Proibição de alimentos na Rússia traz grandes oportunidades do Brasil

Publicado em 08/08/2014 10:44

Proibição da Rússia em muitos produtos alimentares ocidentais apresenta uma grande oportunidade para as exportações de carnes e grãos do Brasil.
Cerca de 90 novas usinas de carne no Brasil foram imediatamente aprovadas a exportar carne bovina, de frango e suína para a Rússia e a nação sul-americana já está trabalhando para aumentar as suas exportações de vendas de milho e soja para compradores russos, disse a secretária brasileira de política agrícola, Seneri Paludo. 

Esse cenário ocorre porque a Rússia proibiu todas as importações de produtos alimentares norte-americanos e de certos produtos provenientes da União Europeia, Austrália, Canadá e Noruega depois de o presidente Vladimir Putin ordenar a retaliação a sanções contra Moscou sobre a crise com a Ucrânia. 

Numa outra afronta a Washington - US o contratante de inteligência Edward Snowden foi autorizado a ter residência de três anos na Rússia, disse seu advogado na quinta-feira (07). As relações do Brasil com Washington também foram esfriadas após revelações do ano passado que os Estados Unidos espionaram e-mails pessoais da presidente Dilma Rousseff. 

O governo russo se reuniu com várias embaixadas latino-americanas na quarta-feira (06) para discutir a possibilidade de procurar mais fornecedores alimentares, na sequência da sua proibição em muitos produtos ocidentais, afirmou o o chefe do corpo de comércio DIRECON do Chile.

Como o maior exportador mundial de carne bovina, frango e soja, e um dos únicos países do mundo com terra disponível para aumentar a produção agrícola, o Brasil é um claro vencedor do embargo. Mas os países menores, como Argentina e Chile podem se beneficiar também. 

"A Rússia tem um enorme potencial como um consumidor de commodities agrícolas", Paludo disse aos jornalistas, em Brasília, comparando a "janela" aberta pelo embargo à "revolução" que as exportações brasileiras experimentaram quando mercado de commodities da China abriu uma década atrás. 
Associação de Carnes do Brasil (Abiec) disse que 58 das 90 plantas eram de carne bovina  - 27 para a carne fresca, e 31 para processada. Empresas de alimentos do Brasil, como o exportador de frango BRF SA e de embalador de carne JBS SA devem ser beneficiadas. As empresas não responderam imediatamente aos pedidos de comentários. 

JBS tem negócios nos Estados Unidos e no México, assim como o Brasil, mas não vende carne bovina dos EUA para a Rússia. 
Produtos de carne bovina lideraram as exportações do Brasil para a Rússia nos primeiros seis meses do ano, conforme mostraram os dados comerciais do Brasil. 

O presidente da associação de proteína animal do Brasil (ABPA) disse nesta quarta-feira (06) que o Brasil poderia cobrir as exportações de frango dos Estados unidos para a Rússia e aumentaria as exportações em 150 mil toneladas por ano. Apesar de que o aumento das exportações de carne de porco seria mais difícil. 

Hong Kong substituiu a Rússia como o maior comprador de carne bovina brasileira em 2013, mas a Abiec disse que as exportações para a Rússia "estavam determinadas a subir" na segunda metade do ano. 

Outras exportações agrícolas do Brasil para a Rússia incluem açúcar, café, suco de laranja e bananas. Em 2013, as exportações agrícolas para a Rússia valiam US$ 2,72 bilhões.

Moscou estocando
Em Moscou, na quinta-feira (07), as classes média e alta andaram pelos corredores de supermercados e lojas de importados com pilhas de queijos franceses, vinhos australianos e carnes curadas espanholas, no que pode marcar a última oportunidade para estocar todos os bens de luxo, exceto caviar por pelo menos um ano, enquanto a proibição de importação durar. 

Chile, uma possível alternativa para frutas Europeia, exportou US$ 643 milhões  em bens para a Rússia em 2013, principalmente alimentos processados, salmão e frutas, de acordo com dados da DIRECON. No entanto, as variações sazonais - o hemisfério sul é no meio do inverno - podem fazer a substituição se complicar, disse exportadores de frutas. 

Produtores chilenos estão "preparados para atender o aumento da demanda neste mercado, ou qualquer outro, nomeadamente à Rússia", disse Felipe Manterola, chefe do principal grupo da indústria SalmonChile. 

Sergio Mendes, diretor de Associação de Exportadores de Cereais do Brasil (Anec), disse que o Brasil precisaria de "um bom acordo bilateral" com a Rússia antes de as empresas exportadoras de grãos lançarem quantidades significativas de soja e milho lá. 

"As principais barreiras estão se relacionando com as pragas das culturas e burocracia", disse ele à Reuters. Apenas algumas empresas especializadas foram autorizadas a exportar soja para a Rússia e Mendes disse que reconhece que o Brasil é talvez o único país que pode aumentar substancialmente a produção se picos de demanda da Rússia. 

Os comerciantes de grãos na Argentina disseram que o Brasil se beneficiaria mais com as proibições alimentares, embora possa haver um impacto residual de commodities argentinas, se suprimentos brasileiros não forem suficientes para satisfazer a necessidade da Rússia por grãos, o que disseram ser improvável. 

"As maiores oportunidades provavelmente serão para óleos e farinhas em vez de grãos, mas nós pensamos que a Rússia se voltará para o Brasil como um fornecedor de primeira, uma vez que o Brasil faz parte do BRICS", disse um operador, referindo-se ao bloco econômico que inclui também Rússia, Índia, China e África do Sul. 

Rússia só tem comprado pequenas quantidades de farelo de soja e soja argentina nos últimos anos, de acordo com dados do Ministério da Agricultura.

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Fonte:
Reuters

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