Na FOLHA: Xingamento contra Dilma não partiu só da 'elite branca', diz Gilberto Carvalho

Publicado em 19/06/2014 05:59
por RANIER BRAGON, reporter da Folha de S. Paulo em BRASÍLIA

Contrariando o discurso público e privado do governo, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) afirmou nesta quarta-feira (18) que os xingamentos contra Dilma Rousseff na abertura da Copa do Mundo não partiram só "da elite branca".

Segundo ele, a avaliação de que a gestão petista é corrupta "pegou", percepção que, partindo das classes alta e média, vem "gotejando" no setor mais pobre da população.

"Me permitam, pessoal, no Itaquerão não tinha só elite branca não. Não fui pro jogo, mas tive no Itaquerão, ao lado, numa escola acompanhando as movimentações, fui e voltei de metrô. Não tinha só elite no metrô. Tinha muito moleque gritando palavrão dentro do metrô que não tinha nada a ver com elite branca", afirmou Carvalho durante encontro com ativistas e blogueiros de esquerda no Palácio do Planalto.

"A coisa desceu. Isso que foi gotejando, de água mole em pedra dura, esse cacete diário de que inventamos a corrupção, de que nós aparelhamos o Estado brasileiro, de que somos um bando de aventureiros que veio aqui para se locupletar, essa história pegou. Na elite, na classe média, e vai gotejando, vai descendo. Porque não demos o combate, não conseguimos fazer o contraponto."

Na jogo entre Brasil e Croácia –abertura do Mundial, no último dia 12–, Dilma foi alvo de vaias e de xingamentos. O coro "ei, Dilma, vai tomar no c..." começou na ala VIP do estádio, mas se espalhou.

No dia seguinte, a presidente disse que os ataques partiram de gente que não representa o povo brasileiro. "O povo brasileiro não age assim. O povo brasileiro não pensa assim e, sobretudo, o povo brasileiro não sente da forma como esses xingamentos expressam. O povo brasileiro é um povo civilizado e extremamente generoso e educado."

Petistas, como o ex-presidente Lula, atribuem os xingamentos no estádio a integrantes das classes privilegiadas da população.

Folhapress
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A presidente Dilma Rousseff antes do inicio da partida entre Brasil e Croácia Leia mais

PANCADARIA

No evento dessa quarta-feira, Carvalho reclamou da "pancadaria" diária que o governo enfrentaria na mídia.

"Do ponto de vista de governabilidade institucional, somos uma estrondosa minoria. E se você acrescenta que nós não fizemos o debate na mídia pra valer, nós passamos esse tempo todo com uma pancadaria diária que deu resultado. Essa pancadaria diária é o que resulta no palavrão para a Dilma lá no Itaquerão."

Carvalho não citou nenhum exemplo. O PT reclama principalmente da cobertura jornalística do escândalo do mensalão, que resultou na prisão de toda a ex-cúpula do partido, entre eles o ex-ministro José Dirceu. Recentemente o governo tem enfrentado acusações de corrupção e má-gestão na Petrobras, que é foco de CPIs no Congresso.

Segundo Gilberto Carvalho, essa eleição será a mais difícil de todas para o PT. "Porque ela [Dilma] enfrenta o resultado desse longo processo, e a correlação de forças vai ficando mais complicada pra gente nesse sentido."

O ministro, que é o responsável no governo pela interlocução com os movimentos sociais, afirmou que "a capacidade de articulação com a sociedade é o único caminho capaz de compensar de alguma forma essa correlação de forças desfavorável do ponto de vista institucional."

O encontro no Planalto foi organizado como forma de defender as novas regras para montagem de conselhos populares, medida que vem sendo atacada pela oposição e por parte do Congresso sob o argumento de que o governo pretende aparelhar as decisões governamentais. 

Reação a vaia na Copa ajudou Dilma, avalia equipe da presidente

VALDO CRUZ
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

Assessores e a equipe de campanha da presidente Dilma Rousseff avaliam que ela saiu ganhando no início da Copa do Mundo e recebeu munição para se defender de ataques da oposição nesta fase de convenções para definições de candidaturas.

Além de as manifestações de rua estarem tímidas pelo país até o momento, os xingamentos dirigidos a Dilma na abertura da Copa, no Itaquerão, em São Paulo, resultaram em apoio e solidariedade a ela no campo governista e até na oposição.

Auxiliares destacavam como positivo o apoio do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão, que levou ex-integrantes da cúpula do PT à prisão.

Na avaliação de assessores de Dilma, os xingamentos foram ruins, mas o governo conseguiu tirar proveito da "virulência" da torcida.

Do ponto de vista político, o episódio também cai como uma luva no discurso já adotado pelo PT, de que uma "elite preconceituosa" no Brasil tenta inviabilizar a presidente da República em benefício do senador Aécio Neves, candidato do PSDB ao Planalto.

Assessores presidenciais ressaltam, ainda, que Aécio teve de recuar. Depois de aproveitar as vaias para atacar a petista, o senador mineiro mudou de tom e passou a não endossar os insultos.

Não por acaso, Lula explorou o fato no fim de semana e deve voltar ao tema na convenção do PT programada para sábado, quando Dilma será indicada oficialmente como candidata à reeleição.

Nesta semana, a cúpula da pré-campanha fará análise de conjuntura e avaliará o impacto das vaias sobre a imagem de Dilma nesta fase de largada da candidatura. Segundo um aliado, a convenção também será "um grande desagravo" à presidente.

Dilma, porém, deve tentar se preservar nos próximos dias. Ela tende a seguir mais na linha do que disse na última sexta-feira, quando falou que não esquecerá o que ocorreu no Itaquerão, mas que perdoa quem a ofendeu.

A resposta de Dilma foi considerada por correligionários como "positiva". Eles avaliam que as vaias e principalmente os xingamentos vitimizaram a presidente em um momento em que ela precisava de defesas públicas.

Um integrante da cúpula de campanha de Dilma disse que o ambiente do Mundial, que muitos avaliavam que seria negativo para o governo, "começou a mudar e, neste momento, é positivo".

Ele ressaltou que a mídia internacional já está até elogiando a organização da Copa. Outro integrante da campanha diz que ainda não dá para cantar vitória, mas que tudo indica que o cenário negativo não vai acontecer. 

Reunião de Lula com petistas cria mal-estar

Ex-presidente discutiu estratégia com coordenadores da campanha à reeleição sem a presença de braço direito de Dilma

Críticas à política econômica e diferenças sobre tratamento dado a adversários geram tensão nos bastidores

ANDRÉIA SADIVALDO CRUZDE BRASÍLIA

A ausência do assessor mais próximo da presidente Dilma Rousseff numa reunião dos coordenadores da sua campanha à reeleição, em São Paulo, gerou mal-estar no Palácio do Planalto, criando ruído entre aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua sucessora.

Ex-chefe de gabinete de Dilma, Giles Azevedo não participou de um encontro de Lula com coordenadores da campanha petista há cerca de dez dias, realizado logo após reunião do Instituto Lula em cerca de 30 pessoas discutiram a conjuntura econômica.

Lula aproveitou a presença dos coordenadores da campanha de Dilma para tratar de assuntos da eleição presidencial em seguida.

A ausência de Giles Azevedo, fiel escudeiro da presidente que deixou o governo em abril para participar do comando da campanha, não agradou à presidente Dilma, informada do encontro depois que ele foi realizado.

Participaram da reunião com Lula o presidente do PT, Rui Falcão, o tesoureiro da campanha, Edinho Silva, o ex-ministro Franklin Martins e o marqueteiro João Santana.

Interlocutores de Dilma acham que Lula isolou Azevedo para discutir à vontade mudanças que julga necessárias na campanha. Nas palavras de um auxiliar da presidente, Azevedo representa "os olhos e ouvidos de Dilma" no comando da campanha.

Petistas ligados a Lula confirmaram o mal-estar, mas buscaram contemporizar argumentando que a reunião não estava agendada oficialmente. Lula teria apenas aproveitado presença dos peetistas para "pacificar" divergências que os separam.

O ex-ministro Franklin Martins, escalado para cuidar da comunicação da campanha na internet e mais alinhado a Lula, quer que Dilma assuma a linha de frente do embate político com seus adversários na disputa eleitoral. O marqueteiro João Santana discorda da tática.

Há também diferenças sobre a melhor maneira de formatar a mensagem da presidente. "O desafio é: como vamos mostrar uma Dilma diferente, que continuará mudando, sem se distanciar do Lula?", afirmou um coordenador da campanha, que pediu para não ser identificado.

Para os lulistas, a notícia da ausência de Azevedo no encontro foi transmitida de forma distorcida à presidente, levando-a a crer que o objetivo do encontro era fazer uma avaliação crítica do seu comportamento no governo.

Embora neguem publicamente a existência de qualquer divergência entre eles, a relação de Dilma com o PT não é das melhores, e ela tem sido alvo frequente de críticas de Lula nos bastidores.

Lula, que afastou em maio a possibilidade de se candidatar à Presidência agora no lugar de Dilma, tem defendido mudanças na economia em conversas com empresários e até mesmo em público.

Num seminário recente, ele cobrou do secretário do Tesouro, Arno Augustin, medidas para aumentar a oferta de crédito. As críticas causaram estranheza, porque Augustin não é responsável pela liberação de crédito, e Lula disse depois que tinha apenas feito uma brincadeira com ele. Mas seu discurso foi interpretado no governo como um recado dirigido à presidente.

Procurado, o Instituto Lula informou que o encontro realizado em São Paulo não era uma reunião da coordenação de campanha de Dilma, tanto que entre os participantes estava o ex-ministro Walfrido Mares Guia, que não participa da campanha.

Em evento de alto padrão, 'elite branca' defende críticas a Dilma

por PATRÍCIA CAMPOS MELLO, DE SÃO PAULO

No enclave da "elite branca" de São Paulo, teve refrigerante a R$ 15 e champanhe Moët Chandon a R$ 500 a garrafa durante o jogo do Brasil –mas ninguém mandou a presidente Dilma Rousseff para aquele lugar.

"Quando cantam o hino à capela, é o povo brasileiro; quando xingam a presidente, é a elite paulista", assim resumiu sua indignação a empresária Fernanda Suplicy, uma das organizadoras do evento Ilha Gueri Gueri e sobrinha do senador Eduardo Suplicy (PT-SP).

  Raquel Cunha/Folhapress  
Cerca de 800 pessoas viram o jogo no evento Ilha Gueri Gueri, de alto padrão, em São Paulo
Cerca de 800 pessoas viram o jogo no evento Ilha Gueri Gueri, de alto padrão, em São Paulo

Na semana passada, a presidente Dilma foi xingada no jogo de abertura da Copa, no Itaquerão, e integrantes do PT afirmaram que o xingamento veio da elite. "Acho que mandar a presidente tomar... é uma coisa agressiva, que eu não aprovo, mas é a forma pela qual as pessoas se manifestam nos estádios", afirmou Fenanda.

"Há uma tentativa de generalizar, um discurso de separar as classes e isso não é verdade –tem muita gente com grana que vota na Dilma", disse o empresário Sergio Morisson, marido de Fernanda.

Está certo que a maioria das 800 pessoas que estavam no Ilha Gueri Gueri, evento que reuniu público de classe alta no bar Ilha das Flores, no bairro de Cidade Jardim, zona sul de São Paulo, não eram eleitorado petista.

"Se a Dilma tivesse ido ao jogo e aparecido no telão, certamente ia ter gente xingando", admitiu uma advogada que não quis se identificar.

Alguns defendiam a "liberdade de expressão" para xingar a presidente. "O brasileiro simplesmente colocou para fora sua insatisfação com o governo", dizia Carolina Burg, sócia do banco Plural. Segundo ela, só se estivesse "doida" votaria em Dilma na eleição.

Mas muitos se ressentiam do rótulo de classe privilegiada e mal educada que ofendeu a presidente. "Sei que há insatisfação, mas as pessoas deveriam demonstrar isso nas urnas. Mandar a Dilma...foi uma baita falta de educação; o mundo inteiro estava olhando esse desrespeito à presidente", disse Luiz Antonio Busnello, sócio da agência Pepper, uma das organizadoras do evento.

"Não sei se foi elite ou não. A Dilma também foi xingada no show do Rappa do dia 1 de junho [em Ribeirão Preto]", disse Ricardo Salles, secretário particular do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP).

Salles, ex-presidente do Movimento Endireita Brasil, causou polêmica ao criticar o trabalho da Comissão da Verdade. "A Dilma venceu em todos os estratos sociais, então parte dos descontentes são eleitores da classe alta que votaram no PT", disse

Entre os VIPs presentes, a ex-candidata a deputada e socialite Ana Paula Junqueira (PMDB-SP), o secretário estadual de Planejamento, Júlio Semeghini, o musico João Suplicy, filho do senador Eduardo Suplicy, o estilista Walério Araújo, a atriz Luciana Vendramini, empresários.

"Quem organizou a Copa, a que só tem acesso quem tem dinheiro, foi o governo; então não dá para culpar a gente", disse Ana Paula Junqueira, assumindo o papel de porta-voz da classe privilegiada.

Durante jogo do Brasil, sindicalistas se dividem sobre vaias a Dilma

por RICARDO BUNDUKY, de DE SÃO PAULO

"Está tendo Copa, sim! Só não tem copo, porque o Alckmin acabou com a água!", bradou no microfone o presidente nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, em frente ao telão montado na sede da unidade, no Brás (zona leste de São Paulo), para a transmissão do jogo entre Brasil e México.

Porém, a rivalidade para aquele público, formado por famílias, moradores do bairro e sindicalistas –a maioria com camisetas distribuídas pela CUT– parecia se restringir ao adversário da seleção.

Ernesto Rodrigues/Folhapress  
Moradores do Brás e sindicalistas da CUT se reúnem para ver Brasil X México em São Paulo
Moradores do Brás e sindicalistas da CUT se reúnem para ver Brasil X México em São Paulo

"As vaias para a Dilma tiveram merecimento, porque ela foi ao estádio fazer política", avalia o engenheiro José Antonio Pereira, 55, acrescentando que a presidente "pagou" pelos últimos 12 anos do governo de seu partido.

Na sequência, apontou para a sua camiseta da seleção –uma réplica comprada por R$ 80–, ressaltando que a oficial custa cerca de R$ 230. "O Lula deu muito crédito à Dilma, e o governo não foi muito bom", opinou o desenhista Alex Marins, 38, integrante da escola de samba Colorado do Brás, patrocinado pela CUT.

"Mas ainda que não tivessem feito a Copa, esse dinheiro não iria para lugar nenhum", afirmou um amigo dele, Daniel Porfírio, 35.

No intervalo do jogo, integrantes da bateria da agremiação empolgaram os presentes com seus batuques. O cardápio para quem assistia ao jogo no local era formado por pipoca em saquinhos de papel, copos de refrigerante e algodão doce, distribuídos gratuitamente.

NOVO CONTEXTO

Maiores de idade podiam comprar latas de cerveja por R$ 3,50 em bares dos arredores, ou por R$ 4, do único ambulante no local. O solitário vendedor, Márcio Salles, 49, disse ter visto a Copa de 2002 no Japão, mas que sua "realidade" mudou de lá para cá.

"Pelo lado do torcedor, a Copa no Brasil é do car...", disse. "Deixa para irmos à rua protestar contra a Dilma para amanhã", disse ele, destacando que os protestos são saudáveis para o Brasil, seja qual for o governo.
"Toda a verba pública acaba parando na mão de outra pessoa, isso a gente já sabe".

Além dele, que diz ter vendido quase toda a mercadoria, a catadora de rua Ana Pereira Santos, 63, teve motivos para comemorar –em apenas duas horas no local, ela disse ter coletado dois quilos de latas de alumínio.

Mesmo com as guloseimas gratuitas, teve também quem levou o "lanchinho" de casa, como o microempresário Rodrigo Oliveira, que carregava pacotes de salgadinho e uma garrafa de refrigerante em uma sacola plástica.

"O país tem outras prioridades, principalmente na área da saúde e segurança pública", afirmou ao fim do primeiro tempo, quando caminhava para casa com dois filhos pequenos e a mulher.

Ódio e bondades, por ELIANE CANTANHÊDE

BRASÍLIA - Divisão de tarefas na campanha do PT à Presidência da República: enquanto Lula e o lulista Gilberto Carvalho veem "ódio" por toda parte, Dilma oferece um pacote de bondades para os grandes empresários, na esperança de que façam uma meia volta e retornem para a candidatura dela.

O discurso de Lula, tão velho quanto sua luta sindical na década de 1970, teve um grande hiato com o "Lulinha paz e amor" --que o levou a subir a rampa do Planalto em 2003 e a descer dela com imensa popularidade, oito anos depois.

Jogando fora o "paz e amor", Lulinha recupera o seu velho personagem e o discurso da vitimização: perseguido pela elite branca, o conservadorismo, a direita, os que querem que o povo brasileiro morra de fome para manter seus privilégios --e com o apoio da imprensa, para ele, o amálgama de tudo isso.

Como se Lula nunca tivesse sido eleito, sustentado politicamente e paparicado pessoalmente por banqueiros, pelo grande empresariado, pelos partidos mais conservadores do país, pelos coronéis da política brasileira e vai por aí afora.

A não ser que Lula considere que o "ódio" e essa perseguição ao pobre migrante nordestino de muitas décadas atrás partem de uma "elite" muito curiosa: os cerca de 70% que clamam por mudanças.

A ponto, aliás, de os dois candidatos lulistas ao governo de São Paulo, Paulo Skaf, do PMDB, e Alexandre Padilha, do PT, disputarem a tapas o slogan da mudança. Ah, sim, é um slogan dirigido ao governador Alckmin, que tem 44% no Datafolha...

Se Lula e Carvalho destilam o "ódio", Dilma distribui "bondades". Mas tem de correr. Os empresários participam, ou até lideram, o grito de mudanças e se aproximam de Aécio Neves e de Eduardo Campos.

Os dissabores e as perdas da indústria, alegam, estão por trás de um dos maiores problemas brasileiros: o baixo crescimento, ou "pibinho", que penaliza todos, não só "a elite".

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Fonte:
Folha de S. Paulo

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