CPI do Cachoeira quebra sigilos de governadores e não convoca ex-dirigentes do Dnit e da Delta

Publicado em 14/06/2012 18:14

A CPI mista do Cachoeira confirmou, por unanimidade, a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e de dados dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT).  As informações abrangem um período de dez anos, como as demais quebras aprovadas na comissão. Os dois governadores já haviam anunciado na quarta-feira (13) que estavam dispostos a abrir mão espontaneamente dos sigilos.

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E em duas votações apertadas, a CPI decidiu não convocar o ex-presidente da construtora Delta, Fernando Cavendish, e o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot.

Nos dois casos, o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG) considerou não ser o momento mais adequado para a realização dos depoimentos, o que gerou protestos principalmente de alguns dos parlamentares do PSDB, do DEM e do PDT, que ameaçaram deixar a reunião em protesto.

O depoimento de Fernando Cavendish foi rejeitado por 16 votos a 13. Ao justificar a decisão, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou que está na hora de a CPI se dedicar ao grande volume de documentos e informações já recebidos para evitar a realização de outros “depoimentos infrutíferos”.

– Corremos o risco de sermos desmoralizados de novo. Ou alguém acha que Cavendish chegará aqui disposto a falar tudo o que sabe? – questionou Ciro Nogueira.

Já o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) defendeu não só a convocação de Cavendish, como também a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do empresário:

– Ele afirmou que compra políticos e pode comprar um senador por R$ 6 milhões. É urgente, inadiável e imprescindível a oitiva deste homem. Estamos preparados sim para interrogá-lo, e os depoimentos, no mínimo, jogam luz para a opinião pública – argumentou.

Pagot

Os requerimentos relativos à convocação de Pagot foram rejeitados por 17 votos a 13. O relator Odair Cunha afirmou que a CPI vai ouvir o ex-diretor do Dnit segundo a conveniência da comissão e não conforme o desejo do próprio Pagot, que disse, em entrevista à imprensa, estar disposto a falar aos congressistas.

– Se quiser denunciar algum crime, tem meios para isso e pode procurar a Polícia Federal.  A conveniência ou não da declaração dele pode ser motivada por interesses políticos e partidários – afirmou.

Para o deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), chamar Pagot seria discutir contribuição de campanha eleitoral, o que não é foco da CPI.

– É um erro político convocá-lo agora. O maior trabalho desta comissão é avaliar dados – afirmou.

Para o senador Pedro Taques (PDT-MT), Luiz Antonio Pagot é um “fio desencapado”e a CPI está com medo dele. De acordo com o senador, a comissão de inquérito tem três núcleos: Carlos Cachoeira, os agentes políticos e os empresários. Daí a necessidade de convocação de Cavendish e Pagot, argumentou ele.

- A Delta recebeu R$ 4 bilhões do governo em menos de 10 anos, principalmente por meio do Dnit. Não ouvi-los neste momento é transformar isso aqui numa CPI café-com-leite, numa farsa. Se ouvimos os governadores, por que não fazer o mesmo com Cavendish e Pagot? Qual o receio?

Dilma Rousseff

A apresentação de um requerimento de convocação da presidente Dilma Rousseff também provocou tumulto entre os parlamentares. Deputados e senadores do PT alegaram ser uma afronta à Constituição a tentativa de chamar a presidente para prestar esclarecimentos. A iniciativa partiu dos deputados do PSDB Carlos Sampaio, Fernando Francischini, Domingos Sávio e Vanderlei Macris.

O presidente da CPI Vital do Rêgo (PMDB-PB) interveio de forma enérgica e anunciou que, embora já tivesse sido protocolado na secretaria da comissão, o requerimento seria rejeitado de imediato.

Balanço

Ao abrir a reunião, Vital do Rêgo informou que a CPI mista do Cachoeira já aprovou 328 requerimentos, 57 quebras de sigilos bancários, telefônicos e fiscais e 18 convocações para depoimentos.

A íntegra dos requerimentos já aprovados pela comissão e dos que ainda serão incluídos na pauta estão disponíveis na página do Senado na internet:https://www.senado.gov.br/atividade/comissoes/comissao.asp?origem=CN&com=1589.

CPMI convoca mulher de Cachoeira e pessoas ligadas a Perillo

Nesta quinta-feira (14), a CPMI do Cachoeira convocou para depoimentos a mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, e pessoas ligadas ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Também foram quebrados os sigilos das empresas ligadas à compra da casa do governador.

Entre os convocados, estão o jornalista Luiz Carlos Bordoni, que trabalhou na campanha de Perillo e diz ter recebido além do declarado, por meio de caixa-dois. e o ex-assessor especial do governador, Lúcio Fiúza Gouthier. Ele representou Perillo durante a venda da casa do governador, onde cachoeira foi preso pela Polícia Federal.

A CPMI também quebrou o sigilo telefônico, fiscal e bancário de empresas ligadas à venda da casa. Entre elas, estão a Confecções Excitant, empresa que emitiu os cheques com os quais Perillo foi pago; a Mestra Administração e Participações, em nome de quem a casa está registrada; e a Faculdade Padrão, ambas de propriedade de Walter Paulo Santiago, empresário que diz ter comprado a casa do governador.

Também foram convocados Alexandre Milhomem, arquiteto responsável pelo projeto da casa de Perillo; Ana Cardoso de Lorenzo, sócia da Serpes Pesquisas de Opinião e Mercado, empresa que teria recebido de caixa-dois por serviços à campanha de Perillo; Aredes Correia Pires, ex-delegado geral da Polícia Civil de Goiás; e João Furtado de Mendonça Neto, secretário de Segurança Pública de Goiás.

Além de pessoas ligadas ao governo de Goiás, foram convocados Hillner Ananias, ex-segurança do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO); Alcino de Souza, suspeito de atuar como laranja em operações da construtora Delta, e Rubmaier Ferreira de Carvalho, um dos supostos contadores de Cachoeira.


PSDB tenta convocar Dilma, mas presidente da CPMI barra requerimento

Quatro deputados do PSDB apresentaram requerimento de convocação da presidente Dilma Rousseff pela CPMI do Cachoeira. Eles dizem que a empreiteira Delta doou R$ 1 milhão para a campanha eleitoral da presidente e que essa doação “esconde interesses escusos”.

O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), interpelado pelo senador José Pimentel (PT-CE), disse que o requerimento é irregular e não seria votado. O senador explicou que a CPMI não tem poderes para convocar presidentes da República.

O requerimento foi assinado pelos deputados Carlos Sampaio (SP), Fernando Francischini (PR), Domingos Sávio (MG) e Vanderlei Macris (SP). Após a decisão de Vital do Rêgo, eles anunciaram a intenção de transformar o requerimento de convocação em pedido de informações.

Disputa política
No início da reunião desta quinta-feira, para evitar que a disputa política paralisasse os trabalhos, Vital do Rêgo propôs que fosse votada inicialmente a pauta acertada na reunião de ontem: a quebra dos sigilos dos governadores e a convocação de Pagot e de Cavendish. Os integrantes da comissão concordaram com a proposta.

A seleção de requerimentos se deve ao fato de que foram apresentados mais de 20 requerimentos de preferência de diversos partidos para votação de requerimentos que levariam a uma disputa política, entre eles a convocação de Dilma e do ex-governador paulista José Serra.

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Fonte:
Ag. Senado/Ag. Câmara

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