Em VEJA: Irritada, Dilma nega tática do medo e dispara contra Marina no Bom Dia Brasil

Publicado em 22/09/2014 15:15
Questionada sobre economia, discutiu e disparou: 'Assim é difícil'...

A presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) voltou nesta segunda-feira a mirar sua artilharia na adversária do PSB, Marina Silva. “Ela tem uma posição favorável aos bancos. Eu não”, afirmou, justamente após ser questionada sobre a campanha do medo que seu partido promove na televisão. Dilma participou da série de entrevistas com os candidatos ao Planalto do jornal Bom Dia Brasil, da Rede Globo. A presidente não disfarçou a irritação ao longo de toda a entrevista – abordada sobre temas espinhosos, chegou a disparar um “assim é complicado”, ao ser questionada sobre os dados em que baseava suas respostas.

Sobre as peças publicitárias que associam Marina ao fim da comida no prato dos mais pobres, a presidente foi categórica: “Estou alertando, não provocando o medo”. Disse que tudo o que sua campanha afirma está no programa de governo da adversária, como a independência do Banco Central. “Tornar o BC independente é criar um quarto poder. A Praça dos Três Poderes terá de se chamar Praça dos Quatro Poderes”, afirmou. Sobre a redução do papel dos bancos públicos, Dilma afirmou que programas do governo seriam colocados em risco. "O governo coloca subsídio entre 90% e 95% (no Minha Casa, Minha Vida). Passa isso para banco privado e nunca esse país vai ver uma casa para os mais pobres", afirmou. “E eu é que provoco o medo?", prosseguiu. Dilma disse ainda que não basta dizer que quer reduzir o papel dos bancos públicos, "tem que explicar para quanto quer reduzir". "Ela tem um alinhamento claro: tem uma posição favorável aos bancos. Eu não", afirmou. Na sequência, disse que os "bancos são importantíssimos". A petista ainda defendeu suas medidas protecionistas e afirmou que “não é a favor do desmame da indústria”.

Dilma teve também de responder sobre o megaesquema de corrupção instalado na Petrobras e voltou a utilizar o discurso do “eu não sabia”. Sobre o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, delator do petrolão, afirmou: “Foi uma surpresa. Se eu soubesse que ele ela corrupto, estaria imediatamente demitido”. Questionada sobre o fato de Costa ter ocupado o cargo por oito anos – dois deles quando Dilma já estava no Planalto, disse que a indicação dele não foi sua responsabilidade e que o ex-diretor era funcionário de carreira da estatal, portanto, tinha credenciais para o cargo. “O que eu escolhi é responsabilidade minha (referindo-se a diretores nomeados em seu governo). No meu caso, não houve indicação política”. Indicado pelo PP ao posto, Costa assumiu a Diretoria de Abastecimento em 2004, no governo Lula. Não à toa Dilma apressou-se a completar: “E não foi também no caso do Lula”.

A petista voltou a questionar o papel da imprensa na investigação de esquemas de corrupção. Disse que reportagens não produzem provas que possam ser analisadas pela Justiça. E afirmou que a investigação cabe à Polícia Federal e ao Ministério Público. “Quem descobriu esse esquema fomos nós. A PF está subordinada ao Ministério da Justiça, que integra o meu governo”, afirmou. Ainda assim, disse que não tinha conhecimento dos desmandos de Costa na estatal: “Crimes de corrupção não são praticados à luz do dia”. 

Ainda que imersa em escândalos e sustentando resultados preocupantes – a dívida não para de crescer mesmo após a capitalização de 120 bilhões de reais em setembro de 2010 – a Petrobras vai muito bem na visão da presidente. “A Petrobras já se recuperou”, afirmou Dilma. “Será um fator imenso de crescimento para o Brasil. A produção de petróleo é importantíssima para o país”, completou, para encerrar: “A investigação não impede o crescimento da produção de petróleo”.

Foi justamente ao tratar de economia que a irritação da presidente se tornou mais evidente. Ela discutiu com os jornalistas acerca dos números com os quais era questionada. "Não concordo com essa avaliação da situação internacional", afirmou, ao ouvir que países como Chile e Bolívia apresentam crescimento maior do que o brasileiro. Afirmou que a redução do ritmo do crescimento chinês também atrapalha o Brasil. E que a melhora significativa da situação depende dos rumos da economia americana. "A situação no mundo é extremamente problemática", continuou. Ao apresentar dados negativos sobre a Europa, foi abordada com números diferentes, ao que respondeu: "É complicado, fica me cortando".

Biblioteca, não

Dilma: biblioteca, não

Dilma: na sala de jantar

A entrevista de Dilma Rousseff ao Bom Dia Brasil, que foi ao ar há pouco, teve um cenário diferente do habitual. Em vez da biblioteca do Palácio da Alvorada, palco de todas as entrevistas, foi dada na sala de jantar do palácio.

A mudança foi feita às pressas. Câmeras e todo o aparato estavam posicionadas na biblioteca, mas tiveram que ser transferidas depois que o presidente do TSE disse que entrevistas na biblioteca, símbolo de poder presidencial, eram indevidas.

Por Lauro Jardim

 

Cenário

Mercado aposta em alta de apenas 0,30% para PIB em 2014

Pela 17ª semana consecutiva, o relatório Focus trouxe piora das expectativas para o crescimento econômico do Brasil

Há quem já se trabalhe com projeções negativas para a atividade econômica

Há quem já se trabalhe com projeções negativas para a atividade econômica (Koichi Kamoshida/Getty Images/VEJA)

O relatório semanal Focus trouxe pela 14ª semana consecutiva queda na estimativa para o crescimento econômico do Brasil em 2014. Ao passar de 0,33% para 0,30% a expectativa para expansão do Produto Interno Bruto (PIB), o mercado dá claros sinais de que as chances de recuperação no curto prazo são baixas e o indicador se aproxima da estabilidade. Em relatórios individuais de corretoras e bancos, já se trabalha com projeções negativas para a atividade econômica deste ano.  Para 2015, a estimativa é de avanço de 1,01% - na semana passada ela estava em 1,04%.

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Dilma admite condução 'defensiva' da economia na crise

O Focus mostrou ainda pequeno ajuste na projeção de alta do IPCA, índice que mede a inflação, neste ano: a expectativa é que ela feche o ano em 6,30% e não mais 6,29% como esperado na semana passada. Para 2015, passaram a ver inflação oficial em 6,28%, ante 6,29%.

Economistas de instituições financeiras também reduziram a perspectiva de aperto monetário em 2015 e passaram a ver a Selic em 11,25% no final do ano. Por semanas eles mantiveram a expectativa em 11,5% até então, de acordo com pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda-feira. Para este ano, a mediana das estimativas na pesquisa permaneceu em 11%, atual patamar da taxa básica de juros.

Leia ainda: Prévia da inflação acelera para 0,39% em setembro 

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Fonte:
veja.com

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