Quem vota em Campinas, após participar na urna eletrônica da eleição geral, vai decidir se serão criados os distritos do Campo Grande e Ouro. Muitos argumentos consistentes têm sido encaminhados para se cravar o não na urna e reprovar a idéia, mas o blogueiro acredita de que outros fatores devem ser pesados e considerados.
Quem mora em Campinas sabe que as décadas de 1970 e 1980 a cidade visava apenas e tão somente desenvolver a região central e alguns bairros próximos. Quem morava, por exemplo, no Jardim dos Oliveiras, Jardim Amazonas Vila Georgina, Swift e Vila Marieta ou nos bairros localizados próximos a Avenida John Boyd Dunlop poderia se considerar um morador de periferia. Sim, regiões que hoje abrigam boa parte dos investimentos de moradia para a classe média alta já esteve excluída do jogo. Mas antes dos empreendimentos, quem residia nestes bairros sabia que as dificuldades eram tremendas seja para conseguir asfalto, saúde, educação ou conservações das ruas.
O quadro perdurou até que começaram a surgir os Dic´s e os bairros das regiões de Campo Grande e Ouro Verde, que atualmente abrigam 400 mil moradores. Mas sejamos sinceros e honestos: excetuando-se os ex-prefeitos Antonio da Costa Santos e Hélio de Oliveira Santos (sim, ele mesmo!) as duas regiões nunca se constituíram em prioridade absoluta do Palácio dos Jequitibás. Lembro nos meus tempos iniciais de repórter do Diário do Povo quando a turma do Campo Grande e do Ouro Verde descia para realizar uma manifestação alguns encaravam como aliens.
Ou seja, a obtenção de recursos era ( e ainda é) obtida na base da pressão, da mobilização, nunca existe a garantia de que algo será conquistado. Ok, afirmam que os novos distritos serão um cabide de empregos. Mas espere. Se é tão nefasto assim o cabidão por que não encaminham um pedido para exterminar com os empregos por nomeação gerados nos distritos de Souzas, Joaquim Egídio, Barão Geraldo e Aparecidinha? Por que dois pesos e duas medidas? Circulo rotineiramente em Barão Geraldo e dá para dizer que o bairro tem um padrão de limpeza e conservação aceitável. Fruto, acima de tudo, dos serviços feitos pela subprefeitura. E se não existisse? Será que o padrão seria o mesmo diante da necessidade do Palácio dos Jequitibás cuidar de temas complexos e que demandam tempo?
Quanto a especulação imobiliária em virtude do Aeroporto de Viracopos, que a Câmara de Vereadores cumpra seu papel e estabeleça um plano diretor decente ao local.
Resumindo: se existisse a garantia total de que serviços mínimos seriam fornecidos a esses locais sem a presença de uma subprefeitura, tenho certeza que o Não teria meu apoio. Mas diante do histórico do que vi e vivi na cidade de Campinas e pelo seu apartheid social camuflado, chego a conclusão de que a criação dos distritos Ouro Verde e Campo Grande é um mal necessário. Sim por que se o Não triunfar tenho sérias dúvidas que essas duas regiões receberão o carinho e o afeto necessário por parte das outras regiões da cidade. É ver para crer.