Contagem de tempo da Selic restritiva por prazo “bastante prolongado” não zera a cada reunião, diz Galípolo

Publicado em 01/12/2025 12:17 e atualizado em 01/12/2025 13:12

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Por Bernardo Caram

1 Dez (Reuters) - O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta segunda-feira que já faz "algum tempo" que a autarquia mantém o termo “bastante” em suas comunicações ao defender uma Selic restritiva por período “bastante prolongado”, enfatizando que essa contagem de prazo não zera a cada reunião de política monetária.

Em evento promovido pela XP Investimentos, em São Paulo, Galípolo afirmou que o BC não tem sinalização sobre o próximo passo para os juros básicos porque segue analisando a evolução de dados a cada encontro do Comitê de Política Monetária (Copom).

“Você está falando assim: o ‘bastante prolongado’, já faz algum tempo que o ‘bastante’ está ali, então você está considerando que faz algum tempo, é isso mesmo", disse ele ao responder a uma pergunta sobre a comunicação do BC. "O ‘bastante’, não é que ele zera a cada nova reunião que a gente escreve, ele não zera a cada reunião."

Galípolo ponderou que, ainda assim, o processo de convergência da inflação à meta está se desenrolando de forma lenta e reafirmou a importância de uma postura conservadora por parte do BC.

O BC passou a defender juros contracionistas por "período bastante prolongado" em junho deste ano, quando fez sua última elevação da Selic no ciclo, a 15% ao ano.

Em julho e setembro, a autarquia manteve os juros básicos em 15% ao ano, reafirmando a necessidade de restrição monetária por período bastante prolongado, mas ainda avaliando se o nível de 15% seria suficiente para levar a inflação à meta.

Em novembro, novamente deixando a Selic em 15%, o BC passou a demonstrar convicção de que esse patamar é adequado para cumprir o objetivo, apontando a necessidade de "manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado".

No evento desta segunda, Galípolo afirmou que a inflação não alcançou a meta e que expectativas e projeções “caem bem menos do que a gente gostaria”, ressaltando que a autarquia vai sempre reafirmar a busca pelo alvo de 3% e pode dar uma "dose maior do remédio" dos juros se necessário.

Ele afirmou que não tem sido simples analisar o mercado de trabalho no país, mas que, usando várias métricas, é difícil contestar que ele está aquecido, ressaltando que dados de emprego e da atividade econômica reforçam necessidade de postura humilde e conservadora da autarquia.

Galípolo avaliou que o tamanho do déficit em transações correntes do Brasil é um indicativo de uma economia "bastante resiliente". Ele também usou como exemplo as vendas da Black Friday no país, que levaram a mais um recorde de transações com Pix na última sexta-feira.

Ele também afirmou que o BC tem se beneficiado da estratégia de incorporar gradualmente os possíveis impactos de medidas fiscais, como fez no caso do plano do governo para impulsionar empréstimos consignados para o trabalhador privado, que acabou gerando um impulso menor do que o esperado pelo mercado.

"Essa é uma é uma dimensão que reforça a gente permanecer nessa postura", disse.

RESERVAS

O presidente do BC disse ainda que a valorização do ouro no período recente aumentou o valor das reservas internacionais do Brasil, embora esse não seja o objetivo inicial da autoridade monetária.

Segundo ele, a autarquia está menos preocupada com a valorização das reservas e mais interessada na diversificação adequada dos ativos.

Galípolo reafirmou que o BC está contente com o sistema de câmbio flutuante e que intervenções cambiais são feitas apenas em casos de disfuncionalidades.

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Fonte:
Reuters

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