Desaceleração global, por Agroanalysis/FGV

Publicado em 02/09/2019 11:08 e atualizado em 30/11/2021 15:03

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Os sinais advindos das principais economias do mundo não são nada auspiciosos. A economia norte-americana dá claros sinais de desaceleração, e as perspectivas de crescimento para este ano e o próximo sinalizam um quadro que enseja algumas dúvidas. Embora o governo Trump tenha estabelecido uma trégua temporária na guerra comercial com a China, o que melhorou as projeções de crescimento para este ano e o próximo, ?ca evidente que o ritmo de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano está em desaceleração: para este ano, a projeção do crescimento é da ordem de 2,4% e, para 2020, de 1,5%. Não sem razão, o Fed (Banco Central dos EUA), mesmo com a melhoria das projeções de crescimento após a trégua na guerra comercial, sinaliza uma ?exibilização da política monetária ante o quadro de incertezas que ronda a economia norte-americana.

A trégua na guerra comercial levou, também, a uma melhora nas projeções de crescimento da economia chinesa, que deve se situar ligeiramente acima dos 6% neste ano. Para 2020, projeta-se uma ligeira desaceleração no ritmo de crescimento da China. Por conta disso, as orientações das políticas ?scal e monetária permanecerão expansionistas no segundo semestre do ano naquele país.

O baixo crescimento econômico também tem sido veri?cado na Zona do Euro em 2019. Em função disso, o Banco Central Europeu (BCE) deve promover estímulos no segundo semestre do ano.

A economia brasileira, por sua vez, vem registrando um desempenho pí?o em termos de crescimento econômico desde 2014. Após o aprofundamento da recessão em 2015 e 2016, a atividade econômica doméstica passou a dar sinais de recuperação mais concretos a partir de 2017. No entanto, a retomada se mostrou insu?ciente para levar o crescimento do PIB brasileiro a mais de 1% nos últimos anos. Mesmo a ?exibilização da política monetária – que trouxe a taxa básica de juros (Selic) ao seu patamar mínimo histórico desde a implementação do real, em 1994 – se mostrou insu?ciente para promover uma retomada do crescimento econômico brasileiro em bases mais robustas. A recuperação em curso no primeiro semestre de 2018 foi abatida pela greve dos caminhoneiros em maio de tal ano.

As perspectivas iniciais para 2019 denotavam algum grau de otimismo, indicando um crescimento do PIB brasileiro acima de 2% no ano. No entanto, a atividade econômica do primeiro semestre do ano mostrou uma economia em ritmo lento, com desemprego em alta. O resultado do PIB no primeiro trimestre do ano representou um balde de água fria para os mais otimistas, e tudo indica que o crescimento econômico deste ano deverá ?car abaixo de 1%.

Nesse sentido, os avanços na reforma da previdência melhoram as perspectivas acerca da economia brasileira, particularmente no que se refere às contas públicas nos próximos anos. No entanto, o impacto sobre as expectativas em termos de consumo e investimento produtivo oriundas desse processo é relativamente limitado. Em outras palavras, embora a reforma previdenciária seja essencial no contexto de tornar a dinâmica das contas públicas mais sustentável no médio prazo, o impacto sobre o consumo e o investimento, em função da melhora das expectativas, é essencialmente limitado.

O quadro de relativa estagnação da atividade econômica brasileira, alinhado a um cenário de in?ação sob controle, abre espaço para novas medidas de estímulo à demanda agregada. Nesse quesito, na impossibilidade do uso de instrumentos ?scais como forma de gerar elementos de expansão da demanda agregada, resta à política monetária proporcionar estímulos. Por conta disso, entrou no horizonte de discussão da política econômica a possibilidade de novos cortes na taxa básica de juros (Selic). Nesse sentido, é provável que o Comitê de Política Monetária (Copom) promova alguns cortes na meta da taxa Selic ao longo do segundo semestre.

Outra medida de estímulo à demanda agregada centrou-se na liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Esse expediente já havia sido utilizado pelo governo Temer e evitou uma nova retração do PIB em 2017. A medida atual, embora tenha limitado os saques em 2019 a valores relativamente mais baixos, procura gerar estímulos maiores no médio prazo ao permitir novos saques mais adiante.

De qualquer forma, mesmo com as medidas a serem implementadas ao longo do segundo semestre do ano, não será possível levar o crescimento econômico brasileiro a um patamar superior a 1% em 2019.

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Por:
Rogério Mori
Fonte:
Agroanalysis/FGV

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