Aprosoja Brasil: “É protecionismo comercial disfarçado de preservação ambiental”

Publicado em 23/11/2021 09:40

NOTA OFICIAL

Protecionismo comercial disfarçado de preocupação ambiental. É disso que se trata a medida anunciada pela União Europeia de restringir as importações de commodities agrícolas sob o argumento de tentar conter o desmatamento. Para a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), a iniciativa é uma afronta à soberania nacional e coloca a conversão de uso do solo permitido em lei na mesma vala comum do desmatamento ilegal, que já é punido pela legislação ambiental brasileira.

Estamos trabalhando há décadas para que a indústria europeia e as tradings que atuam no mercado global de grãos aceitem o Código Florestal (Lei 12.651), que foi aprovado de forma democrática pelo Congresso Nacional em 2012, como regra suficiente para a preservação ambiental. Esta Lei, única no mundo, coloca sob responsabilidade exclusiva dos produtores a preservação entre 20% e 80% de vegetação nativa em suas fazendas, além de topos de morros, cursos d’água e toda sua biodiversidade incluída.

Ocorre que após a União Europeia obrigar o cumprimento de exigências pelas suas indústrias, toda a soja produzida no Brasil passa a ser obrigada a cumprir a regra, independente se será consumida pelas aves e suínos no Brasil ou China.

Sabemos que o foco dos europeus sempre foi a Amazônia e suas riquezas. No entanto, hoje se sabe que mais de 80% do bioma encontra-se preservado, da forma como os europeus encontraram quando colonizaram o País. Além disso, seja por outras leis ou pelo próprio Código Florestal, houve uma blindagem dos 80% preservados, de forma que a produção precisa ser feita nos 20% restantes.

Há estados no bioma amazônico que têm mais de 60% de seu território destinado para Terras Indígenas e Unidades de Conservação, como é o caso do Amapá, que tem 71% da sua área preservada. E o Código Florestal obriga a preservar 80% da propriedade, ou nos casos de ocupação anterior, 50% dela. Não precisa ser nenhum gênio da matemática para concluir que legalmente não se pode expandir a produção nos 80% de floresta.

Em relação ao desmatamento ambiental, as medidas de controle e melhoria da gestão já vêm sendo implementadas pelo governo brasileiro, que recentemente reduziu o prazo para zerar o desmatamento ilegal de 2030 para 2028. Se isso não é suficiente, podemos concluir que as intenções da União Europeia não dizem respeito à preservação ambiental, mas, sim, de uma tentativa de exercer barreiras comerciais contra produtores de alimentos do Brasil para proteger agricultores daqueles países.

Esta tentativa de restringir a produção de alimentos no Brasil trará impacto direto não somente para os brasileiros, mas também aos países que são abastecidos pelo Brasil, entre eles grandes mercados na Ásia, na África e, até mesmo, na própria Europa.

Reiteramos que, se a Amazônia e o Cerrado brasileiro já estão preservados, e que o modelo produtivo no Brasil é apontado pela ONU como solução para a redução do aquecimento global, o que podemos concluir é que se trata de medida de caráter flagrantemente protecionista, com graves consequências para a produção de comida para a sua população e para mais de um bilhão de pessoas que dependem dos alimentos produzidos de forma sustentável. Sugerimos que outros países despertem para isso e se posicionem.

A União Europeia precisa entender que não são mais a metrópole do mundo (dona) e que o Brasil e demais países da América do Sul deixaram de ser suas colônias. Se os europeus estão preocupados com nossas florestas, eles poderiam aproveitar a qualidade de suas terras para replantar também as suas florestas e instituir como aqui a reserva legal e as áreas de proteção permanente dentro das propriedades rurais. Portanto, Respeitem a nossa soberania!

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Aprosoja Brasil

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3 comentários

  • Osler Desouzart Sao Paulo - SP

    Tinha um chefe que dizia "Quem pode mais, chora menos". O Brasil é uma potência do agronegócio situada num país que não conta internacionalmente. Nosso poder de barganha é quase nulo, pois as nossas importações representam pouco para a maioria dos países. Além disso, a tradição da diplomacia brasileira é de ser melhor um mau acordo do que uma boa briga e não retaliamos nem quem nós temos o poder para tal.

    O Macron defendeu invadir o Brasil para ocupar a Amazônia e nossa diplomacia nem chamou nosso embaixador "para consultas". Se bem que os europeus têm muita tradição de colonizar países para trazer sua função civilizadora aos nativos. Basta ver o histórico das suas colonizações e como estão hoje as nações por eles colonizadas.

    Não ameaçamos os nosso vizinhos, não temos nenhuma ideologia que defenda o holodomor (ainda que nas últimas delas a cause), não explodimos inocentes em nome da misericórdia diviona, não estamos construindo armas nucleares e não entramos em guerras pois estamos muito ocupados nos matando.

    Vai daí a pergunta que não permite dúvidas: por que dar doces à criança que se comporta?

    Realisticamente falando...

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Eu gostaria de mostrar o outro lado dessa moeda---Ha mais ou menos uma decada o mercado comum europeu nos exigiu montar um processo de rastreabilidade da carne ------FOI MONTADO E OS CRIADORES BRASILEIROS EVOLUIRAM--CADA DIFICULDADE NADA MAIS E" DO QUE UMA OPORTUNIDADE DE EVOLUIR

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    • Osler Desouzart Sao Paulo - SP

      Suponho que a defesa da internacionalização da Amazônia se insira nessa categoria?

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    • Osler Desouzart Sao Paulo - SP

      Passei décadas vendendo carnes para Europa e competindo com os subsídios deles em vários dos nossos mercados. É verdade que exigências do mercado importador, principalmente japonês, ajudaram-nos a evoluir e aos europeus perder terreno. Dominavam o mercado internacional de carnes e os perderam para nós. Não aceitam bem esse fato.

      Como VP da ABEF conduzimos a primeira causa da OMC contra a U.E. e hoje a ABPA conduz mais uma.

      Acreditar que estão nos fazendo um favor é uma visão míope. São protecionistas de bandeirinha, de cultura, de história e tradição.

      Incidentalmente sou binacional e minha segunda nacionalidade é europeia.

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    • Osler Desouzart Sao Paulo - SP

      Trabalhei em empresa que produzia carnes no Brasil, Europa e USA. Advinhe quem era melhor e mais competitivo? Advinhe quem eram os colegas que pior aceitavam esse fato?

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  • Adilson Dilmar Dudeck Cascavel - PR

    Se não fosse a conspiração da maldita esquerda comunista do Brasil, não ameaçavam a soberania do Brasil tão descaradamente. Só não explicam que sem o Brasil, onde buscarão alimentos para 50% da população mundial que é a produção brasileira.

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  • Virgilio Andrade Moreira Guaira - PR

    Vamos parar de comprar produtos europeus. Chumbo trocado não dói

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    • Petter Zanotti Assis - SP

      A resposta a essa interferência em nossa soberania deve ir além do boicote de produtos europeus: precisamos pressionar as empresas do agro a assumirem uma posição pró-Brasil!

      Precisamos trazer o nacionalismo de volta para nosso dia a dia e cobrar das nossas lideranças essa pauta.

      Brasil acima de tudo!!!

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