Lula não admite que um político acusado de envolvimento em patifarias fique quieto. Que tal começar pelo Caso Rose?

Publicado em 16/08/2013 11:24
por Augusto Nunes, em veja.com.br

Lula não admite que um político acusado de envolvimento em patifarias fique quieto. Que tal começar pelo Caso Rose?

O ex-presidente Lula sempre esbanja valentia quando não há perigo por perto. Ao fim de cada discurseira para plateias amestradas, não pareceria exagero condecorar o orador por atos de bravura em combates imaginários. Sobretudo quando entra em ação nas reuniões da seita que chefia, o espetáculo do destemor é suficientemente impressionante para induzir à rendição sem luta um pelotão inteiro de fuzileiros navais americanos. Foi assim nesta terça-feira, durante o comício de lançamento da candidatura de Rui Falcão a mais uma temporada na presidência do PT.

No meio do palavrório, o palanque ambulante resolveu reiterar aos berros a declaração de guerra a inimigos que insistem em noticiar as delinquências da companheirada. “A imprensa fica 24 horas por dia esculhambando com o político”, encolerizou-se. (Esculhambação, segundo o Glossário da Novilíngua Lulopetista, é qualquer coisa que não atenda aos interesses do mestre e seus devotos). Foi a senha para a entrada em cena da linguagem de cortiço: “Eu fico puto porque os políticos não reagem, fico puto da vida porque eles ficam tão quietos enquanto eles ficam xingando a classe política”.

Por que Lula não aproveita o Caso Rose para desencadear a reação dos ofendidos? Ele anda indignado com jornalistas que se negam a sepultar o escândalo em que se meteu ao lado de Rosemary Noronha. Mas ainda não abriu a boca sobre as patifarias descobertas pela Polícia Federal e divulgadas há 264 dias. Como comprova o post reproduzido na seção Vale Reprise, pelo menos 40 perguntas aguardam respostas. Só podem ser fornecidas pelo homem que instalou uma vigarista no escritório da Presidência da República em São Paulo, presenteou a protegida com passeios internacionais e, a pedido da companheira, infiltrou seus comparsas em agências reguladoras.

O ex-presidente afirma que quem diz coisas assim está “esculhambando” a classe política e não admite que os insultados permaneçam quietos, certo? Pois reafirmo que a parceria com Rose é um caso de polícia. E espero que Lula reaja pondo fim ao silêncio de quem não tem álibi algum a apresentar.

(por Augusto Nunes)

‘Lula, o censor!’, por Ricardo Noblat

Publicado no Blog do Noblat

Por que Lula repete com tanta insistência que o PT não precisa da opinião de “formadores de opinião” para saber como se comportar com decência?

Opção A: Porque a opinião dos “formadores de opinião” rejeitada por ele costuma ser contrária ao modo de o PT se comportar. Se fosse favorável, ele não reclamaria; Opção B: Porque detesta “formadores de opinião” em geral e alguns em particular. Beneficia-se da opinião daqueles que o reverenciam, mas nem desses gosta muito; Opção C: Porque a crítica aos “formadores de opinião” lhe garante largo espaço nos meios de comunicação. Isso massageia seu ego e atrai a solidariedade dos petistas; Opção D: Nenhuma das opiniões acima; Opção E: Todas as opiniões acima.

 

(Não responda sem antes refletir um pouco. Lula é um cara complexo. Salvo a turma de sua época de sindicalista, poucos o conhecem de fato. Por esperto, espertíssimo, engana correligionários e adversários com facilidade. Com frequência não diz o que pensa, mas o que seus interlocutores querem ouvir. E depois faz o que quer. Em resumo: é um político nato à moda antiga. Mais para samurais do que para ninjas.)

De volta ao questionário. Cravou uma das opções?

A certa a meu ver: a opção E (Todas as opiniões acima).

Lula trata o PT como um filho. Por sinal, vive comparando o PT a um filho desde a época do estouro do escândalo do mensalão. Disse algo assim: “Qual o pai que pode saber o tempo todo o que seus filhos estão fazendo?”

Com isso quis se declarar inocente.

Entre ser entrevistado ao vivo pelo Jornal Nacional no dia seguinte à sua eleição em 2002 e começar a apanhar quando Roberto Jefferson denunciou o suborno de deputados, foi um pulo. Ali acabou a lua de mel de Lula com a imprensa.

Saiu de cena o ex-sindicalista que passou a perna em todo mundo e alcançou a presidência da República. Entrou o ex-sindicalista que se dizia perseguido pelas elites – embora elas jamais tenham lucrado tanto quanto no governo dele, embora ele as tenha paparicado sempre que pode, embora elas, hoje, torçam por sua volta ao poder.

O fato de não ter estudado porque não quis e de ter sucedido alguém que nunca parou de estudar alimentou em Lula um certo desprezo por aqueles que sabem pensar e expressar o que pensam.

Como se acha bem-sucedido – e de fato o é – imagina-se merecedor de todos os elogios possíveis e um injustiçado quando eles escasseiam. Ou quando são superados pelas censuras.

Disse um dia (cito de memória): “Gosto de publicidade. De notícias, não”.

Existe publicidade positiva e negativa. É da primeira que naturalmente ele gosta. Sobre a notícia ele não exerce controle. Exerce sobre a publicidade desde que pague a conta. Ou que tenha quem pague.

Talvez tenha sido o primeiro político dos tempos interessantes que vivemos a intuir que tratar mal a imprensa lhe renderia generoso e gratuito espaço na… imprensa. E assim procede até aqui.

Seus admiradores mais simplórios apreciam a disposição com que ele destrata jornalistas, formadores de opinião e os mais poderosos conglomerados de comunicação. Lula lhes fornece argumentos para justificar todos os passos do PT. E eles se sentem aptos a travar discussões com seus desafetos.

Não é bacana?

(por Ricardo Noblat, de O Globo)

Partidos

Entre as prévias e o adeus

Sem decisão

Na reunião com dirigentes do PPS, ontem, em São Paulo, José Serra reiterou que, ao menos por enquanto, não tira da cabeça a ideia de concorrer ao Palácio do Planalto.

Ali, Serra voltou a queixar-se de isolamento dentro de seu partido e do fato de Aécio Neves não querer nem ouvir falar em prévias. Aí é que sobrevive a esperança da cúpula do PPS.

Serra falou em “construir as condições” para deixar o PSDB: ou seja, batalhará até onde aguentar pela realização de uma disputa interna contra Aécio.

Esgotadas as alternativas e caso não consiga botar as prévias de pé – possibilidade remotíssima, como o próprio admite – aí, sim, Serra lançará mão do discurso da falta de espaço e procurará um partido que ofereça-lhe uma chapa ao Planalto para chamar de sua.

Por Lauro Jardim

Plano complicado

Katia quer apoiar Dilma

O PSD de Gilberto Kassab, se escolhido por José Serra para o seu projeto presidencial, vai entrar em ebulição. Kátia Abreu, vice-presidente do partido, espalha aos quatro cantos que é contra a ideia. E ainda lembra para quem lhe pergunta que vários diretórios regionais também. Kátia já foi convidada para entrar no PMDB.

Por Lauro Jardim

Só assim

Convocada pela Câmara

A convocação de Gleisi Hoffmann pela Comissão de Integração e Desenvolvimento da Amazônia, na Câmara, levou o governo à loucura. Henrique Fontana procurou Jerônimo Goergen, presidente do colegiado, para pedir uma via alternativa à obrigatoriedade do comparecimento de Gleisi, que terá de prestar esclarecimentos sobre os critérios de demarcação de terras indígenas. Goergen disse não.

Horas depois, o Ministério da Justiça entrou em ação. Um emissário de José Eduardo Cardozo foi ao gabinete de Goergen com a contraproposta: uma audiência com a presidente de Funai, Maria Augusta Assirati, amanhã, às 11h30, algo que a turma da comissão pede há anos, sem sucesso.

Os deputados toparam, mas, ainda assim, Goergen ainda não decidiu se vai arquivar a convocação de Gleisi, e justifica:

- Não basta só a Funai, também iremos à Embrapa. O arquivamento vai depender do resultado dessas reuniões.

Por Lauro Jardim

 

O vídeo de 28 segundos garante a Dilma um zero com louvor em português e matemática

O que diz no vídeo de 28 segundos garantiria a Dilma Rousseff um rotundo zero (com louvor) em provas de português e matemática para crianças de 12 anos. Segue-se a transcrição literal da fala já com vaga assegurada no Museu da Era da Mediocridade.

“Em Portugal, daonde eu… aonde eu cab… ac … di onde eu acabei de vir, o desemprego béra 20 por cento. Ou seja: um em cada quatro portugueses estão desempregados. E eles vêm dizê qui o Brasil é um país em situação difícil”.

A presidente deveria ser obrigada a escrever 500 vezes no quadro negro o seguinte:

“Em Portugal, de onde acabei de vir, o desemprego beira 20 por cento. Ou seja, um em cada cinco portugueses está desempregado”.

Mesmo que estivesse voando em céu de brigadeiro, qualquer país governado por quem diz coisas assim tem o dever de considerar-se em situação de altíssimo risco.

(por Augusto Nunes)

‘A falsa boa ideia’, por Carlos Brickmann

Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

Hemingway dizia que, para escrever um livro, levava determinado tempo; e, para cortar o texto até chegar à versão definitiva, um tempo muito maior. Uma reportagem não é um apanhado de fatos que se passam por realidade; uma reportagem é algo trabalhado, pensado, articulado, hierarquizado, com mais espaço para o que é mais importante, tudo dentro do panorama geral dos acontecimentos. Como ensinava o Jornal do Brasil dos bons tempos, o fato mais importante vinha no lead, o segundo no sub-lead, e a história se seguia no restante da matéria. Fazer uma reportagem não é amontoar fatos, mas dar-lhes sentido.

E os ninjas? Os ninjas são um fenômeno relativamente novo (os repórteres-abelha, lançados por Fernando Meirelles no TV-Mix, da TV Gazeta, faziam algo semelhante, embora mais bem trabalhado, mesmo não dispondo dos equipamentos hoje existentes). Foram importantíssimos para mostrar as imagens das manifestações de rua, num momento em que as principais tevês, por motivos diversos, não conseguiam cobri-las; levaram grandes emissoras a trabalhar mais ou menos da mesma maneira, com repórteres utilizando câmeras leves e links nas mochilas; mas, excetuando-se os maníacos da telinha, que ficavam horas assistindo às passeatas, era difícil encontrar muita gente com disposição para assistir à movimentação constante, aos ruídos, à gritaria ─ e, especialmente, à quantidade de informações partidárias com rótulo de apartidárias.

 

Nada contra os ninjas: que busquem seu lugar ao sol, abrindo possivelmente uma nova fórmula, que ainda será preciso desenvolver, de telejornalismo. Mas tudo a favor da reportagem que, feita por profissionais talentosos e bem equipados, possam mostrar não apenas as imagens da correria, mas o que está de fato acontecendo. A cobertura ninja não mostrou, por exemplo, nem poderia mostrar, quais correntes políticas apoiavam cada uma das manifestações, e com que interesses. Mostrou, o que foi ótimo, várias tentativas de policiais de incriminar manifestantes; mostrou, o que foi ainda melhor, pelo menos um manifestante que, depois de jogar coquetéis Molotov e provocar incêndios, correu em direção aos policiais, foi recebido por eles, que lhe deram um uniforme para cobrir as roupas civis, e misturou-se ao grupo que reprimia a manifestação. Ficou claro, ali, algo que parecia evidente, mas que ainda não havia sido comprovado: a presença de agentes provocadores, sabe-se lá com que objetivos. Mas, muitas vezes, a cobertura ninja lembrou um famoso juiz de futebol, Alcebíades de Magalhães Dias, que virou uma lenda no nosso futebol.

Num jogo há muitos e muitos anos entre o Botafogo do Rio e seu time de coração, o Atlético Mineiro, o botafoguense Santo Cristo e o atleticano Afonso discutiam quem tinha direito a repor a bola que saíra pela lateral. O juiz decidiu: “Bola nossa! Afonso, é bola nossa”. Ficou conhecido como Cidinho Bola Nossa.

No caso dos ninjas, não há dúvida sobre o partido que apoiam, embora insistam (tanto eles quanto seus financiadores, o grupo Fora do Eixo) em garantir que não têm qualquer ligação com partido algum.

Mas não desviemos o assunto: independentemente de quem apoiem ou não, o problema é que a exibição desordenada de imagens e fatos pode até representar uma franja do jornalismo, mas definitivamente não é nem revolução nem tendência a ser seguida.

Da mesma forma que dicionário, embora contenha milhares de palavras, mais palavras do que qualquer outro livro, não é literatura.

A força da marca
A família Graham, que nos tempos da matriarca Katherine desafiava o The New York Times e o Wall Street Journal com seus Washington Post e Newsweek, chegou à conclusão de que não tem condições de manter-se na luta dos jornais impressos. “Depois de anos de desafios como indústria familiar de jornais, imaginamos que um novo proprietário seria melhor para o Post“, disse Donald Graham, supremo dirigente da empresa, da quarta geração de donos do jornal. “A tecnologia e o talento para negócios do sr. Bezos, sua visão de longo prazo e sua honradez pessoal o tornam um proprietário ideal para o Washington Post” .

Mas, se a coisa está tão complicada, por que Jeff Bezos, criador e comandante da Amazon, a rede virtual de livrarias que revolucionou o mercado, decidiu entrar no negócio? Para perder dinheiro, mesmo em nome da preservação de um patrimônio do jornalismo mundial, do jornal que revelou o caso Watergate e foi o principal responsável por Richard Nixon ter deixado a Presidência americana, é que não é. E por que justo ele, que mostrou que é possível vender livros que não usam papel, investe num jornal impresso, cuja circulação caiu 7% neste primeiro semestre, cuja receita operacional caiu 44% nos últimos sete anos?

Ao que tudo indica, Bezos pensa em manter e fortalecer ao máximo a edição impressa do Washington Post ─ menos pelo potencial de gerar receita do jornal, mais pela utilização de uma das marcas mais valiosas do mercado jornalístico internacional. E como irá ele utilizar essa marca? Excelente pergunta ─ e, se este colunista soubesse respondê-la, certamente estaria em situação financeira bem melhor que a atual (e não esqueceria nenhum de seus amigos, claro). Mas, com certeza, ao remar na direção oposta à que quase todos dizem ser uma tendência de mercado, Bezos acredita na sobrevivência do jornal de papel por tempo suficiente para, pelo menos, recuperar o investimento e ganhar alguma coisa.

A propósito, esta é a segunda vez em que o Washington Post enfrenta uma crise que o obriga a trocar de donos. A última ocorreu em 1933, quando o jornal, falido após a grande crise de 1929, foi a leilão. O financista Eugene Meyer o comprou por pouco mais de US$ 800,00. Não dá nem dois mil reais.

Batendo duro
O jornalista e professor Cláudio Tognolli, observador atento do panorama jornalístico, acha que empresários como Jeff Bezos vão cada vez mais comprar jornais. “Vão ser a garantia de imparcialidade contra a compra de blogs por governos”.

(por Carlos Brickmann).

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Fonte:
Blog Augusto Nunes (veja.com.br)

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1 comentário

  • Maurício Carvalho Pinheiro São Paulo - SP

    O safadão é o próprio cavaleiro andante, miserável e sujo do famoso filme o "Exército Brancaleoni" interpretado por Vitório Gasmann (Pelo menos êsse era alto e bonitão não um sapo barbudo e ignorante) uma paródia sarrista de Dom Quixote, composto pelo próprio,um esqualido cavalo chamando Roncinante, um cavaleiro esmoler, por um gordinho e vesgo, seu escudeiro, um reverendo ou padre pequenininho, que dorme e arrasta um caixão que arrasta consigo, onde se esconde nas pseudos refregas e um bumbeiro que segue dosando a marcha com uma tampa de lata de lixo rachada.

    A tal de Gleisi foi nomeada em desacordo com a Súmula 13 do STF que trata de nepotismo. Gostaria de saber a opinião da Dna. Marisa, com seu passaporte italiano, a respeito do "causo" com a Secretina ! E finalmente para finalizar esta ópera bufa: QUANDO VOCES VÃO FALAR COM O POVÃO ??? HEIN ?? Nós os de olhos azuis já sabemos de monte essas aventuras desses safados. Por que não distribuem uns folhetinhos para semi-analfa entender às portas das empresas ?? E esse tal de Serra não se tocou que está atrapalhando o PSDB com essa insistência maníaca em ser Pres. da República ?? Independente dessas pesquisas safadas, que inventam rejeição conforme a solicitação de quem paga, esse senhor já encheu o saco com sua maneira de ser !!!

    Deixe para outrem "endereitar" o país. A fila já andou, pacas.

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