Brasil diz que tarifa sobre etanol dos EUA seria irracional e pede negociações sobre açúcar
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BRASÍLIA/SÃO PAULO, 13 de fevereiro (Reuters) - O ministro de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira, disse nesta quinta-feira que uma possível tarifa dos EUA sobre o etanol brasileiro não seria razoável, enfatizando que os dois países historicamente negociam o comércio de etanol e açúcar juntos.
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Seus comentários foram feitos depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, decidiu acabar com as baixas tarifas de décadas, aumentando-as para se equipararem às de outros países. Um informativo da Casa Branca sobre o plano apontou as tarifas de etanol do Brasil como um exemplo de práticas comerciais desleais.
"A tarifa dos EUA sobre o etanol é de meros 2,5%, mas o Brasil cobra das exportações de etanol dos EUA uma tarifa de 18%. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil", disse o documento na quinta-feira.
Silveira argumentou que, para que o plano de Trump seja justo e recíproco, como defende o republicano, a maior economia do mundo precisaria eliminar as tarifas de importação do açúcar brasileiro.
"A medida adotada pelo presidente Trump é descabida, pois não há menção de permitir maiores exportações de açúcar brasileiro para os EUA", disse ele em nota.
O anúncio de Trump não tem impacto imediato, mas pode resultar em tarifas mais altas para os principais parceiros comerciais até o início de abril, desencadeando negociações com dezenas de países para reduzir tarifas e barreiras comerciais.
O ministro das Finanças do Brasil, Fernando Haddad, disse na quinta-feira que viu potencial para negociações tarifárias com os EUA
O Brasil, um dos maiores produtores de açúcar do mundo, produziu cerca de 35 bilhões de litros de etanol em 2024, mas exportou menos de 6%, dos quais apenas 300 milhões de litros foram para os EUA, mostrou um relatório do BTG Pactual.
Enquanto isso, o Brasil importou 192 milhões de litros de etanol em 2024, 109 milhões dos quais vieram dos EUA, de acordo com o BTG Pactual, observando que a maior parte do etanol dos EUA vem do milho, enquanto o etanol de cana-de-açúcar ainda detém a liderança no Brasil.
Na declaração, Silveira argumentou que os EUA impõem uma tarifa de US$ 360 por tonelada sobre as importações de açúcar fora das cotas preferenciais, o que equivale a um imposto de 81,2% considerando os preços atuais de mercado — muito maior do que a tarifa de 18% do etanol no Brasil.
Ele observou que a cota de importação de açúcar definida pelos EUA para o Brasil na última safra foi de 147.540 toneladas, ou cerca de 0,4% do total das exportações de açúcar da maior economia da América Latina.
"Há muito tempo... o Brasil não consegue exportar açúcar para os Estados Unidos, exceto em pequenas cotas, porque suas tarifas tornam a exportação inviável", disse à Reuters o chefe do grupo de lobby do açúcar e etanol do Brasil, Unica, Evandro Gussi.
Por outro lado, em um comunicado, a US Renewable Fuels Association, um grupo comercial de etanol, agradeceu a Trump "por seu comprometimento em restabelecer uma relação comercial de etanol justa e recíproca com o Brasil".
Reportagem de Marcela Ayres e Andre Romani; Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu em Brasília; Edição de Sarah Morland e Michael Perry
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