Corrupção: Dinheiro ia para PT, PMDM, PP e para chantagista de Lula

Publicado em 09/10/2014 04:55
em veja.com e Folha de S. Paulo

Em VEJA: Corrupção na Petrobras financiou campanhas de PT, PMDB e PP, diz Costa

Em seu 1º depoimento à Justiça após a homologação do acordo de delação premiada, ex-diretor diz que dinheiro de propina foi usado na eleição de 2010

CPI mista da Petrobras recebe ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, no Congresso Nacional, em Brasília (DF) - 17/09/2014

Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras (Ueslei Marcelino/Reuters)

O esquema de corrupção instalado na Petrobras financiou campanhas eleitorais de PT, PMDB e PP em 2010, afirmou o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, nesta quarta-feira, em seu primeiro depoimento à Justiça após a homologação do acordo de delação premiada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Em setembro, VEJA revelou que Costa havia citado em sua delação os três partidos como os principais beneficiários do propinoduto na Petrobras. Em seu depoimento nesta quarta, porém, o ex-diretor avança ao detalhar que o dinheiro do esquema irrigou as campanhas das três legendas nas eleições de 2010.

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Costa depôs durante cerca de duas horas, em Curitiba, no processo da Operação Lava Jato em que é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro desviado das obras da refinaria Abreu e Lima. A operação investiga um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de 10 bilhões de reais.

Reinaldo Azevedo: Depoimento atinge o coração do PT

Segundo O Estado de S. Paulo, Costa disse em seu depoimento que foi indicado para o cargo de diretor de Abastecimento da estatal pelo ex-deputado José Janene (PP-PR), em 2004, com a missão de montar um esquema de pagamento de propinas para políticos. Ele afirmou que 3% dos valores de contratos superfaturados eram divididos entre ele e os partidos. Costa não citou no depoimento nomes de políticos que teriam recebido dinheiro do esquema, mas disse que “muita gente” foi beneficiada. Em sua delação premiada, ele apontou pelo menos três governadores, um ministro, seis senadores e 25 deputados federais como beneficiados pelas verbas desviadas, conforme revelou VEJA

Em VEJA: Costa revela nomes dos beneficiários do esquema na Petrobras

De acordo com o jornal, o ex-diretor indicou ainda os nomes de outros três diretores da Petrobrás que, segundo ele, faziam parte do esquema. Além disso, ele declarou ter recebido "pessoalmente" 500 mil reais do presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Costa também afirmou em depoimento que outras diretorias da Petrobras estavam envolvidas na corrupção e que os líderes do esquema eram "agentes políticos". Segundo ele, as empreiteiras que não pagavam propina não participavam dos contratos.

(Com Estadão Conteúdo)

Na FOLHA: Desvio em estatal irrigou 3 partidos, diz ex-diretor

Em depoimento à Justiça Federal, Paulo Roberto Costa afirmou que PT, PMDB e PP receberam dinheiro da Petrobras na campanha de 2010

MARIO CESAR CARVALHO e SAMANTHA LIMA (ENVIADOS ESPECIAIS DA FOLHA DE S. PAULO A CURITIBA)

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse à Justiça Federal nesta quarta-feira (8) que desvios de obras da Petrobras irrigaram as campanhas de três partidos nas eleições de 2010, segundo o advogado Antonio Augusto Figueiredo Basto, que defende o doleiro Alberto Youssef e acompanhou a audiência nesta quarta, em Curitiba.

Segundo a Folha apurou, o executivo se referia ao PT, ao PMDB e ao PP.

O dinheiro do suborno, de acordo com o ex-diretor da estatal, correspondia a 3% dos valores líquidos dos contratos. Esse percentual era dividido entre o próprio Costa e partidos políticos, segundo advogados que acompanharam o interrogatório.

Costa foi nomeado para o cargo em 2004, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e demitido em 2012 por Dilma Rousseff. Ele foi indicado pelo PP, por sugestão do deputado José Janene (PP-PR), apontado pela PF como parceiro de Youssef. Depois conquistou o apoio do PT e do PMDB.

A acusação sobre as campanhas políticas foi feita no primeiro depoimento à Justiça após Costa ter feito acordo de delação premiada com procuradores da Operação Lava Jato, que investiga esquema de lavagem de dinheiro.

No acordo, ele prometeu revelar o que sabe em troca de uma pena menor. Costa deixou a carceragem da Polícia Federal no último dia 1º e está em prisão domiciliar em sua casa, no Rio de Janeiro.

No depoimento desta quarta, afirmou ter sido nomeado pelo cargo já sabendo que teria de levantar recursos ilícitos para os partidos, segundo o advogado Basto.

O executivo disse que o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, ligado ao PMDB, também teria participado de irregularidades --afirmou ter recebido R$ 500 mil de Machado.

Segundo o depoimento de Costa, três ex-diretores da Petrobras fizeram parte do esquema: Nestor Cerveró, Jorge Zelada e Renato Duque.

No interrogatório, ele relatou ter recebido dinheiro da Odebrecht no exterior e citou os nomes dos diretores Márcio Farias e Rogério de Araújo como seus contatos, mas não explicitou valores. A Folha revelou que a empreiteira pagou US$ 23 milhões ao executivo em contas na Suíça.

Costa citou o nome do ex-ministro José Dirceu ao afirmar que ele nomeou Duque para a diretoria de Serviços e Engenharia da Petrobras. Segundo ele, todas as diretorias eram indicadas por políticos.

Alberto Youssef, que também prestou depoimento nesta quarta, confirmou que planilhas apreendidas pela Polícia Federal em seu escritório se referiam a suborno na obra da Refinaria Abreu e Lima, segundo ele pago pelo CNCC, consórcio liderado pela Camargo Corrêa.

O doleiro também fez um acordo de delação premiada. O consórcio CNCC detém o maior contrato da obra da refinaria, de R$ 3,4 bilhões.

Costa e Youssef citaram mais de uma dezena de executivos de empreiteiras com quem mantinham contatos.

Youssef, ainda segundo Basto, disse que o grupo político que nomeou Costa era tão forte que segurou a pauta do Congresso por três meses, impedindo votações, até que ele ganhasse o cargo de diretor de abastecimento da estatal.

Youssef comentou que essa força no Congresso havia impressionado o presidente Lula. Basto afirmou que Youssef e Costa não eram os líderes do grupo, mas seguiam ordens de políticos.

Os dois depoimentos confirmaram a principal acusação da Polícia Federal, segundo advogados: a de que Costa e Youssef operaram um esquema de desvio de recursos em obras da estatal que alimentou partidos políticos.

Os citados no depoimento negaram com veemência as acusações feitas pelo ex-diretor.

Em VEJA desta semana

Exclusivo: Paulo Roberto Costa começa a revelar nomes dos beneficiários do esquema de corrupção da Petrobras

Sergio Cabral, Roseana Sarney, Eduardo Campos, Renan Calheiros e Edison Lobão estão entre os citados nos depoimentos do ex-diretor da Petrobras

Rodrigo Rangel

Atualizado às 4h42.

Preso em março pela Polícia Federal, sob a acusação de participar de um mega esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras Paulo Roberto Costa aceitou recentemente os termos de um acordo de delação premiada – e começou a falar.

No prédio da PF em Curitiba, ele vem sendo interrogado por delegados e procuradores. Os depoimentos são registrados em vídeo — na metade da semana passada, já havia pelo menos 42 horas de gravação. Paulo Roberto acusa uma verdadeira constelação de participar do esquema de corrupção.

Entre eles estão os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA). Do Senado,  Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, e Romero Jucá (PMDB-RR), o eterno líder de qualquer governo. Já no grupo de deputados figuram o petista Cândido Vaccarezza (SP) e João Pizzolatti (SC), um dos mais ativos integrantes da bancada do PP na casa. O ex-ministro das Cidades e ex-deputado Mario Negromonte, também do PP, é outro citado por Paulo Roberto como destinatário da propina. Da lista de três “governadores” citados pelo ex-diretor, todos os políticos são de estados onde a Petrobras tem grandes projetos em curso: Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio, Roseana Sarney (PMDB), atual governadora do Maranhão, e Eduardo Campos (PSB), ex-governador de Pernambuco e ex-candidato à Presidência da República morto no mês passado em um acidente aéreo.

Paulo Roberto também esmiúça a lógica que predominava na assinatura dos contratos bilionários da Petrobras – admitindo, pela primeira vez, que as empreiteiras contratadas pela companhia tinham, obrigatoriamente, que contribuir para um caixa paralelo cujo destino final eram partidos e políticos de diferentes partidos da base aliada do governo.

Sobre o PT, ele afirmou que o operador encarregado de fazer a ponte com o esquema era o tesoureiro nacional do partido, João Vaccari Neto, cujo nome já havia aparecidao nas investigações como personagem de negócios suspeitos do doleiro Alberto Youssef. 

Conheça, nesta edição de VEJA, outros detalhes dos depoimentos que podem jogar o governo no centro de um escândalo de corrupção de proporções semelhantes às do mensalão. 

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Operação Lava Jato

Meire Poza, o chantagista e a mala de dinheiro

Em depoimento à CPI da Petrobras, a contadora da quadrilha do doleiro Alberto Youssef confirmou que o PT pagou com dólares o mensaleiro Enivaldo Quadrado, e que o esquema de seu patrão movimentava grandes quantias de dinheiro – inclusive em malas

Robson Bonin e Adriano Ceolin
Meire Poza na CPI Mista da Petrobras, em 08/10/2014

Meire Poza na CPI Mista da Petrobras, em 08/10/2014 (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

Meire Poza, a ex-contadora do doleiro Alberto Youssef,  revelou nesta quarta-feira à CPI da Petrobras que foi três vezes, em maio, junho e julho deste ano, pegar dinheiro com um militante do PT a pedido de Enivaldo Quadrado, um dos condenados no escândalo do mensalão. Em duas ocasiões, recebeu um pacote de reais. Em outra, dólares.

No mês passado, VEJA revelou que o mensaleiro Enivaldo Quadrado estava chantageando o PT. Ele ameaçava revelar que, em 2004, o partido comprara por 6 milhões de reais o silêncio do empresário Ronan Maria Pinto, que — em outra chantagem — ameaçava envolver o ex-presidente Lula, o ministro Gilberto Carvalho e o ex-ministro José Dirceu no assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santa André.

O que assustava os petistas era a possibilidade de Enivaldo desvendar para a Polícia Federal todo o significado de um documento apreendido no escritório do doleiro — um contrato mostrando que os tais 6 milhões de reais exigidos em troca do silêncio foram efetivamente transferidos para Ronan Maria Pinto em 2004. 

Meire Poza contou que foi três vezes à casa do jornalista Breno Altman, militante do PT e amigo do também mensaleiro José Dirceu, buscar “parcelas” equivalentes a 15.000 reais mensais. O dinheiro, de acordo com o depoimento prestado nesta quarta pela contadora, teria sido usado por Quadrado para quitar a multa imposta pela Justiça pelo seu envolvimento no escândalo do mensalão.

Reprodução/VEJA

Dólares entregues pelo PT à contadora Meire Poza para que ela os encaminhasse ao mensaleiro Enivaldo Quadrado

A VEJA, no entanto, Meire Poza disse que Enivaldo Quadrado, seu amigo e parceiro de negócios, revelou que o contrato dos 6 milhões “era seu seguro de vida contra o PT”. Quando a polícia desencadeou a operação Lava Jato e apreendeu o documento com Alberto Youssef, ele viu a chance de ganhar um pouco mais com seu silêncio.  A foto do maço de dólares (veja ao lado), dinheiro entregue por Breno Altman a Meire Poza no último encontro entre os dois, foi tirada por um dos envolvidos na transação como garantia de que o compromisso fora de fato cumprido.

O tesoureiro do PT, João Vaccari, segundo a contadora, era o encarregado de administra o silêncio de Enivaldo Quadrado.

Na primeira vez que esteve na casa de Breno Altman, Meire Poza conta que nem chegou a entrar. O envelope com dinheiro foi repassado ainda no portão. Depois, no segundo encontro, o próprio Breno recebeu a contadora na sala da casa dele para fazer o pagamento. A conversa, segundo a contadora, foi gravada. Nela, preocupado, Breno disse que seria preciso encontrar uma forma de forjar uma operação financeira para esquentar os pagamentos. A sugestão do petista foi simular a venda de um carro. Enivaldo Quadrado tem uma revenda de veículos em Assis (SP).

As chantagens assombram o PT há tempos. Em 2012, o publicitário Marcos Valério prestou um depoimento à Procuradoria da República, em que revelou que Ronan Maria Pinto chantageou a cúpula do PT. Ele queria, segundo Valério, 6 milhões de reais para não comprometer Lula, o ministro Gilberto Carvalho e José Dirceu na morte do ex-prefeito de Santo André. Valério, então operador do mensalão, contou que  foi procurado pelos petistas para providenciar o dinheiro. 

O contrato apreendido com Youssef em 2014 mostra que Marcos Valério ajudou a levantar a quantia – e dá veracidade às informações prestadas por ele aos procuradores dois anos antes.

Malas — Meire Poza também falou sobre o esquema montado pelo doleiro para recolher dinheiro das empreiteiras que tinham contratos com a Petrobras e distribuir a políticos. Na entrevista a VEJA, ela deu detalhes de como funcionava a engrenagem de corrupção. Foram horas de conversas, entrevistas gravadas e mensagens trocadas, nas quais ela confirma que malas e malas de dinheiro circulavam nas mãos de Youssef.

Indagada por parlamentares sobre essa intensa movimentação de dinheiro, primeiro ela disse que não havia falado isso. Na sequência, porém, confirmou a circulação de grandes quantias e o repasse aos políticos, exatamente como estava descrito na entrevista — e em malas.

A contadora relatou  um episódio em que Youssef a convidou para fazer uma entrega: "Virei para olhar e tinha uma mala no banco do carro." Na entrevista a VEJA, a contadora calculou que havia algo entre 2 e 3 milhões de reais dentro do carro.

A contadora disse que o doleiro guardava grandes quantidades de dinheiro em seu escritório, em São Paulo. Relatou, ainda, que  aos deputados André Vargas, ex-PT, e Luiz Argôlo, SDD, receberam pagamentos do esquema. Ambos estão respondendo a processo de cassação de mandato na Câmara.

A seguir, a transcrição do trecho do depoimento de Meire Poza que fala da traficância de dinheiro em malas: 

O SR. MARCO MAIA (PT - RS) – A revista Veja atribuiu a seguinte frase à senhora: "O Beto lavava o dinheiro para as empreiteiras e repassava depois aos políticos e aos partidos. Era mala de dinheiro para lá e para cá o tempo todo". A senhora disse isso?

A SRª MEIRE BONFIM DA SILVA POZA – Não.

O SR. MARCO MAIA (PT - RS) – Se sim, quem eram os políticos envolvidos, quais eram as empreiteiras e de onde viriam os recursos repassados?

A SRª MEIRE BONFIM DA SILVA POZA – Talvez exista um exagero de colocação na frase. Isso não foi dito. Algumas situações que vi,que presenciei foram, por exemplo, numa determinada situação... Eu sei precisar a data porque existe outro fato ligado a isso, que foi em janeiro de 2014, eu estava indo para a GFD quando o Sr. Alberto estava saindo da empresa de carro e me pediu para que o acompanhasse. Ele falou: "Eu vou só até ali". Eu falei: "Está bom". Entrei no carro e falei: "Até ali aonde?" Ele falou: "Vou até ali, na Avenida Angélica". Nós estávamos no Itaim Bibi, eu falei: "Poxa". E eu tinha outro compromisso, que é realmente o que me faz recordar disso. Aí falei: "Não, mas não posso ir lá com você. Você vai demorar?" Ele falou: "Não, só vou entregar isso aqui". Virei para olhar e tinha uma mala no banco do carro. Falei: "O que que é isso?" Ele falou: "É um dinheiro que tenho que levar na OAS, mas é rapidinho. Só vou entrar, entregar o dinheiro e sair". Na ocasião, não fui com ele, pedi para que ele me deixasse no Conjunto Nacional, na Rua Augusta, em São Paulo, resolvi os meus problemas, ele foi até lá, na volta ele me pegou na Rua Haddock Lobo e retornei com ele. Então, isso é fato. Eu via muita movimentação de dinheiro a partir de 2013, que é quando ele se mudou para a GFD. Antes disso, não. Então, existia movimentação de dinheiro lá dentro da GFD. Era dinheiro que chegava e era colocado no cofre, era dinheiro que s

Contadora diz que ex-ministro indicou empresa para doleiro

Em depoimento à CPI da Petrobras, Meire Poza voltou a proximidade e os negócios do doleiro Alberto Youssef com o ex-ministro Mário Negromonte

Marcela Mattos, de Brasília
Meire Poza na CPI Mista da Petrobras, em 08/10/2014

Meire Poza na CPI Mista da Petrobras, em 08/10/2014 (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

Meire Poza, ex-contadora de Alberto Youssef, voltou a levar o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte para o centro das denúncias da Operação Lava Jato da Polícia Federal. De acordo com Meire, o ex-ministro e ex-deputado pelo PP indicou para o doleiro Alberto Youssef a compra de uma empresa de rastreamento de veículos de Goiânia (GO). Youssef está preso desde março deste ano acusado de ser um dos pivôs de megaesquema de lavagem de dinheiro.

Em depoimento à CPI Mista da Petrobras nesta quarta-feira, a ex-contadora disse que Youssef comprou a empresa Controle Monitoramento de Veículos após indicação do ex-ministro. “Haveria uma aprovação do Denatran para que os carros saíssem já com dispositivo para monitoramento. Só existiam cinco empresas homologadas para prestar esses serviços junto ao Denatran. E essa empresa que foi indicada em Goiânia era uma das empresas homologadas”, disse. O Departamento Nacional do Trânsito (Denatran) é um órgão vinculado ao Ministério das Cidades.

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Negromonte já havia sido citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa como um dos integrantes do esquema, mas negou relação com o doleiro. Em 2012, ele foi demitido após ser acusado de pagar mesada de 30.000 reais a deputados do PP. Ainda assim, foi escolhido neste ano como conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) da Bahia. O filho do ex-ministro Mário Negromonte Júnior foi eleito como o segundo deputado federal mais votado na Bahia nas eleições deste ano.

À CPI, Meire relatou a proximidade entre Youssef e o ex-ministro. Segundo a ex-contadora, Negromonte frequentava um restaurante em São Paulo que Youssef teria dado para uma mulher chamada Taiane, suposta amante do doleiro e assessora da deputada Aline Corrêa (PP-SP). “Estive várias vezes lá com ele”, ressaltou. O irmão do ex-ministro também foi citado pela contadora. Meire reafirmou que Adarico Negromonte Filho era responsável por carregar as malas de dinheiro oriundo de propina.

A contadora reafirmou que a empresa de GFD, de Youssef, não exercia nenhuma atividade real além da emissão de notas frias – somente ela emitiu 7 milhões de reais em notas falsas -, e que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa se reuniu na companhia com o doleiro. Quatro empresas foram apontadas como clientes da GFD: Mendes Júnior, Sanko Sider, Engevix e Paranasa.

Meire Poza é considerada testemunha-chave da Operação Lava Jato da Polícia Federal, que levou Youssef à prisão. Ela prestou serviços ao doleiro por mais de três anos e afirma que recebia 15.000 reais mensais. A contadora era responsável por manusear notas fiscais frias, assinar contratos de serviços que jamais foram feitos e montar empresas de fachada destinadas à lavagem de dinheiro. Nesse período, ela viu malas de dinheiro saindo da sede de grandes empreiteiras e chegando às mãos de notórios políticos.

PMDB – Embora tenha sido convocada a prestar depoimento como testemunha, parlamentares aliados ao governo tentaram enquadrar Meire como acusada. O líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), anunciou que vai apresentar requerimentos para que o colegiado aprove a quebra de sigilo fiscal e bancário da contadora e a chame para novo depoimento no papel de investigada. “Nós estamos aqui com uma fornecedora de nota fria para um esquema de lavagem de dinheiro. É o que está aparentando. Pode até ser equivocada a minha informação, mas, se ela admitiu a emissão de 7 milhões de reais em nota fria, é ré confessa. Então, tem de ser tratada como investigada”, disse o parlamentar.

No início da sessão, outro deputado do partido, Lúcio Vieira Lima (BA), tentou blindar as denúncias de Meire pedindo para que a sessão se realizasse a portas fechadas. O PMDB tem especial interesse em abafar o caso: seus grandes caciques, como os presidentes da Câmara, Henrique Alves (RN), e do Senado, Renan Calheiros (AL), foram citados por Costa como beneficiários do esquema de lavagem, além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.  

No Estadão: Ex-contadora de doleiro diz ter repassado dinheiro para pagar multa do mensalão

Meire Poza afirmou à CPI mista que investiga a estatal que visitou jornalista durante três meses para pegar dinheiro que seria usado para Enivaldo Quadrado quitar sua dívida com a Justiça

 Brasília - A contadora Meire Poza confessou nesta quarta-feira, 8, em depoimento à CPI mista da Petrobrás, ter repassado dinheiro para pagar a multa de um condenado no processo do mensalão. Ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire disse que foi à residência do jornalista Breno Altman durante três meses para pegar em cada oportunidade R$ 15 mil em dinheiro vivo. Esses recursos eram entregues, segundo ela, para o sócio da corretora Bônus Banval Enivaldo Quadrado, que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro.

Dida Sampaio/Estadão

Meire afirmou que pegou os recursos diretamente no portão da casa do jornalista Breno Altman

Quadrado foi punido pelo STF à pena de três anos e seis meses de prisão e a uma multa de R$ 28,6 mil, à época da condenação em 2012 e cujo valor foi atualizado posteriormente. Meire disse que os recursos serviram para pagar a multa do sócio da corretora Bônus Banval.

A contadora afirmou que pegou os recursos em espécie no portão da casa do jornalista nos meses de maio, junho e julho deste ano. "Em relação a esses R$ 15 mil, ele (Breno Altman) dizia que o PT estava pagando a multa do mensalão", afirmou ela, inicialmente, em resposta a pergunta feita pelo líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR).

Posteriormente, contudo, Meire disse, em resposta a questionamento feito pelo deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), que o jornalista não sabia o origem do recurso. Como fala na qualidade de depoente, ela não pode mentir à CPI. Se o fizer, pode ser processada por crime de perjúrio e sair presa do depoimento.

A ex-contadora de Youssef afirmou que a pena de Enivaldo Quadrado foi convertida em prestação de serviços à comunidade, a qual ele começou a cumprir a partir de maio deste ano em Assis (SP). Foi por isso que, segundo Meire, Quadrado pediu a ela para que buscasse esses valores na casa de Altman em São Paulo para levá-lo a ele, em Assis.

Meire disse que conhecia Quadrado desde 2009, na época em que ele trabalhava em uma corretora de valores. Ela destacou que dividia com Quadrado metade dos 7% que cobrava de comissão para a emissão dos R$ 7 milhões em notas frias. Em valores, isso dava R$ 122.500 para cada um. Segundo ela, foi Enivaldo Quadrado quem a apresentou a Youssef e, como Quadrado vivia em dificuldades financeiras, ela o ajudava e se considerava uma "espécie" de sócia dele. 

 

Após a confissão da ex-contadora de Youssef, Domingos Sávio disse que a multa do mensalão foi paga com "dinheiro do petrolão". O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) fez questão de mostrar, durante o depoimento de Meire, uma foto do seu tablet em que Breno Altman está ao lado do ex-ministro José Dirceu, também condenado no mensalão.

 

O líder do PPS na Câmara apresentou requerimento para convocar Altman, para depor em uma futura sessão administrativa da CPI.

Duas chantagens — e o elo entre a Lava Jato e o menslão

Em 2012, Marcos Valério, o operador do mensalão, prestou um depoimento em que revelou que o PT usou a Petrobras para levantar 6 milhões de reais para pagar a um empresário que ameaçava envolver o presidente Lula, o ministro Gilberto Carvalho e o mensaleiro José Dirceu no caso do assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel. Dois anos depois, a Polícia Federal apreendeu o contrato de empréstimo que corrobora a informação.

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A CHANTAGEM DE 2014: O contrato de empréstimo foi apreendido no escritório do doleiro Alberto Youssef. Ele prova que a operação clandestina narrada por Valério de fato ocorreu. Enivaldo Quadrado ameaçava ajudar a PF a ligar esses pontos. Para evitar que isso acontecesse, o PT cedeu à sua chantagem.

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A CHANTAGEM DE 2004: No depoimento prestado ao Ministério Público, Marcos Valério contou que, em 2004, foi chamado por Silvio Pereira, então dirigente do PT, para organizar uma operação clandestina: levantar dinheiro para pagar a Ronan Maria Pinto, que ameaçava o presidente da República

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Veja.com + Folha + Es

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