Dólar dispara e pesa forte sobre a soja de Chicago nesta 6ª, e tem impacto limitado nos preços do BR
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Depois de uma semana de intensa volatilidade, mas de caminhar lateral, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago foram duramente pressionados na sessão desta sexta-feira (5) e vão fechando o dia com perdas de dois dígitos nos principais vencimentos e acumulando uma perda de mais de 2,5% em relação ao fechamento da última sexta (28). O mercado perdeu força diante de baixas fortes do farelo - que perdem mais de 1% neste pregão - e também pela dispara do dólar frente ao real.
A moeda americana sobe mais de 2%, ultrapassa os R$ 5,40, e deixa a oleaginosa brasileira ainda mais competitiva, além de intensificar o interesse vendedos dos produtores do Brasil. Segundo especialistas, a disparada do dólar se deu depois da fala de Jair Bolsonaro de que devera indicar seu filho Flávio Bolsonaro ao Planalto nas eleições presidenciais de 2026.
"A sinalização reduz as expectativas em torno da candidatura de Tarcísio de Freitas, nome visto pelo mercado como mais moderado e preferido para reduzir a polarização. Com a possibilidade de Flávio ganhar protagonismo como principal candidato da direita, o cenário político volta a se tornar mais polarizado e com menor capacidade de articulação, aumentando a percepção de risco e pressionando o câmbio", afirma a equipe de análise da Agrinvest Commodities.
Além destes dois fatores, as baixas se dão ainda sobre a falta de novas notícias para motivar a soja na Bolsa de Chicago. O mercado vai acompanhando cenários que já conhece, ainda esperando por novidades e pelo novo boletim do USDA. O Departamento de Agricultura do Estados Unidos traz seu novo relatório mensal de oferta e demanda na próxima terça-feira, dia 9 de dezembro, e os novos números podem mexer com os preços. Atenção à produtividade e às exportações.
No paralelo, atenções ainda à demanda chinesa, que segue acontecendo nos Estados Unidos rumo às compras de 12 milhões de toneladas, e também ao clima na América do Sul, que já compromete o potencial da safra 2025/26 e vai sendo registrado pelos traders. No Brasil, a produtividade estimada ainda está próxima da média dos últimos anos, porém, fragilizada.
CHICAGO x DÓLAR x PREÇOS NO BRASIL
Com as altas do dólar frente ao real passando de 2% nesta sexta-feira, os preços da soja no mercado brasileiro encontraram algum suporte apesar das perdas dos futuros em Chicago.
A semana, no entanto, foi de negócios mais contidos e pontuais. Os produtores têm estado mais cautelosos diante das preocupações com o clima, que tem estado adverso em diversas regiões produtoras. Além disso, durante toda a semana, os futuros da soja na CBOT caminharam de lado, sem trazer muito estímulo aos preços no mercado brasileiro, principalmente para a oleaginosa da safra nova.
Como explicou o diretor da Pátria Agronegócios, Cristiano Palavro, com as baixas de Chicago, o impacto foi limitado da alta forte do câmbio. Os preços melhoraram levemente, mas sem mudanças muito agressivas. Logo após o almoço, a soja no porto de Paranaguá, por exemplo, chegou a R$ 136,50 por saca, com pagamento para o final de abril e R$ 135,00 para o pagamento no final de março.
As contas, porém, quando vão chegando ao interior do Brasil ainda são difíceis de fechar, o que ajuda a deixar o produtor temeroso para avançar com sua comercialização, já que sua produtividade ainda é uma incógnita.
Já a soja disponível tem vivido momentos melhores, com algumas das melhores referências da temporada sendo registradas agora, em especial com base nos preços acima dos US$ 11,00 na CBOT. São preços ainda acima dos R$ 140,00 por saca nos portos, com difícil originação, sendo esta uma soja bastante "disputada".
"A soja disponível dezembro, janeiro, na visão da Pátria, é a cereja do bolo, a joia que se tem para a safra 2025/26. É uma soja que 'dá muita briga' na originação, em especial porque a safra brasileira sofreu esses atrasos entre o pontapé inicial da safra e o grosso da semeadura no Brasil", explica o diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira. "Estamos falando de cerca de 60 a 70 milhões de toneladas de soja que sofreram um deslocamento de calendário agrícola, deslocamento que gera mais pressão ao originador que precisa comprar soja em dezembro e janeiro".
Pereira relata que há clientes da Pátria em regiões como o Oeste Baiano e o Centro Norte de Goiás que já receberam ofertas cerca de R$ 10,00 por saca acima das ofertas já precificadas para a primeira quinzena de fevereiro, em relação ao observado para entrega e recebimento em janeiro.
"Então, ainda vemos um viés de melhora dessa soja em função dessa dificuldade de originação", completa.
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