Prazo da Selic em 15% depende de dados e não há fator específico que levaria a alta no juro, diz Galípolo
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BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira que a autarquia não tem uma resposta sobre o prazo em que a Selic será mantida em 15% ao ano, ressaltando que essa decisão dependerá da análise de dados.
Após o Comitê de Política Monetária (Copom) afirmar na semana passada que a inflação demanda uma política monetária contracionista por um período "bastante prolongado" e que não hesitará em retomar o ciclo de alta dos juros básicos se necessário, Galípolo afirmou em entrevista coletiva que uma eventual decisão nesse sentido não dependeria de um fator específico.
"A gente não vai responder o quanto tempo é o 'bastante prolongado'. A gente está dizendo que não está dando esse 'guidance' nem esse tipo de compromisso. A gente vai seguir analisando os dados", disse.
Questionado sobre a perspectiva para uma possível alta de juros, Galípolo disse que não haveria um "gatilho" único. "Como a gente tem comentado, não existe um indicador específico, o BC vai analisar um conjunto de indicadores."
O BC decidiu na semana passada elevar a Selic em mais 0,25 ponto percentual, a 15,00% ao ano, e destacou que antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros, considerando que a taxa deve permanecer inalterada por "período bastante prolongado".
Para Galípolo, existem vários caminhos para atingir o centro da meta de inflação, acrescentando que as autoridades estão comprometidas em perseguir o alvo no horizonte relevante de atuação da política monetária, que atualmente é o último trimestre de 2026.
O presidente do BC afirmou que há uma defasagem do efeito da política monetária, e que a taxa de juros que a economia está sentindo não é o patamar atual da Selic, o que justifica a pausa no ciclo de alta.
O BC tem como meta oficial de inflação uma taxa de 3%, com uma banda permitida de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Em relação à política fiscal, Galípolo falou que faz parte da democracia que os debates sobre o assunto transcorram com avanços e bloqueios, destacando que o tema do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) não afeta diretamente a condução da política monetária.
Na quarta-feira, o Congresso Nacional impôs uma derrota ao governo ao derrubar decretos que tratavam da elevação de alíquotas de IOF.
Segundo Galípolo, o BC olhará como o tema das contas públicas reflete na inflação corrente e nas expectativas de mercado para os preços.
Ele acrescentou que não há relação "mecânica" entre o balanço de riscos para a inflação divulgado pela autarquia em suas comunicações e a condução da política monetária.
Segundo Galípolo, a opção do BC por deixar de especificar se o seu balanço de riscos altistas e baixistas para a inflação está simétrico ou assimétrico foi proposital e visou evitar uma "contagem de riscos" para um lado e para outro como uma indicação de o que o BC fará.
(Por Bernardo Caram; Reportagem adicional de Fernando Cardoso)
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