Dólar oscila pouco com cautela diante de negociações comerciais e impasse do IOF
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Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista oscilava pouco ante o real nesta quarta-feira, conforme os investidores monitoravam as discussões comerciais dos Estados Unidos com parceiros antes do prazo para o fim da trégua comercial e aguardavam novidades sobre o impasse em torno do decreto do governo sobre o IOF.
Às 10h04, o dólar à vista subia 0,06%, a R$5,4643 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,08%, a R$5,497 na venda.
Na terça-feira, o dólar à vista fechou com alta de 0,48%, a R$5,4610.
Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo a força do dólar no exterior, uma vez que os agentes demonstravam cautela com a aproximação do prazo de 9 de julho para que os países fechem acordos comerciais com os EUA a fim de evitar a imposição de tarifas mais altas.
O presidente dos EUA, Donald Trump, indicou na véspera que não deve estender esse prazo e continuou a expressar dúvidas de que um acordo pudesse ser alcançado com o Japão, um dos principais parceiros comerciais de Washington.
As incertezas sobre o panorama do comércio global para a próxima semana afastava o apetite por moedas mais arriscadas no pregão, favorecendo o dólar ante pares do real, como o peso mexicano e o rand sul-africano.
"A incerteza em relação à política comercial dos EUA -- como é que vai ficar depois de 9 de julho, quais vão ser as tarifas -- tende a aumentar a aversão a risco dos investidores globalmente, o que favorece o desempenho de ativos considerados seguros", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Em um outro fator positivo para a divisa dos EUA, operadores têm reduzido um pouco suas apostas recentes em cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve, depois que o chair Jerome Powell reiterou na terça que o banco central aguarda os impactos das tarifas para determinar a trajetória da política monetária.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,46%, a 97,083.
As atenções se voltarão na quinta-feira para a divulgação do relatório de emprego dos EUA para junho, com os mercados em busca de mais sinais sobre o espaço que o Fed terá para reduzir os juros.
"A ideia de que o mercado de trabalho possa estar se enfraquecendo mais rápido que o esperado tende a abrir espaço para cortes de juros pelo Fed, porque reduz as pressões inflacionárias", afirmou Mattos.
Na cena doméstica, o mercado nacional ainda deve continuar repercutindo a decisão da Advocacia-Geral da União (AGU) de ingressar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para defender o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que elevava alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Novos desenrolares sobre a questão podem influenciar as negociações ao longo do dia.
Mais tarde, investidores vão acompanhar a participação do diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, na 17° Conferência de Equity do Citi Brasil, em São Paulo, às 12h30.
Na frente de dados domésticos, a indústria brasileira registrou queda em maio pelo segundo mês seguido. Números do IBGE mostraram que a produção industrial contraiu 0,5% na comparação com o mês anterior e avançou 3,3% ante o mesmo mês de 2024.
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