Justiçamento: Índios fazem justiça com as próprias mãos no Maranhão. Polícia Federal alerta para possível "banho de sangue"

Publicado em 08/03/2013 09:07
Uma comunidade indígena brasileira decidiu fazer cumprir a lei com suas próprias mãos. Os índios passaram a enfrentar madeireiros que entram em suas terras. O episódio mais recente aconteceu no final do último mês de janeiro, na terra indígena Governador, no sudoeste do Maranhão, perto da cidade de Amarante e a 900 quilômetros da capital São Luís. Índios pukobjê-gavião confiscaram quatro caminhões e um trator pertencente a supostos madeireiros da região.

“Cansamos de denunciar e então decidimos tomar nossas providências. Víamos os caminhões dentro da reserva. O que aconteceria se não fizéssemos nada?”, disse por telefone o cacique Evandro Gavião, da aldeia Governador, uma das seis tribos pukobjê-gavião dessa terra indígena. O jovem líder de 24 anos lidera os chefes de outras aldeias para discutir um plano de monitoramento e proteção da reserva que será levado a cabo pelos próprios índios.

Segundo Gavião, a comunidade havia denunciado em 2009 o desmatamento em suas terras. “Mas as árvores estão acabando”, disse o líder indígena. Na terra indígena de Governador, seus habitantes reclamam da ausência da Funai e do Ibama e da Polícia Federal para garantir a segurança dos mais de mil índios distribuídas em seis aldeias.

“O que fizemos foi perigoso, mas foi a única forma de chamar a atenção dos órgãos responsáveis”, justificou Gavião. Desde o confisco dos caminhões, a retirada ilegal de madeira não parou, mas mudou de rota. “A sensação é que pode piorar e que as ameaças que sofremos continuarão. Mas o povo gavião não vai parar”, afirmou o cacique.

Os indígenas atribuem o aumento da violência aos estudos da Funai para ampliação dos limites da reserva. A Funai pretende quintuplicar a área destina aos índios gaviões que já ocupam uma reserva de 50 mil hectares. A área almejada pela funai foi ocupada de forma legítima por produtores rurais. Durante anos os indígenas tiveram uma relação amistosa com os produtores rurais, mas quando a Funai iniciou o processo de ampliação dos limites da reserva começaram os conflitos e a violência.

Durante anos alguns índios da Reserva Governador estabeleceram relações com os madeireiros locais. Diante da inoperância da Funai e do assistencialismo do governo, os índios permitem que madeireiros explorem madeira dentro dos limites da reserva mediante pagamento. Sempre que madeiros suspendem os pagamentos aos líderes indígenas ocorrem convulsões como a janeiro ultimo. "O corte de árvores era tão visível que os caminhões passavam por dentro das aldeias”, conta Rosimeire Diniz, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), da Igreja Católica, do Maranhão.

Fábio Teixeira, delegado da Polícia Federal de Imperatriz, no Maranhão, a cem quilômetros da Reserva Indígena Governador, disse que atualmente existem ali pelo menos sete grandes serrarias. “Muitos madeireiros se mudaram para Governador”, disse o delegado. 

Teixeira também admitiu que a situação é “muito conflitante” entre indígenas e fazendeiros e madeireiros que estão se unindo contra eles após a ação da Funai. O delegado contou que, no incidente em que os índios decidiram fazer justiça com as próprias mãos apreendendo os caminhões, a população não-índia de Amarante fez uma barricada com fogo e pedras na estrada para bloquear o acesso dos indígenas à cidade, e a segurança foi reforçada com 20 agentes federais e 30 policiais militares.

Para Teixeira, a ação dos indígenas foi “um ato de desespero” que pode terminar em “um banho de sangue”.
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Fonte:
Blog Questão Indígena

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1 comentário

  • Edison tarcisio holz Terra Roxa - PR

    esses indios tem que tomar brasili rio de janeiro é tudo terrra indigena

    0