Rumos da economia mundial nas mãos do Congresso americano

Publicado em 02/08/2011 12:02
Novas turbulências se aproximam a depender da aprovação do projeto para elevar teto da dívida e da aceitação do mercado sobre ajuste fiscal de longo prazo. Investidores temem que tenha chegado o momento do socorro à Itália e Espanha.

O pacote para ampliar o limite da dívida dos Estados Unidos divulgado pelo presidente Barack Obama – aprovado nesta segunda-feira pela Câmara dos Representantes, por 269 votos a favor e 161 votos contra, e que deve ir à votação no Senado nesta terça – não é unanimidade. Especialistas apontam que o plano pode não ser suficiente para convencer as agências de classificação de risco da capacidade de o Tesouro administrar sua dívida no longo prazo. O site de VEJA preparou uma lista de possíveis cenários para a economia mundial a partir desta terça-feira – apelidada de “dia do apocalipse”, pelas consequências catastróficas que o mundo poderia sofrer caso os políticos americanos não colocassem de lado seus interesses para pensar no futuro do país.

Tesouro: Em caso de novo impasse, há instrumentos para adiar calote por alguns dias

Mesmo com a aprovação do projeto pela Câmara e pelo Senado, não está descartado um rebaixamento da nota da dívida soberana americana; algo inédito na história do país. Os Estados Unidos – por uma combinação de economia sólida, respeito a contratos, segurança jurídica e histórico de bom pagador – sempre ofereceram ao mundo aquele que é considerado o porto seguro dos investidores: os títulos do Tesouro, cuja credibilidade sempre foi ilibada. Uma redução de sua nota de crédito pode, no entanto, mudar essa percepção. Os investidores, principalmente aqueles que só aplicam em opções super seguras, podem se ver diante do desafio de querer trocar seus títulos americanos por outros ativos. Contudo, não restam muitas alternativas semelhantes no mundo. Os títulos soberanos europeus e o euro, que poderiam ser uma opção, enfrenta problemas gravíssimos por conta da crise de endividamento que assola a região.

Esta pode ser uma explicação para o fato de que os credores internacionais da dívida pública americana – sendo a China, a mais importante, e o Brasil, na quarta posição – apenas solicitaram ao governo Obama que resolvesse o problema o mais rápido possível. Nenhum país manifestou, por enquanto, intenção de retirada de recursos. “Brasil e China são credores dos EUA e não lhes interessam uma desvalorização dos títulos norte-americanos, que implicaria uma depreciação de seus próprios ativos”, aponta Antonio Corrêa de Lacerda, professor doutor do departamento de economia da PUC-SP. “Na hipótese remota de moratória, o mais prudente é ficar com os títulos, pois negocia-los no mercado significará incorrer em prejuízo”, completa.

Assim como em um filme ruim de Hollywood, as discussões se alongam, a situação sofre reviravoltas, mas, por ora, a situação não saiu do lugar. As consequências deste impasse, com teor altamente político, vão depender do que for decidido no Congresso e do sentimento do mercado em relação à notícia. O mais provável é que, nesta terça-feira, o Senado faça como a Câmara dos Representantes e aprove o projeto do presidente Barack Obama. A notícia, se confirmada, representará um alívio aos mercados. Contudo, está longe de afastar por completo os temores de uma nova crise.

Confira os cenários com que trabalham os analistas: desde o mais begnino, que implicaria apenas uma queda temporária do dólar, até o catrastófico, com o mundo rumo a uma nova e seríssima crise internacional.

Bolsas caem diante de incertezas sobre EUA, Itália e Espanha

As Bolsas de Nova York abriram em baixa, em meio à preocupação dos investidores com a situação da economia dos Estados Unidos e da Europa (especialmente Itália e Espanha). Além disso, dados fracos sobre os gastos com consumo nos EUA reforçaram o movimento de queda no mercado futuro. Às 10h36 (horário de Brasília), o índice Dow Jones caía 0,53%, o Nasdaq recuava 0,44%, e o S&P 500 tinha queda de 0,62%.

O mercado ficou mais aliviado nesta segunda-feira, após a Câmara dos Representantes dos EUA ter votado o projeto para elevação do teto da dívida do país em 900 bilhões de dólares, para 15,2 trilhões de dólares, em uma primeira etapa. Para afastar de vez o risco de default (moratória) do país, falta a chancela do Senado, que votará o plano às 13 horas (horário de Brasília).

Apesar desse alívio momentâneo, a economia ainda está fraca, com taxa de desemprego alta e inflação salgada, o que mantém o sinal de alerta aceso. Além disso, o risco de rebaixamento do rating (classificação de risco) AAA dos Estados Unidos não sumiu no horizonte. Os receios afetam o investidor e também o consumidor, que está preferindo poupar a gastar. Segundo dados de hoje, os gastos com consumo caíram 0,2% em junho, a maior queda desde setembro de 2009, enquanto a renda pessoal aumentou 0,1%. A taxa de poupança cresceu para 5,4%, a maior em quase um ano.

Europa - O temor de que tenha chegado a vez de Itália e Espanha serem socorridas fez aumentar o volume de empréstimos do Banco Central Europeu (BCE) a bancos. Mas o porta-voz da Comissão Europeia disse que não existe nenhum plano de resgate a esses países a caminho. Às 10h30 (horário de Brasília), o índice FTSE recuava 0,56%, enquanto o CAC-40, de Paris, acumulava perdas de 1,25%. O índice espanhol Ibex caía 1,31% e o principal indicador da bolsa de Milão, o FTSE Italia, despencava 1,5%.

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Veja.com.br

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