No ESTADÃO: Era 'brincadeira', diz Lula sobre críticas à política econômica de Dilma

Publicado em 11/06/2014 08:33
Na sexta passada, ex-presidente criticou publicamente o secretário do Tesouro, Arno Augustin, pela diminuição na oferta de crédito (Na FOLHA: Dilma ataca 'pessimistas' e diz que gasto com a Copa é 'falso dilema').

 Cinco dias depois de terreclamado da escassez de créditocausada pela política econômica do governo Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou suas diferenças em relação à sucessora. Em rápida entrevista na noite desta terça-feira, 10, em São Paulo, Lula disse que estava apenas brincando quando alfinetou o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, durante palestra em Porto Alegre, na sexta-feira, e fez questão de não deixar dúvidas quanto à sua sintonia com Dilma. 

“Não tem divergência, não. Eu sou do governo”, disse Lula, depois de participar do Fórum Empresarial América Latina e Caribe no Auditório do Ibirapuera.

Na última sexta, 6, em evento promovido pelo jornal El País, Lula disse que “se depender do pensamento do Arno você não faz nada”, comparou o secretário do Tesouro a um tesoureiro de sindicato e cobrou publicamente Augustin a explicar qual o motivo de controlar o crédito se não existe inflação de demanda no país.

Nesta terça, Lula disse que as referências ao secretário do Tesouro foram brincadeiras mal interpretadas pela imprensa.

“Eu fiz uma brincadeira e a imprensa transformou numa coisa séria como se fosse uma divergência profunda. Eu brinquei com ele (Augustin) dizendo que dá para liberar um pouquinho de crédito. Ele não ficou bravo, só vocês (jornalistas) é que acharam que foi divergência”, disse o ex-presidente.

Na FOLHA: Dilma ataca 'pessimistas' e diz que gasto com a Copa é 'falso dilema'

Em pronunciamento em cadeia de rádio e TV nesta terça-feira (10), a presidente Dilma Rousseff atacou os "pessimistas" que "diziam que não teríamos Copa" e ressaltou que os gastos do governo com o Mundial representam para ela um "falso dilema".

Ela usou seus dez minutos de fala para, em tom por vezes ufanista, noutras vezes crítico, desmontar discursos que prenunciavam a não realização do evento. A ideia, segundo ela, era passar uma "noção correta" da Copa no Brasil "sem falso triunfalismo"

"Tem gente que alega que os recursos da Copa deveriam ter sido aplicados na saúde e na educação. Escuto e respeito essas opiniões, mas não concordo com elas. Trata-se de um falso dilema", disse a presidente.

Ela disse que os investimentos nos estádios, numa parceria entre bancos públicos, governos estaduais e empresas privada, contabilizaram R$ 8 bilhões. Nas áreas da educação e da saúde, todavia, as esferas federal, estadual e municipal investiram cerca de R$ 1,7 trilhão.

"Ou seja: no mesmo período, o valor investido em educação e saúde no Brasil é 212 vezes maior que o valor investido nos estádios", disse Dilma.

A fala de Dilma vem dois dias depois de pesquisa Datafolha apontar que o apoio ao torneio no Brasil permanece estável. O levantamento verificou que 51% dos eleitores são favoráveis à realização do evento e que a taxa é parecida com as obtidas em fevereiro (52%) e abril (48%) deste ano.

É, contudo, muito inferior aos índices de 2008, um ano após o país ter sido escolhido como sede pela Fifa. Naquela época, o apoio popular era de 79%.

Parte das crescentes críticas à realização do Mundial no país decorre dos gastos com obras como estádios e de mobilidade que não foram concluídas a tempo. O próprio governo avalia, segundo assessores presidenciais, que o atraso na entrega de obras provocou descontentamento porque não houve tempo para a população dos principais centros urbanos brasileiros "absorver" eventuais benefícios desses investimentos.

O pronunciamento de Dilma também faz parte de uma ofensiva de comunicação do Palácio do Planalto, que começou na semana passada com uma sequência de entrevistas a redes de televisão. A cúpula do governo considera a realização da Copa sem maiores incidentes essencial para desfazer o pessimismo com relação à gestão petista e, por consequência, à campanha à reeleição deste ano.

"É preciso olhar os dois lados da moeda. A Copa não representa apenas gastos, ela traz também receitas para o país. É fator de desenvolvimento econômico e social. Gera negócios, injeta bilhões de reais na economia, cria empregos", continuou.

"Se ficar provada qualquer irregularidade, os responsáveis serão punidos com o máximo rigor", disse ainda.

LEGADO

Dilma voltou a defender a entrega pelo governo federal de estádios e aeroportos, além da "robustez" do sistema elétrico, de um sistema de segurança "capaz de proteger a todos" e de um "moderno sistema de comunicação e transmissão". Descartou, com isso, qualquer chance de apagão durante o evento.

"Chegaram também ao ridículo de prever uma epidemia de dengue na Copa, em pleno inverno, no Brasil!", disse a presidente.

Ela reafirmou que os aeroportos brasileiros não foram construídos apenas para o Mundial, mas para atender a uma demanda crescente de brasileiros que agora andam de avião. Também disse que os estádios, por sua vez, servirão para outros usos além de partidas de futebol.

MANIFESTAÇÕES

Dilma disse ainda, após desfiar ganhos sociais de sua gestão, que "manifestações populares e reivindicações", sem fazer nenhuma referência específica, "nos ajudam a aperfeiçoar, cada vez mais, nossas instituições democráticas".

"Instituições que nos respaldam tanto para garantir a liberdade de manifestação como para coibir excessos e radicalismos de qualquer espécie", reforçou a presidente.

"Como se diz na linguagem do futebol: treino é treino, jogo é jogo. No jogo, que começa agora, os pessimistas já entram perdendo. Foram derrotados pela capacidade de trabalho e a determinação do povo brasileiro, que não desiste nunca", disse ela. 

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Fonte:
O Estado de S. Paulo + Folha

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