Quebra de safra nos EUA compromete abastecimento mundial

Publicado em 17/07/2012 12:43 e atualizado em 17/07/2012 17:19
Uma nova crise alimentar já começa a ser temida pelas lideranças e autoridades mundiais do setor e o temor é reforçado pela forte alta das cotações dos grãos registradas nos últimos dias. 

Os preços da soja, do milho e do trigo estão em patamares historicamente elevados e em alguns casos já batem recordes. Na última sexta-feira (13), chegaram a ser registrados negócios com a saca de soja a R$ 80,00 no Porto de Paranaguá, aqui no Brasil. Esse é o maior valor de todos os tempos. E os preços continuam subindo.

No caso da soja, os preços começaram a subir quando a América do Sul registrou uma das mais severas quebras de produção da história na safra 2011/12 diante de uma forte estiagem provocada pelo La Niña. O volume produzido ficou muito abaixo do esperado em países como Brasil e Argentina, consolidados como os maiores exportadores depois dos Estados Unidos. 

Com isso, o mundo agora esperava a recomposição dos estoques com a entrada da nova safra norte-americana. Porém, o cenário no país é bastante preocupante com as lavouras da temporada 2012/13 sendo dizimadas pelo calor intenso e pela falta de chuvas. Dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgados nesta segunda-feira (16) apontam que apenas 31% das plantações de milho e 34% das de soja estão em boas condições. Em seu último boletim de oferta e demanda reportado no dia 11 de julho, o departamento fez cortes históricos em suas estimativas para a produção e produtividade em ambas as culturas. 

Em meados de maio deste ano, quando foi iniciado o plantio da safra 2012/13 nos EUA, as perspectivas eram muito positivas. Era esperada uma boa produção de soja e uma colheita recorde de milho. Uma matéria do jornal britânico Financial Times sobre essa possível crise alimentar afirma que essa espera por colheitas abundantes tranquilizava os governos, que estavam "reconfortados" com a possibilidade de uma baixa nos preços aliviar o problema do abastecimento mundial. 

No entanto, atualmente, os Estados Unidos são os maiores exportadores globais de milho, soja e trigo e as perdas que vêm sendo registradas por conta do clima desfavorável comprometem esse abastecimento e provocam uma alta expressiva nos preços. Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago já subiram mais de 20% e os de milho cerca de 40%. "Isso certamente poderá nos levar de volta ao cenário de 2008", disse o chefe de pesquisas em commodities agrícolas do Rabobank, Luke Chandler. 

Por outro lado, Abdolreza Abbassian, economista sênior para grãos da FAO, braço das Nações Unidas para agricultura e alimentação, afirma o cenário visto há quatro anos não deve se repetir e que não se configura uma nova crise alimentar. 

"Não teremos outra crise de alimentos. Para fins de segurança alimentar básica, o fato de termos uma oferta muito boa e ampla de arroz é uma circunstância muito positiva e o suprimento de trigo é também adequado". 

Frente a esse quadro, o mundo agora deposita suas expectativas sobre a nova safra da América do Sul. Segundo Carlos Cogo, consultor de mercado da Consultoria Agroeconômica, a temporada 2012/13 será a maior de todos os tempos. Importantes países produtores já estimam um aumento de área. Na Argentina e no Paraguai, estima-se um crescimento de 10% e no Brasil entre 9 e 10%. A colheita brasileira de soja deverá ficar entre 80 e 82 milhões de toneladas.
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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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2 comentários

  • Leandro Cunha Candiotto Tangará da Serra - MT

    E flertam novamente com a safra sul americana, o aumento de área impacta com toda a certeza na média geral, reduzindo-a. se iremos aumentar em 10 % nossa área de plantio, devemos lembrar que são áreas degradadas, pastagens ou lavouras de cana, que levam pelo menos dois anos para produzirem próximo à média nacional.

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  • Liones Severo Porto Alegre - RS

    A afirmação de que não teremos outra crise de alimentos é uma falácia porque já estamos presenciando a maior de todas as crises, inclusive supera a de 2008 em termos relativos. A medida mais efetiva da crise são os preços das commodities agrícolas. A matriz da produção mundial de alimentos está calcada na proteína da soja (farelo) e não existe substituto em escala mundial. O falso estoque mundial de soja e estimativas inflacionadas de produção agrícola ao redor do mundo, flertaram com a desagraça de um desabastecimento de alimentos à nível global.Produção agrícola é o produto no silo e não no papel. Infelizmente a crise está recém iniciando.

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