Governo Dilma deixou de investir 15 bilhões em 2011

Publicado em 11/12/2011 20:11
Segundo levantamento da ONG Contas Abertas, até programas considerados prioritários pelo governo, como PAC e Minha Casa, Minha Vida, foram afetados... em veja.com.br


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Dilma, que já foi chamada de "a mãe do PAC", acabou aplicando mais de 70% do dinheiro destinado ao programa em 2011 para pagar obras do ano anterior, usando só 6,4 bilhões para novos projetos...


Levantamento feito pela ONG Contas Abertas revela que, na comparação com o ano passado, o governo e as empresas estatais deixaram de investir 15 bilhões de reais nos primeiros onze meses deste ano. No mesmo período, as despesas com a inchada máquina governamental cresceram 83 bilhões de reais. No ano eleitoral de 2010, o governo federal abriu as torneiras e gastou para investir em projetos - muitos deles, inclusive, que ajudaram a eleger a sucessora de Lula, Dilma Rousseff. A petista sabia que, em 2011, teria que pagar essa conta e cortar gastos. No entanto, a maneira como isso foi posto em prática explicita os vícios da nossa economia.

Uma das consequências mais evidentes do freio nos investimentos foi a queda na taxa de crescimento do PIB, que foi nula no terceiro trimestre. Em um ano de conjuntura política e econômica desfavorável, com o acirramento da crise internacional, o governo ficou refém de seus problemas estruturais. Embora tenha feito ações necessárias para enxugar gastos, teve que fazer cortes justamente nos investimentos - o tipo de dinheiro que pode induzir crescimento.

Até os programas que são bandeiras do governo federal, como o Minha Casa, Minha Vida e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), tiveram muito menos dinheiro aplicado que o previsto no Orçamento Geral da União. "Essa falta de investimentos com certeza é uma das razões para a taxa zero de crescimento do PIB no último trimestre", diz o secretário-geral do Contas Abertas, Gil Castello Branco. O governo, explica, funciona como uma bússola para a iniciativa privada. Se deixa de investir, as empresas seguem esse comportamento, deixando a economia estagnada. Até novembro do ano passado, União e estatais haviam investido mais de 111 bilhões de reais. Atualmente, essa cifra beira 96 bilhões de reais.

Dilma, que já foi chamada de "a mãe do PAC", acabou gastando mais dinheiro no pagamento de obras contratadas em anos anteriores (16,4 bilhões) do que em novos investimentos (6,4 bilhões). Outro programa considerado prioritário pela gestão Dilma, o Minha Casa, Minha Vida está com a execução orçamentária "congelada" segundo a avaliação feita pelo Contas Abertas. (Veja quadro abaixo)

Já o Programa de Prevenção e Preparação para Desastres recebeu até agora 94,6 milhões de reais - 26,3% dos 357,5 milhões previstos. No ano passado, o investimento foi de mais de 139,1 milhões. Ainda assim, o Brasil viveu tragédias como as enchentes no Rio de Janeiro e em Santa Catarina em janeiro, durante a época de chuvas fortes. 

Copa 2014 - O estudo mostra também que nem mesmo a preparação para os futuros eventos que serão realizados no Brasil, como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, conseguiu impulsionar os investimentos necessários. Grandes obras na área de transportes são esperadas. Entretanto, os investimentos do Ministério das Cidades na área de mobilidade urbana, por exemplo, não chegaram a 10 milhões de reais até agora. O orçamento reservado para este ano é de 650 milhões.

Também chama a atenção a execução do orçamento destinado à Infraero, que tem a missão de deixar os aeroportos do país prontos para receber os turistas na Copa e nas Olimpíadas. Apesar de nos primeiros dez meses do ano a Infraero já ter investido quase o dobro do mesmo período de 2010 (mais de 620 milhões), a quantia não chega aos 30% do orçamento aprovado para a estatal aplicar este ano.

No caso das estatais, a redução dos investimentos está concentrada principalmente na Petrobras, segundo o Contas Abertas. Até outubro de 2011, ela investiu 3 bilhões a menos que no mesmo período do ano passado. Uma análise do orçamento da Eletrobrás mostrou que a empresa não investiu nem metade da verba reservada para a empresa. 

Veja abaixo exemplos de como o governo apertou o cinto:

 

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Queda no investimento

dilma-rousseff-programa-saude-brasilia-20111108-16-size-620.jpg?1321986464A presidente Dilma Rousseff em Brasília (Reuters)

O governo Dilma Rousseff e as empresas estatais desembolsaram com investimentos, de janeiro a novembro de 2011, 15 bilhões de reais a menos do que no mesmo período de 2010. O freio nos projetos do governo e das estatais desencorajou os empresários a investirem no Brasil, o que colaborou com a estagnação do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre.


Com indústria fraca, PIB tem crescimento nulo no 3º trimestre

Setor industrial recua 0,9% e economia só não tem desempenho negativo devido ao crescimento de 3,2% da agropecuária

Ana Clara Costa
Economia brasileira sofre efeitos da desaceleração econômica mundial e não cresce no 3º tri

Economia brasileira sofre efeitos da desaceleração econômica mundial e não cresce no 3º tri (Pedro Motta)

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre foi nulo ante o trimestre anterior, segundo dados divulgados na manhã desta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número foi puxado por resultados pífios da indústria e do setor de serviços, que recuaram 0,9% e 0,3%, respectivamente, em relação ao segundo trimestre. O desempenho do setor agropecuário, no entanto, impediu que a economia do país retrocedesse no período, e avançou 3,2%. Em relação ao terceiro trimestre de 2010, o PIB cresceu 2,1%. Em valores correntes, a economia brasileira alcançou 1,05 trilhão de reais.

No acumulado de 12 meses, o crescimento da economia foi de 3,7%, enquanto o avanço em 2011 chega a 3,2%. Com base nesse número, a economia brasileira teria de crescer 0,6% no quarto trimestre para que as previsões do governo (de alta de 3,8%) fossem alcançadas. O Banco Central prevê uma expansão de 3,5% do PIB este ano, enquanto o mercado aguarda um avanço de 3,2%.

Segundo o IBGE, a queda da indústria foi puxada pela atividade de transformação, cujo índice de volume do valor adicionado recuou 1,4%. As demais atividades industriais registraram variações positivas em relação ao trimestre anterior: a extrativa mineral avançou 0,9%;  eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana acumulou alta de 0,8%; enquanto a construção civil cresceu 0,2% no período.

O setor de serviços, que vinha estimulando o crescimento da economia ao longo dos trimestres anteriores, enquanto a indústria já recuava,  também cedeu entre julho e setembro. A queda foi puxada pelo comércio (-1%), outros serviços (-0,5%) e serviços de informação (-0,3%).

O peso dos investimentos no PIB do trimestre também diminuiu. De acordo com o instituto, a taxa de investimento foi de 20% do PIB, inferior aos 20,5% registrados no mesmo trimestre do ano anterior. A taxa de poupança também teve redução, alcançando 18,8%, ante 19,6% no mesmo trimestre de 2010.

Gastos - Ainda de acordo com o IBGE, todos os componentes da demanda interna recuaram no terceiro trimestre deste ano: despesa de consumo da administração pública (-0,7%), formação bruta de capital fixo (-0,2%) e despesa de consumo das famílias (-0,1%). A contribuição positiva ao desempenho do PIB foi dada pelo setor externo, que registrou crescimento das exportações (1,8%) e redução das importações de bens e serviços (-0,4%).

Expectativa - O resultado divulgado nesta terça-feira não surpreendeu os economistas, que já aguardavam a estagnação econômica para o período. "O governo reconhece que a economia está em um processo de desaceleração muito grande e, por isso, passou a se apoiar tanto em consumo quanto em investimento", afirma o economista Robson Gonçalves, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ao se referir à redução de impostos anunciada pelo ministro Guido Mantega na última semana, como forma de reavivar o PIB.

Segundo analistas ouvidos pelo site de VEJA, a estagnação econômica do trimestre pode ser dividida em dois períodos. Entre julho e agosto, a queda na atividade foi decorrente da atuação do BC ao subir a Selic ao longo de todo o primeiro semestre. As medidas de restrição ao crédito e o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), acompanhados de um leque de medidas macroprudenciais criadas pelo Ministério da Fazenda no início do ano também influenciaram na desaceleração do PIB.

Já na segunda metade do trimestre, o agravamento da crise internacional teve impacto maior no desempenho da atividade, sobretudo diante de perspectivas cada vez mais deterioradas nas economias desenvolvidas, incluindo a China. Nesse período, o BC inverteu a trajetória da política monetária e passou a reduzir a taxa básica de juros, prevendo sinais de desaceleração. "Era necessário, no início do ano, desacelerar. Agora, o panorama se inverteu e é preciso corrigir o excesso de esfriamento que é visível", diz Gonçalves, da FGV.

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veja.com.br

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