Hora é de encher o tanque com álcool
Na hora de abastecer, o consumidor brasiliense deve abrir mão da gasolina. Os números da última semana mostram que o preço do litro de álcool está mais vantajoso em todos os 89 postos do Distrito Federal (30% do total de revendas de combustível) pesquisados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e dão um reflexo do mercado local. Ou seja, em todas as bombas da capital do país, de acordo com a agência, o litro de álcool vale menos de 70% do valor da gasolina.
Além do Distrito Federal, a vantagem é verificada na média dos postos de 20 estados do país em função da safra da cana-de-açúcar. Apesar disso, a prioridade dos proprietários de carros bicombustíveis da capital federal ainda é a gasolina. A média mensal de venda das distribuidoras para os postos do DF, este ano, está em 60,1 mil m³ de gasolina, contra 17,2 mil m³ de álcool. Do volume total de combustíveis vendidos de janeiro a maio, 22% são de álcool. Na média nacional, a participação do álcool no mercado sobe para 38%.
O preço mais barato faz com que o álcool seja sempre prioridade para a dentista Waleska Brasileiro de Araújo, de 38 anos, que calcula gastar cerca de R$ 100 de combustível por mês. "Todo mundo diz que o álcool vale mais a pena, então me baseio nisso e opto sempre por ele. Nem sempre faço a conta, já escolho logo", conta a moradora do Cruzeiro que trabalha no Setor Comercial Sul.
O protético autônomo Erasmo da Silva Cunha, de 37 anos, prefere gasolina, mesmo quando ela não é vantajosa financeiramente. "Rodo muito de carro. Então, teria que abastecer muito se utilizasse o álcool, que dura bem menos", justifica. Todos os meses, ele gasta cerca de R$ 450 em combustível.
Um tanque cheio (1) com álcool dura 30% menos que igual volume de gasolina. Um carro que faz 10 quilômetros por litro de gasolina, por exemplo, faz sete quilômetros por litro de álcool. "O álcool consome 30% mais do que a gasolina e, com isso, o consumidor acaba tendo que parar mais vezes no posto para abastecer, mas a diferença de preços vale a pena", afirma o engenheiro Eduardo Campos, gerente comercial da Magneti Marelli, que desenvolveu o sistema bicombustível no país.
Folclore
Para quem tem dúvidas sobre a desvantagem de um ou outro combustível, Eduardo avisa: "É folclore achar que precisa alternar. O proprietário pode usar o combustível que quiser e pode misturar um com o outro no mesmo tanque. A escolha deve ser feita pelo aspecto econômico. É só fazer a conta". Há seis anos no mercado, os carros flex representam 88% dos veículos que saem das fábricas, segundo divulgado ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O preço mais barato do álcool se deve ao longo período de safra da cana-de-açúcar. A colheita na região Centro-Sul, que responde por 86% da produção nacional, vai de meados de abril até dezembro. A partir de janeiro, o preço pode subir pela queda da oferta do produto ao mercado, segundo o assessor técnico da Comissão Nacional de Cana-de-açúcar da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Ricardo Severo. "Temos apenas de três a quatro meses de entressafra, quando o preço sobe. A tendência é ter um preço mais barato mesmo", afirma.
A expectativa de que os proprietários de carro flex elevem o consumo de álcool neste ano deve aumentar em 11% o volume de produção do álcool hidratado, enquanto a quantidade de álcool anidro - que é adicionado à gasolina - poderá cair em 8%. "Como a população deve consumir menos gasolina, será necessária uma quantidade menor de anidro."
1 AUTONOMIA
Em um carro com tanque de 50 litros, abastecido com gasolina, é possível rodar em média 500km. Com álcool, a autonomia cai para 350km. A cada dois mil quilômetros rodados, o motorista de um carro movido a gasolina precisa passar quatro vezes no posto de abastecimento. No caso do álcool, seriam duas abastecidas a mais.
O número
60,1 mil m3
é a média mensal de venda de gasolina no Distrito Federal em 2009
O número
17,2 mil m3
é a quantidade média de álcool que os postos venderam neste ano
Eu acho...
"Abasteço sempre com álcool, na maioria das vezes ele vale mais a pena. Ultimamente nem faço mais as contas, já peço logo o álcool. A maioria dos taxistas prefere o álcool. Acho que o carro fica mais potente, além da economia em reais"
Abner Balmant, 58 anos, taxista
Fique de olho
O álcool está mais vantajoso nos postos do DF*
Combustível - Preço mínimo - Preço máximo - Preço médio
Gasolina R$ 2,62 2,67 2,65
Álcool R$ 1,63 R$ 1,76 R$ 1,67
*Pesquisa feita entre 28/6 e 4/7 em 89 postos do Distrito Federal.
Como fazer a conta:
Multiplique o preço do litro da gasolina por 0,7. Sempre que o resultado for superior ao preço do álcool, opte pelo álcool. Exemplo: considerando o valor mais alto cobrado pelo álcool no Distrito Federal, de R$ 1,76, e a gasolina mais barata, de R$ 2,62. A multiplicação desse valor por 0,7 dá R$ 1,83, valor superior ao cobrado pelo litro do álcool em qualquer posto da cidade, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP).
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