Safra 10/11: Avaliação será in loco em Mato Grosso
A área plantada de soja, em Mato Grosso, mantém ritmo defasado em relação ao registrado em igual período do ano passado. O atraso do atual ciclo chega a 20 pontos percentuais em relação ao anterior. Diante disso, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) – órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado, a Famato – está indo a campo para avaliar, nos principais municípios produtores de grãos, os efeitos que esta demora vai causar individualmente à safrinha de milho e algodão, como também sobre a área cultivada com a oleaginosa, que pode perder espaço para o algodão. Na próxima quinta-feira, dia 4, o Imea deverá divulgar a primeira estimativa de safra para o milho e algodão, em Mato Grosso, juntamente com mais uma projeção à soja.
Com os números será possível diagnosticar os efeitos da estiagem sobre a safra 10/11 de Mato Grosso. Todos os analistas estão cautelosos em projetar números, porém afirmam que perdas serão contabilizadas restando saber quanto e qual cultura será mais atingida.
Na sexta-feira (29-10), o Instituto divulgou mais uma avaliação do plantio da soja no Estado. O ritmo acelerado das colheitadeiras elevou a cobertura de 16,4% da área estimada, percentual divulgado há sete dias, para 31,1% até a última quinta-feira, praticamente dobrando o volume de hectares semeados. Mesmo com o avanço semanal, o plantio da safra ainda está longe de ser concluído, afinal o percentual indica que apenas 1,9 milhão de hectares, dos mais de 6,24 milhões previstos para a atual temporada, está semeado. Para se ter uma ideia de quanto os trabalhos precisam progredir, a área plantada é um pouco maior do que toda a porção destinada ao grão na região sudeste do Estado, que chega a 1,46 milhão de hectares. Há exatamente um ano, 51,1% da área havia recebido sementes, o que equivale a pouco mais de 3 milhões de hectares de uma projeção muito semelhante à atual: 6,22 milhões de hectares.
A analista de grãos do Imea, Maria Amélia Tirloni, frisa que para se ter uma avaliação global dos rumos desta safra mato-grossense é preciso agora conhecer as dificuldades que os municípios enfrentam com o plantio de soja. “Somente por meio deste diagnóstico é possível saber se haverá espaço para o cultivo do milho safrinha, por exemplo”.
IN LOCO - Ela conta que em alguns municípios como Sorriso (460 quilômetros ao norte de Cuiabá) e Sapezal (470 quilômetros o oeste da Capital) o total de área cultivada com a soja, mesmo com certo déficit em relação a 2009, é suficiente para assegurar a manutenção da mesma porção destinada ao milho safrinha no ano passado. “Consideramos esses locais como tranquilos, mas há necessidade de se saber onde está cada problema”. Em Sapezal, a velocidade do plantio mais que do dobrou em sete dias: passou de 22% para 52% da área de 370 mil hectares. “Essa evolução na região indica uma regularização na condução da safra. Em Sorriso, por exemplo, a área de milho ocupa cerca de 230 mil hectares e 240 mil estão cultivados com soja. Globalmente, há indicações de recuo na safrinha de milho para 2011, mas não se pode, hoje, dimensionar isso”, assegura. A área cultivada com soja agora é a mesma que após a colheita abrigará as sementes de milho, por isso o atraso na soja coloca em risco o cereal, que necessita de muita chuva para a formação das espigas.
No oposto da regularidade está Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao norte de Cuiabá), que oferta a maior área de milho safrinha do Estado. Com o revés da estiagem, o município, conhecido por ser o primeiro a plantar soja no país, sempre no início da segunda quinzena de setembro, ainda não conseguiu emplacar a nova safra e por causa da sua situação a safrinha 2011, em Mato Grosso, ainda não pôde ser desenhada.
Como explica Maria Amélia, Lucas é o mais prejudicado. Dos 240 mil hectares, apenas 45%, ou pouco mais de 100 mil estão cobertos. No mesmo período do ano passado, quando o plantio começou em setembro, a área semeada chegava a 86%. “Em Lucas fica difícil afirmar o que vai ocorrer, afinal a janela de plantio do cultivo do milho vai até no máximo até 25 de fevereiro e, possivelmente, haverá perda”.
PLANTIO – Conforme levantamento divulgado na sexta-feira (29-10), a região noroeste tem 17,7% da área plantada, atraso de 23 pontos percentuais (pp) em relação ao mesmo período de 2009. No norte o plantio chega a 32,8% (-9,1 pp). No nordeste 9% está plantado (-1,6 pp). No médio norte – que responde por 40% da área de soja do Estado – os trabalhos atingem 36,2% (-26,1 pp). No oeste são 42,2% da área semeada (-16,3 pp). No centro-sul, 32,6% da área está cultivada (-14,2 pp), e no sudeste, são 27,1% cultivado (-18 pp).
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