Técnicos do Banco Mundial visitam fazenda que utiliza práticas de ABC

Publicado em 06/09/2013 09:19
Equipe que viajou por Goiás durante dois dias conheceu duas propriedades rurais que poderão participar do Projeto Agricultura de Baixo Carbono do SENAR

Os técnicos do Banco Mundial visitaram a Agropecuária Topgen, em Amaralina, nesta quarta-feira (4/9), para conhecer uma área que já utiliza a integração lavoura-pecuária (ILP), uma das práticas previstas no Projeto Agricultura de Baixo Carbono (ABC). A atividade fez parte da programação organizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) ao longo desta semana para definir o plano operacional do ABC. No dia anterior, o grupo já havia sido apresentado à estrutura do SENAR e presenciado um treinamento sobre manejo de pastagens no município de Campo Limpo de Goiás.
 
A fazenda de 3.720 hectares tem foco na pecuária extensiva. O proprietário Rodrigo Nascimento precisou implementar a técnica para recuperar pastagens degradadas.  Segundo ele, a prática foi o caminho encontrado para reduzir os custos e produzir alimento de qualidade para os animais. A opção pela ILP se refletiu diretamente na lucratividade do negócio. “As técnicas sustentáveis são muito importantes, pois o produtor que fica mais eficiente tem uma produção maior em uma área menor, o que significa preservação sem abrir novas fronteiras agrícolas”, salienta. Mas para que o projeto realmente possa atrair o interesse dos produtores, o pecuarista alerta para a importância da difusão de conhecimentos e da capacitação. “Precisamos mudar a mentalidade do produtor. Não adianta só dar dinheiro, tem que ensinar. Nesse contexto, o papel do SENAR será muito relevante, pois a capacitação dos produtores é fundamental e isso precisa vir de cima para baixo”, ressalta.
 
Na opinião do especialista em Desenvolvimento Rural do Banco Mundial, David Tuchschneider, as visitas a campo permitiram que os técnicos da instituição conhecessem de perto a realidade da região e tivessem um contato mais próximo com as pessoas envolvidas no ABC. Ele explicou que algumas questões ainda precisam ser ajustadas dentro do projeto – como acesso a crédito, grupo alvo e pagamento dos serviços de assistência técnica –, mas o trabalho será facilitado depois da programação. “Pude sentir na carne as dificuldades enfrentadas pelos produtores brasileiros. Foi uma oportunidade única para mim. A maneira como a viagem foi estruturada ficou ótima, pois podemos verificar um curso do SENAR e visitar um dos estados que irão fazer parte do projeto”, declara.
 
 
A coordenadora de Projetos e Programas Nacionais do SENAR, Patrícia Machado, também reforça a relevância das atividades desenvolvidas em Goiás para a definição do ABC. Para ela, a experiência vai possibilitar, principalmente, a delimitação das metas e resultados que o projeto pretende atingir. “Às vezes as pessoas fazem um programa sem conhecer a realidade. Eles conseguiram ver exatamente como trabalhamos e até onde podemos ir. Isso permitirá construir o projeto de uma forma real e de maneira que possa ser cumprido. Eles ficaram muito satisfeitos com a nossa performance e o objetivo da missão foi completamente cumprido”, avalia.
 
Representante do Ministério da Agricultura no ABC, Sidney Medeiros, concorda e destaca que as atividades permitiram que os técnicos do Banco Mundial visualizassem in loco que o programa tem aplicabilidade e suas metas são atingíveis. Ele acredita ainda que a viagem mostrou algumas diferenças entre a agricultura norte-americana e a brasileira e trouxe novos conhecimentos para os participantes. “Alguns deles não são da área do agronegócio e os conceitos são diferentes nos Estados Unidos e no cerrado do Brasil. Além disso, eles tiveram a possibilidade de tirar as próprias dúvidas em relação ao projeto e conhecer os treinamentos do SENAR, uma entidade que já tem expertise na área. Não pretendemos fazer nada de novo. Vamos aproveitar um sistema que já existe e ampliá-lo, fazendo com que os produtores adotem ainda mais práticas sustentáveis”, explica.
 
A programação prossegue hoje e amanhã (6/9), quando ocorrem reuniões para discutir aquisições, gerenciamento financeiro e avaliação de impacto, além de revisar o plano de preparação do projeto.
 
Projeto ABC
 
Ação conjunta do SENAR, do Ministério da Agricultura e da Embrapa, o Projeto ABC pretende incentivar e difundir a adoção de práticas sustentáveis para a redução das emissões de gases de efeito estufa e sensibilizar o produtor para que ele invista na sua propriedade de forma a ter retorno econômico mantendo o meio ambiente preservado. O SENAR será responsável pela capacitação nas tecnologias, formação profissional e pela assessoria em campo, com recursos do Programa de Investimentos em Florestas (FIP, sigla em inglês) – via Banco Mundial –, que já encaminhou parte do recurso destinado à preparação do projeto.
 
O ABC vai atender nove estados do Bioma Cerrado (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí, Minas Gerais e o Distrito Federal), num período de três anos, com a promoção de quatro processos tecnológicos: recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, sistema de plantio direto e florestas plantadas.
 
O projeto prevê a realização de seminários de sensibilização e divulgação nos estados participantes, capacitação tecnológica de produtores e gerentes de propriedades e instrutores do SENAR e, ainda, treinamento dos técnicos que atuarão na assessoria em campo para os produtores. Ao todo, 900 propriedades serão atendidas nos projetos piloto a serem implementados em Minas Gerais, Goiás e Tocantins. Dessas, 90 estabelecimentos (10%) terão a obrigação de executar uma das tecnologias aprendidas e serão transformadas em cases de estudo e vitrines tecnológicas.

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Senar

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