Venezuela: governo e oposição relatam mais 2 mortos

Publicado em 19/03/2014 19:09
Em meio à escassez, Maduro lança “vale-alimentação”
Um funcionário público foi assassinado quando tentava desfazer uma barricada em um bairro de classe média no oeste de Caracas, informou nesta quarta-feira pelo Twitter o prefeito da cidade, Jorge Rodriguéz. Rodriguéz não forneceu mais detalhes do caso e somente disse que o homem era funcionário da prefeitura e se chamava Francisco Rosendo Marín. O prefeito escreveu que Marin foi assassinado por "terroristas" quando "desfazia uma barricada" no bairro de classe média de Montalbán.
 
A morte do funcionário público foi divulgada no mesmo dia em que a oposição relatou o falecimento de um estudante de engenharia mecânica de 18 anos, identificado como Anthony Rojas. O universitário morreu na noite desta terça-feira depois de receber vários tiros na cabeça em um bairro popular de Táriba, estado de Táchira, em um incidente com versões conflitantes.

O reitor da instituição na qual Rojas estudava, Raúl Casanova, disse à AP que o universitário morreu em uma "ação fortuita enquanto estava em um bar e havia criminosos armados, que o assassinaram a sangue frio", uma versão que um familiar havia lhe contado.

No entanto, o opositor Jorge Mora, presidente do conselho municipal de Táriba, disse à reportagem que o estudante, que participou de protestos antigovernamentais, era seguido por "grupos armados pró-governo, que o feriram mortalmente". Segundo Mora, uma mulher também ficou ferida no incidente.

As autoridades da justiça Venezuela não emitiram nenhum comunicado sobre as mortes.

Desde o início de fevereiro, ao menos 26 pessoas morreram nos violentos protestos contra e a favor do presidente Nicolás Maduro. Fonte: Associated Press.

NA VEJA: 

Em meio à escassez, Maduro lança “vale-alimentação”

Com o desabastecimento crônico na rede estatal de supermercados, cartão de benefícios é inútil

Maduro durante entrevista coletiva

Maduro durante entrevista coletiva  (AFP)

Em meio ao desabastecimento crônico, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, lançou nesta semana o “cartão de abastecimento seguro”, uma espécie de vale-alimentação que promete vantagens para compras feitas em redes estatais, como descontos e participação em sorteios. Resta saber se os venezuelanos terão o que comprar, uma vez que os supermercados de Maduro, em razão da escassez de produtos, implantaram recentemente rigorosos mecanismos para limitar o consumo. Para a oposição, o vale-alimentação do chavismo é só fachada de uma nova forma de controle do governo sobre a população.

Pelo Twitter, o governador do estado de Miranda e líder da oposição, Henrique Capriles, classificou o cartão como “uma agressão à soberania popular” e pediu aos venezuelanos que boicotem a medida. Outro governador opositor, Henri Falcon, que comanda o estado de Lara, observou que a crise econômica na Venezuela é produto das políticas erráticas do Executivo. "O radicalismo não oferece resultados. A política de expropriação, confisco e repressão contra a iniciativa privada implementada há anos levou o país ao estado em que atualmente vivemos", disse Falcon. Além da desapropriação de fábricas e companhias de distribuição, que agora funcionam abaixo de suas capacidades, o governo congelou os preços, tornado o lucro impossível e inviabilizando a produção do setor privado.

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De acordo com uma pesquisa informal realizada na manhã desta quarta-feira pelo jornal El Nacional, de 30 pessoas questionadas em uma fila de um dos supermercados estatais de Caracas, apenas três já tinham ouvido falar da nova ‘tarjeta’. Uma das pessoas que conhecia o cartão, Julia Maldonado, afirmou que já estava há uma hora e vinte minutos na fila dohipermercado Bicentenário e manifestou sua reprovação à medida. "Com o cartão, eles irão limitar minhas compras a apenas um dia por semana”, disse.

Segundo o governo, o objetivo do cartão é sistematizar as vendas, modernizar a rede e fornecer um subsídio para os consumidores. A realidade, porém, é outra. Atualmente as compras na rede estatal são possíveis apenas dois dias por semana e com limite de produtos por consumidor. Os venezuelanos interessados são fichados e recebem senhas, que funcionam em sistema de rodízio. Nas segundas-feiras podem comprar aqueles com as senhas terminadas em 1 e 2, 3 e 4; às terças e  quartas-feiras são os dias para os finais 5 e 6, 7 e 8. As quintas e sextas-feiras são reservadas aos consumidores com senhas que terminam em 9 e 0. Na prática, os consumidores terão um cartão, mas não a garantia da possibilidade de fazer compras.

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Em uma declaração no lançamento do programa, Maduro deixou claro que seu cartão “fará um grande censo de usuários”, apontando a real finalidade do benefício: impor mais uma forma de controle do governo sobre os consumidores. O sistema contará com o apoio do Banco da Venezuela, entidade que irá emitir os cartões após fazer o “cadastramento biométrico” dos interessados. O registro dos interessados está previsto para começar em 1º de abril.

Escassez – Os consumidores ouvidos pelo El Nacional relataram que no Bicentenário era possível comprar a maioria dos produtos. No entanto, a compra era limitada a dois litros de óleo, um saco de leite em pó, um pote de manteiga, um quilo de café e quatro quilos de farinha por pessoa. No Pdval (acrônimo para Produtora e Distribuidora de Alimentos da Venezuela, a maior rede de mercados estatais) da Avenida Francisco de Miranda, uma das principais de Caracas, a situação era diferente. As prateleiras estavam quase vazias, mas havia fila de clientes na porta porque o “frango estava chegando”.

 

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Fonte:
O Estado de S. Paulo + VEJA

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