Helicoverpa Armigera: Governo vê “situação grave” e admite que praga está há um bom tempo no País

Publicado em 31/10/2013 16:11
Por Ariosto Mesquita

O coordenador geral de Registro de Agrotóxicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Luís Eduardo Pacifici Rangel, revelou que a acelerada disseminação de infestações da Helicoverpa armigera atestada neste início de safra de verão é considerada “situação grave” para a agricultura brasileira. “Com ela, a atual safra de verão será crítica”, alerta.

Indagado sobre desde quando a praga está em circulação dentro do Brasil, ele admite que as recentes revelações da pesquisadora da Universidade Federal de Goiás, Cecília Czepak (de que o inseto certamente já está há anos no País) são procedentes. “O que aconteceu na safra passada foi apenas a explosão populacional da lagarta; já no ciclo 2011/2012 tínhamos relatos de infestações fora de controle, mas ainda atribuídas equivocadamente à Helicoverpa zea”, afirma.

Rangel revela também que a situação está longe de ser controlada e que há muito a fazer: “não conhecemos praticamente nada sobre esta praga e certamente vamos levar de três a quatro anos apenas para aprender a conviver com ela“.  O coordenador concedeu a entrevista após participar do 1º Workshop Brasil de Educação e Segurança no Campo, organizado pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF), realizado no dia 22 de outubro no Mercure Apartments, na Capital Federal.

Sobre o combate à lagarta através da utilização do Benzoato de Emamectina – cobrada pelo setor agrícola e cuja importação foi autorizada pelo Governo Brasileiro este ano – o coordenador do MAPA explicou que a primeira tentativa em autorizar seu uso foi “empacada” pelo Ministério Público. O Governo tenta, agora, uma solução menos burocrática para a liberação do produto.

Provavelmente dentro do mês de novembro a Presidência da República deve emitir um decreto de emergência fitossanitária permitindo a utilização do produto. Esta medida, segundo Rangel, abole a necessidade de obtenção do registro. “Entretanto, a ideia é que seu uso seja autorizado para procedimentos pontuais, apenas em situações de redução da população de lagartas”, conta. Sobre os resultados esperados, o coordenador do MAPA confessa: “nem sabemos se vai funcionar”.

Risco toxicológico

“Só o uso indevido do Benzoato de Emamectina pode trazer riscos para o homem”. A afirmação é do médico, professor, toxicologista e coordenador do Ambulatório de Toxicologia do Hospital de Clínicas da Universidade de Campinas (Unicamp), Angelo Zanaga Trapé. “Este produto foi exatamente aquele que eliminou boa parte da população desta praga em outros países e sua aplicação correta tem risco mínimo”, salienta.

O especialista, no entanto, não descarta eventuais complicações. “Intoxicações podem provocar problemas neurológicos no ser humano, mas somente quando ele é exposto a uma alta dosagem”. Trapé – que também participou do Workshop da ANDEF em Brasília - defende uma rápida liberação uso do agrotóxico para combate Helicoverpa armigera. “Estamos perdendo tempo e dinheiro”, lembra.

Confiança e a imprensa

Números de um levantamento realizado em 2011 pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócios (ABMRA) mostram que os setores que mais impactam na opinião do produtor rural são as revendas de defensivos (46%) e as cooperativas (36%). “Isso mostra a importância que as empresas de químicos têm no esclarecimento ao agricultor sobre o que tem de ser feito em um momento de crise, como acontece agora com a infestação da Helicoverpa”, comenta o professor e integrante do Núcleo de Estudos do Agronegócio da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPN), Coriolano Xavier.

De acordo com ele, o agricultor não vê a revenda de defensivos como uma grande empresa: “é tida como parte de seu mundo social e os revendedores como integrantes da comunidade”, explica. “Portanto, tá na hora destes profissionais se comportarem menos como vendedores e mais como difusores de tecnologia”, completa.

Xavier – que falou sobre a importância do marketing e da comunicação para os produtores brasileiros durante o Workshop da ANDEF - não vê o setor agrícola brasileiro mobilizado em torno da questão Helicoverpa. “No momento, quem está levantando o assunto de forma intensa e preocupada é só a imprensa brasileira”, afirma.

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Ariosto Mestquita

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