Disputa sobre estatização da processadora de soja Vicentin, na Argentina, continua com protestos no fim de semana

O impasse sobre a processadora de soja Vicentin SAIC na Argentina continua. Neste final de semana, novamente, manifestantes foram às ruas para pedir que o presidente Alberto Fernandez não dê continuidade à estatização da empresa, o que intensificou ainda mais as tensões em torno da pauta.
Na noite do sábado, dia 20 de junho, porém, o presidente argentino se manifestou pelo Twitter e, embora não estivesse se direcionando explicitamente ao protesto do final de semana, deixou claro que está "longe de desistir" das medidas já definidas por ele e sua equipe. "Estou reafirmando minhas convicções, pela saúde da República", disse.
O governo argentino mantém seu plano de adquirir a Vicentin, no entanto, nos últimos dias sinalizou que está analisando uma proposta do governo da província de Santa Fé, Omar Perotti, que prevê o controle da empresa por "canais provinciais" ao invés da estatização completa, como foi anunciado no começo do processo.
Na última sexta-feira (19), o juíz Fabian Lorenzini, que supervisiona a falência do grupo, restabeleceu os executivos da Vicentin e determinou que funcionários do governo que assumiram o controle da empresa por decreto deveriam se afastar para desempenhar apenas um papel de supervisão.
Planta da Vicentin, em San Lorenzo, na província de Santa Fé/Argentina- Foto: Gustavo Saita/AFP via Getty Images

Manifestantes em Buenos Aires no sábado (20) - Foto: Alejandro Pagni/AFP via Getty Images
Em uma entrevista ao portal argentino Revista Chacra, nesta segunda-feira (22), o deputado por Santa Fe, Joaquín Blanco, afirmou que "ao se manter a mesma postura oficial, vamos nos enredar em uma disputa judicial que não se sabe quando termina ou quanto custará a todos os argentinos".
Ainda de acordo com a Chacra, Blanco explica que a proposta do governo de Santa Fé consiste em um projeto de lei concedendo ao poder executivo da província para que possa ser garantida a continuidade das atividades da empresa, que é a maior processadora de soja da Argentina. Mais do que isso, o objetivo é também manter "os princípios do federalismo, legalidade , transparência, soberania econômica, defesa dos trabalhadores e sistema de produção de Santa Fé ", disse ele durante a entrevista.
As opiniões, até mesmo entre líderes do agronegócio argentino, divergem bastante neste momento. A situação é bastante delicada, a dívida da processadora é grande e qualquer passo tem de ser meticulosamente decidido. O que se espera, portanto, é que a disputa seja realmente longa e custosa.
"O caso Vicentin preocupa a todos. Não só por ser um novo ato autoritário do poder do Kirchnerismo, mas também porque ataca, porque coloca em crise um dos pilares do nosso sistema democrático e republicano que é o respeito e a defesa ao direito da propriedade privada. Hoje é a Vicentin, amanhã pode ser você. Ainda mais no campo, este que campo que é o motor do crescimento de nossa província", disse em um vídeo no Twitter o vice-presidente do Conselho Municipal de Rosário, Roy López Molina.
De outro lado, o presidente da Sociedade Rural da Córdoba, Pedro Salas, afirmou em entrevista À Radio Con Vos, que apoiar a Vicentin é "aplaudir quem enganou os produtores". Além disso, complementa dizendo que "é desproporcional" imaginar do que o governo de Alberto Fernández tenha outras intenções por trás da intervenção.
"Nós temos nos colocado em defesa dos produtores, enquanto a empresa, apesar de todos os recursos financeiros, fugiu deles", diz Salas. Assim, o presidente da instituição cordobesa defende um debate político mais amplo para que o melhor seja feito aos produtores rurais.
Com informações da Bloomberg e Revista Chacra
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