elevar as tarifas de importação de aço e alumínio -- dois produtos de exportação do Brasil para os EUA.
Perto do fechamento desta terça-feira a curva a termo precificava 91% de probabilidade de elevação de 100 pontos-base da taxa básica Selic em março, contra 9% de chance de aumento de 125 pontos-base. Atualmente a Selic está em 12,25% ao ano.
A grande dúvida, no entanto, ainda é sobre o passo seguinte do Banco Central, na reunião de maio do Comitê de Política Monetária (Copom). Na segunda-feira o mercado de opções de Copom da B3 precificava 42% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em maio, 24,00% de chances de elevação de 75 pontos-base e 20,00% de probabilidade de alta de 100 pontos-base.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries se mantinham em alta em meio aos temores de que a guerra comercial possa significar mais inflação para os EUA, com o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, indicando não haver pressa para cortar juros.
Às 16h37, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 4 pontos-base, a 4,537%.
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