"Não tem água", diz gerente de fazenda da Califórnia (USA) forçado a desistir de plantio

Publicado em 18/06/2021 13:44 e atualizado em 20/06/2021 01:26

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(Reuters) - Salvador Parra, gerente do Rancho Burford, no Vale Central da Califórnia, um polo agrícola, está preocupado com a falta de água.

A pior seca do Estado norte-americano desde 1977 obriga Parra a deixar 809 de seus 2.428 hectares sem cultivo e a escavar fundo em busca de água para salvar as lavouras já plantadas.

"Não há muita coisa sendo cultivada aqui, simplesmente porque não tem água. Literalmente, não tem água", contou Parra.

Em um ano bom, o rancho produz de tudo, de alho, cebolas e tomates a alfafa e algodão. Neste ano, Parra precisa de fontes de água emergenciais só para fazer uma lavoura reduzida render uma colheita.

Um dos poços do qual ele depende tem 244 metros de profundidade, "e estamos tendo que bombear até a superfície para podermos irrigar as lavouras".

O sistema de irrigação está custando ao rancho milhares de dólares, mas outras opções estão fora de cogitação, disse Parra.

Ele explicou que a água disponível, que é chamada de água suplementar, é muito cara: 2 mil dólares por 0,4 hectar. O preço normal é de 200-250 dólares por 0,4 hectar.

"Então, dez vezes mais. Não podemos bancar isso."

O custo da seca acabará recaindo no consumidor, disse ele.

"Os consumidores deveriam estar preocupados com alho, cebolas e outras lavouras, porque nesta época do ano que vem eles estarão muito escassos e o custo será mais alto", acrescentou.

A agricultura é uma parte importante da economia da Califórnia, e o Estado é um grande produtor de vegetais, frutos pequenos, castanhas e laticínios.

Alejandro Pena, que tem 54 anos e 35 de trabalho em fazenda, diz que dói ver campos sem cultivo.

"Nos anos em que choveu muito, houve muita beterraba, açafrão, tudo isso. Não havia terra sem plantação, era muito bonito, e agora, onde quer que você olhe, vê toda esta terra arrasada", disse Pena.

A mão de obra do Rancho Burford foi reduzida de 140 para 110, contou ele.

"Se não tem água, não tem trabalho, não tem dinheiro."

Chuvas caem no leste das planícies americanas, com a seca concentrada no Oeste, aponta a Labhoro

Boas chuvas cairam no leste do corredor central do Corn Bealt, neste final de semana, que alcançarm parcialmente o Estado de Iowa. Mas as áreas secas do Oeste não receberam chuvas. O clima seco no Oeste do Corn Belt, principalmente nas Dakotas, Nebraska e oeste de Iowa, recebem chuvas muito abaixo do normal

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Segundo informações do analista Ginaldo de Souza, da Labhoro, o clima ainda é um fator que será considerado pelos traders para a formação de Weather Premium.

Durante essa semana as altas temperaturas registradas, agravaram algumas regiões secas em estados produtores importantes como em Iowa.

-- "Estimamos que na próxima divulgação do Crop Progress, na segunda-feira às 17 horas, deveremos verificar baixa nas condições de lavouras boas e excelentes para milho e soja.

A atualização do mapa GFS desta tarde de sexta-feira continou apontando volumes de chuvas moderadas a fortes em boa parte do Corn Belt, Sudeste e Delta.

Nas Dakotas, Nebraska, Kansas e Planícies do Sul, o modelo indica chuvas abaixo do normal nos próximos 10 dias. 

-- "É muito provável que o mercado vai ser extremamente volátil, quando olhamos as previsões."

Nesta sexta-feira também foi divulgado que a China fechou 3,0 milhões de toneladas de grãos da safra nova americana, e comenta-se que mais 2,8 milhões de toneladas para destino desconhecido.

-- "O que antes relatamos como rumor, acreditamos que seja confirmado em breve a compra chinesa de ao menos 8 cargoes de soja americana, que serão embarcados nos portos do Pacific North West (PNW), estamos falando de pelo menos 480.000 toneladas, safra 2021/22".

Ainda sobre a China, o país irá conceder US$3,1 bilhões em subsídios aos produtores de grãos, visando compensar o mais rápido possível os altos custos de fertilizantes e diesel, para manter os produtores incentivados em produzir uma grande safra.

-- "Essa será mais uma medida tomada pela China, na tentativa de conseguir equilibrar o aumento dos preços das commodities", completa o diretor da Labhoro.

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Fonte:
Reuters/Labhoro

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1 comentário

  • Elvio Zanini Sinop - MT

    Na verdade ; estamos no fim dos Tempos, as Secas provocaram falta de água não sòmente na Califórnia , más também como em quase todo o nosso Brasil. cuidem das Florestas e Nascentes, que a crise Hídrica vai aumetar em cada ano que Passa , e a Maledeta dela fame la ze drio Rivare.

    Bom fim de Semana.

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    • Gilberto Rossetto Brianorte - MT

      Nenhuma gota de água some do planeta. A água só é mal cuidada. Agua sempre existirá. O problema é a qualidade da água, pois muitos dos seres humanos só sabem sujá-la, ... preservar e cuidar são prá poucos.

      As águas dos rios brasileiros são poucos utilizadas e, no final, sem quase nenhuma utilização pois vão correndo para o mar (como se o mar quisesse água doce).

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr Gilberto, acredito que, na região onde você se encontra, pra um poço "caipira" não precisa de mais de 4 metros pra dar água. A não ser no espigão. ... Então, nas regiões onde a exploração de terras ocorre há quase 100 anos, um poço pra dar água tem que ter de 30 ou mais metros de profundidade. Por que isso ocorre? ...

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Bem, já que ninguém respondeu. Vamos ao busílis... O solo coberto por vegetação natural, tem várias espécies de plantas convivendo em equilíbrio. Esse "equilíbrio" é o melhor que a natureza encontrou para aquele habitat ser sustentável. ... ... Áreas de matas têm a capacidade de reter no solo uma chuva de 70 ml em 1 hora, porque nesse solo existem folhas e galhos em decomposição, dessas árvores e, servem de um colchão para que as gotas das chuvas não desestruture os grumos do solo. Ainda há uma metrópole de raízes entrelaçadas em diferentes níveis de profundidade que são verdadeiras vias de absorção de água. Isso sem falar na atividade biológica desse solo, onde os microrganismos são relevantes, também, na absorção e retenção da água. ... ... Existem pesquisas onde a capacidade retenção de águas das chuvas, em áreas de matas X áreas agriculturáveis e, o resultado é bem significativo. ... ... Então, se o solo perde a capacidade de reter água, o lençol freático que "dava água a 3 metros de profundidade", desce o seu nível de água disponível e vai descendo, descendo (é que nem um balde) até chegar aos níveis atuais. ... ... A pesquisa deve urgentemente desenvolver técnicas para que os produtores rurais, façam obras de contenção das águas fluviais em suas propriedades. Mas, sem causar desiquilíbrio no seu entorno.

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    • Gilberto Rossetto Brianorte - MT

      Sr. Paulo ... a noticia que tenho é que minha micro região está sendo usada para agricultura/pecuária faz +- 30 anos. Os primeiros poços deram água com 25/30 metros, mesmo dentro da mata nativa. Se furar um poço hoje a profundidade continua a mesma 25/30 metros. A região é basicamente plaina e quase toda água é absorvida pelo solo.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Beleza! Acredito que é área de cerradão como muitos chamam. Vamos ver como o lençol freático se comporta para as próximas décadas. Já vi algumas vezes, áreas de lavoura planas no meio do MT que, embaixo de muita chuva, ficavam alagadas. Lógico que estamos falando coisa de 200 ... 300 ml de chuva em pouco tempo.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Pois é, lá pelos idos do final do século XVIII, existiu um químico francês de nome Antoine Lavoisier que, inclusive, ficou conhecido como o "pai da química moderna". E, naquela época ele propôs a Lei de Conservação da Massa ou Lei de Lavoisier. Cujo enunciado é famoso até hoje ... "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma".

      Aí vem a parte mais esdruxula da história. Por sua origem nobre e envolvimento com a monarquia, Lavoisier ganhou fama de corrupto. Durante a Revolução Francesa, ele foi julgado por desvio de recursos públicos, condenado e executado à guilhotina em 8 de maio de 1794, aos 51 anos.

      Esse é o desígnio de todas as revoluções: primeiro destruir para depois ... (a reticências é o signo para indicar omissão de alguma coisa que não se quer revelar).

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