Greve: Governo Dilma acuado pelo braço sindical do PT
A greve dos servidores federais que travou as estradas do país, prejudicou o movimento nos portos e gerou caos nos aeroportos durante a semana expôs um embate entre o governo Dilma Rousseff e um segmento do seu partido disposto a fazer o país refém dos seus interesses. Embora uma categoria como a dos profissionais da educação tenha de fato salários defasados, a crise que assola o Executivo é uma descabida tentativa de extorsão, comandada por uma classe que passou quase uma década acostumada a ser tratada com privilégios pelo governo Lula.
O viés político da crise se evidencia na própria ofensiva da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que tem laço umbilical com o PT, contra ministros de Dilma, como Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), vaiado por integrantes da central. Uma fatia significativa – sindicatos das agências reguladoras e a confederação dos trabalhadores de serviços públicos federais – dos 350.000 servidores que cruzaram os braços por reajustes salariais é ligada à CUT, que nos Anos Lula tinha dirigentes ocupando cadeiras no primeiro escalão do governo. Em parte, a pressão é resultado de uma mudança na condução das negociações (até agora) pela atual gestão.
Os cálculos do Ministério do Planejamento mostram que o pacote de reivindicações é inexequível. Para atender a todas as concessões, o governo teria de desembolsar 92 bilhões de reais. Um gasto dessa magnitude teria impacto direto na política de investimentos e de incentivo para a recuperação do setor produtivo. Mais: paralisações dessa proporção afetam diretamente o cotidiano da população que paga seus impostos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por exemplo, teve de recorrer à Justiça para que 70% dos seus servidores trabalhassem. Caso contrário, haveria problema nos estoques de medicamentos. O resultado das chamadas operações-padrão e operação tartaruga é desastroso. Nos portos, há lentidão para navios atracarem, o que gera problemas de abastecimento no país. O cenário é o mesmo nas estradas, com filas de caminhões carregados estacionados. Nos aeroportos, há atrasos nos voos. A greve também atinge universidades federais e postos da Polícia Federal – que emitem passaportes, por exemplo.
De acordo com os sindicatos, cerca de 30 categorias aderiram à greve. Se o governo não jogar duro, o número tende a crescer. Cabe ao Executivo recorrer à Justiça para assegurar o atendimento à população e romper com a cultura estabelecida na última década de permitir que o país fique refém do sindicalismo petista, que já aparelhou a máquina pública – e agora a paralisa para atender unicamente ao seu interesse.
Protesto de servidores surpreende Dilma em MG
Impedidos de entrar com faixas na área reservada para o público, os manifestantes seguravam cartazes de papel com tinta hidrocor

Manifestantes aguardavam a chegada de Dilma Rousseff em Rio Pardo de Minas, no norte do Estado (Dione Afonso/Hoje em Dia/Folhapress)
Servidores públicos em greve furaram o esquema de segurança da Presidência da República e promoveram um protesto pela reabertura das negociações com o governo federal. A manifestação ocorreu a cerca de 40 metros do palco onde a presidente Dilma Rousseff discursou no início da tarde desta sexta-feira, no lançamento da ampliação do Programa Brasil Sorridente de saúde bucal.
Impedidos de entrar portando faixas ou com camisetas alusivas ao movimento na área reservada para o público no centro de Rio Pardo de Minas, cidade com cerca de 30 mil habitantes no norte mineiro, os ativistas apelaram para a discrição. Entraram sem alarde, se agruparam à esquerda do palco e, quando Dilma iniciou o discurso, começaram a gritar palavras de ordem. Seguravam cartazes improvisados com tinta hidrocor e papel, que tinham trazido escondidos.
"A greve continua; Dilma a culpa é sua" – foi um dos estribilhos que repetiram os ativistas, de instituições de ensino da região que aderiram à paralisação e também da Universidade Federal Minas Gerais (UFMG). A presidente procurou manter a calma e evitou olhar na direção dos manifestantes, que foram cercados por policiais militares e seguranças da Presidência.
Dilma defendeu, porém, indiretamente, sua política para enfrentar a greve do funcionalismo. "Este é um país que tem de ser feito para a maioria de seus habitantes. Não pode ser feito só para uma parte deles", disse, entre as vaias dos cerca de 40 ativistas e aplausos de centenas de pessoas.
"Hoje, estamos enfrentando uma crise no mundo", disse a presidente. "O Brasil sabe que pode e vai enfrentar a crise e vai passar por cima dela, assegurando empregos para todos os brasileiros. O que o meu governo vai fazer é assegurar empregos para aquela parte da população que é a mais frágil, que não tem direito à estabilidade".
Dilma ainda completou: "Queremos todos os brasileiros empregados, recebendo seus salários e recebendo serviços públicos de qualidade". Depois de pouco mais de 10 minutos, a presidente encerrou o discurso dizendo-se "sempre muito feliz com essa forma tão amigável como Minas recebe a gente".
(Com Agência Estado)
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gerd hans schurt Cidade Gaúcha - PR
A fervura está aumentando e quando explodir a caldeira vamos ver o que vai acontecer. O certo é que não há mal que dure para sempre.