CNA reúne especialistas para debater biodiesel e transição energética
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) reuniu especialistas no seminário “Agroenergia: Transição Energética Sustentável, na quinta (24), para discutir os desafios e oportunidades na produção de biodiesel.
O evento promovido pela CNA, Observatório de Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas e Embrapa Agroenergia, ocorreu na sede da Confederação, em Brasília, e contou com a participação de entidades, produtores rurais, especialistas, diretores do Sistema CNA/Senar e presidentes de Federações de agricultura e pecuária dos Estados.
Participaram da abertura o presidente da CNA, João Martins, o deputado federal Arnaldo Jardim, o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso, e o coordenador do Centro de Estudos em Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, Guilherme Bastos.
Arnaldo Jardim, que é presidente da Comissão Especial sobre Transição Energética e Produção de Hidrogênio Verde da Câmara dos Deputados e foi relator da Lei do Combustível do Futuro, falou da importância de iniciativas que unam o setor produtivo com instituições como a Embrapa.
"Essa parceria, sendo intensificada pela CNA, será muito importante para o nosso setor. Temos um papel crescente na transição energética global. Saúdo a todos por esse debate”, disse.
Ainda na abertura do evento, Alexandre Alonso, chefe-geral da Embrapa Agroenergia, também destacou a importância da parceria entre CNA e Embrapa e falou da necessidade de se debater cada vez mais o tema da transição energética.
“Estamos discutindo um biocombustível que é relevante tanto para a agricultura brasileira quanto para um projeto de descarbonização. Sem agricultura não há biocombustíveis.”
Na avaliação do coordenador do Centro de Estudos em Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, Guilherme Bastos, o seminário mostra a contribuição do agro ao setor de bioenergia.
Bastos afirmou que não há conflitos entre a produção de energia e de alimentos e reforçou que é preciso mostrar a força da agricultura brasileira e o potencial do setor na transição energética.
Palestra magna – A palestra-magna foi com o chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroenergia, Bruno Laviola, sobre o tema “Biodiesel: Cultivando Energia”.
Laviola falou da produção do biodiesel no Brasil e no mundo e mostrou as principais matérias-primas como os óleos de soja, de palma e de canola, e sebo animal. De acordo com ele, a produção do biodiesel ainda é concentrada nas regiões Sul e Centro-Oeste do País, mas tem potencial para aumentar no Norte e Nordeste.
“Aos poucos vão sendo usadas matérias-primas mais diversificadas. A diversificação é uma oportunidade de gerar emprego e renda em diversas regiões do país. Uma forma de fazer isso é aproveitar a segunda safra como estratégia para ampliar a oferta”.
Bruno Laviola explicou ainda que o produtor pode fazer rotação da sua produção e com isso gerar matéria-prima para os biocombustíveis. Ele deu alguns exemplos, como usar a canola para segunda safra, principalmente na região Centro-Sul, óleo de palma nas regiões Norte e Nordeste e macaúba no Sudeste, Centro-oeste e Nordeste.
“É possível desenvolver, de forma integrada, agricultura de alimentos, energia, fibras e bioprodutos sem gerar competição por área”, disse. “O biodiesel descarboniza o setor de transportes e ainda contribui efetivamente para a transição energética, além de gerar impacto social positivo”, ressaltou.
Para o chefe da Embrapa, o Brasil tem oportunidade para todas as culturas, mas é preciso investir no desenvolvimento de tecnologias e na escala da matéria-prima.
Painel 1 – O primeiro painel, com o tema " Do campo à transformação: Explorando as matérias-primas do biodiesel " , contou com a participação de Alexandre Pereira, diretor comercial da Biopower; Fábio Júnior Benin, coordenador de PD&I da Be8; e Dioger Teruel, gerente de Pesquisa e Inovação da Acelen Renováveis. A mediação foi feita pela assessora técnica da CNA Eduarda Lee.
Teruel ressaltou a importância do biodiesel como uma grande ferramenta de descarbonização. Ele apontou a macaúba como uma alternativa promissora.
“É uma espécie resiliente, presente em diversos biomas das Américas, e com vantagens sociais, econômicas e ambientais para o Brasil. Apostamos fortemente nesse cultivo como fonte renovável”, afirmou.
Alexandre Pereira reforçou o papel do biodiesel na segurança alimentar e na geração de energia limpa. “O biodiesel brasileiro tem a melhor qualidade do mundo. Mas o setor privado precisa de segurança jurídica e de estímulos claros para investir mais”.
Para Fábio Júnior Benin, o conceito de agroenergia une produção de alimentos e energia limpa. “A indústria de biodiesel fortalece toda a cadeia da soja, por exemplo, e traz perspectivas positivas para pequenos produtores. Isso precisa estar refletido nas políticas públicas”, reforçou.
Painel 2 - O segundo painel, com o tema, “Energia Limpa em movimento: O papel do biodiesel na transição energética”, reuniu Lucas Boacnin, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Argus Media, e André Lavor, CEO e cofundador da Binatural, e foi moderado por Guilherme Bastos, coordenador do Centro de Estudos em Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas.
André Lavor apresentou o modelo de negócios da Binatural, voltado à produção de biodiesel a partir de matérias-primas como resíduos e oleaginosas.
“O setor emprega mais de 2 milhões de pessoas. Além disso, o biodiesel reduz emissões de gases de efeito estufa (GEE), contribuindo para mitigar os impactos dos extremos climáticos que afetam diretamente a produção agrícola”, afirmou.
Lucas Boacnin destacou que a Argus Media atua na análise de mercados e políticas públicas, contribuindo para dar transparência aos preços e tendências no setor de biodiesel. “Esse trabalho é essencial para orientar investidores, produtores e gestores públicos sobre os melhores caminhos para o desenvolvimento da cadeia produtiva”.
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